Canibal Holocaust – blogueiro comendo blogueiro

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Neste post do MeioBit, o Leo comenta sobre um fenômeno interessante, relatado pelo Fábio Seixas: Blogueiro gosta de falar de blogueiro. Mal tudo bem, eu entendo. (quando a mula do Marco Aurélio vai voltar a escrever direito?) mas gostam mais de falar bem, discutir a própria condição, formando quase um manifesto antropofágico autoperpetuante e dinâmico. Isso é bom? Ou será que logo isso vai degenerar, e ao invés de comer blogueiros logo nos dedicaremos à autofagia, algo como dar um espelho de presente para Onan?

bigwoman1.jpgMantendo a metáfora com sacanagem, se você amplia seu leque de opções, tem oportunidade de se envolver com coisas grandes, coisas pequenas, todo tipo. Um blogueiro que fale sobre assuntos que vão além de seu umbigo virtual, que passa suas experiências e seu conhecimento tem boas possibilidades de sucesso.

Já se você restringe o blog a ele mesmo, bem, como todo discípulo de Onan sabe, na melhor das hipóteses a coisa só cresce até certo ponto.

Discutir a blogosfera só interessa a blogueiros, e embora pareça que todo mundo no Brasil tem um blog, um fotolog, uma comunidade no Orkut e um amigo no Big Brother, na prática não é assim.

O Fábio Seixas comentou que só os posts sobre blogueiros são comentados. É verdade. Isso prova o que todo usuário de BBS já sabe faz tempo: As pessoas são envergonhadas, gostam de ficar corujando. Não é o caso de, como comentou a Jacqueline, ou o Doufer, que só comenta quem tem conhecimento de causa.

Isso nunca impediu nossos 150 – digo, 149.999.999 de técnicos de comentar, qualquer mesa de bar é um show de opiniões mal-embasadas. Todo mundo tem opinião sobre tudo. “Você acha que a vinculação do mercado de derivativos ao NASDAQ pode afetar a liquidez do BACEN no próximo ano fiscal?” Pode sair perguntando. Ninguém tem a decência de dizer “não sei”.

A diferença é que a palavra escrita assusta quem tem mais de cinco neurônios. Há dificuldade em se expressar. Abaixo de cinco, claro, ninguém tem simancol. Assim é possível a vegetais superiores postarem comentários como:

gostaria se possivel vc mandassi o codego para q eu possa destravar o meu celular o modelo deli e { c115}

Quem tem noção de que isso não é português, mas não se sente seguro, não posta. Quem não consegue organizar seu pensamento de forma coerente (mesmo pra si) não posta. Quem não se interessou pelo assunto o bastante para fazer uma pergunta, não posta. Quem acha que estará apenas chateando ao postar um “que legal, gostei” não posta. Quem acha que o blogueiro não vai aceitar um “não gostei” não posta.

Em resumo: Quem não está acostumado a mandar carta para jornais em geral não vai comentar em blogs.

É uma cultura nova, que ainda está começando. É natural que os blogueiros sejam quem mais comentam, também é natural que comentem mais sobre o assunto que mais lhes atrái; blogs. Com o tempo comentam sobre outros temas, a sessão de comentários no De Gustibus, excelente blog de economia, é excelente, assim como os comentários d’A Companhia.

O que mais estimula um comentário de um visitante de fora da blogosfera?

Polêmica!!!
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Meu post com o vídeo do bispo macedo é recordista, minha fonte de risos toda manhã. O post sobre a Fleur Delacour pelada, onde digo que não gosto de Harry Potter tirou um monte de pré-adolescentes da toca. O Jesus Cristo era Gay? rendeu até ameaça, de gente que não leu o texto.

Aparentemente as pessoas se sentem mais compelidas a postar protestos do que outro tipo de opinião. . O próprio John Dvorak admitiu outro dia que de vez em quando faz uns posts polêmicos de propósito. Eu entendo. É divertido, sempre conto que o comentário mais furioso virá de quem não se deu ao trabalho de ler o texto… vide meu artigo Morte aos Gays

A tendência, claro, é que a quantidade de comentários e posts aumente e se diversifique. Uma hora ninguém tem mais nada a dizer, vide os fóruns de séries que entram em recesso por seis meses. Lembre-se, algum tempo atrás blog era coisa de miguxas apenas, hoje já há vários blogueiros lançando livros e gente de respeito na mídia tradicional complementando seu trabalho com blogs.

Fica aqui a recomendação: Blogueiro, fale sobre o que você quiser falar, não se restrinja à blogosfera, nem como assunto nem como platéia. Não se preocupe tanto com comentários. Veja os contadores de visita, use um serviço detalhado como o do Google ou o da Performancing. Usuário de WordPress, use o WP-Stattraq, ainda é o melhor plugin de estatística.

Continue escrevendo, acompanhe quem lê você, não se preocupe com comentários. Com o tempo, se você escrever, eles virão.

Vide o meu post mais bem-sucedido dos últimos dias, com um raro filme de propaganda americano sobre o Brazil nos anos 40. Publicado 6 de junho. Gerou 6872 page views, sendo que desses somente 13 geraram comentários. Estou decepcionado? Longe disso, fico admirado e orgulhoso de ter descoberto algo que é interessante para tantos visitantes.

Afinal, coruja também é gente.

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