Como tem Jesus no Twitter

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Eu confesso, estou começando a gostar do Twitter. Está sendo um processo demorado, não foi como aceitar que o Flickr é uma rede social. Bastou o Interney balançar a mão dizendo “O Flickr é uma rede social” e eu acreditei (mas ainda não achei os andróides que estava procurando). Já o Twitter, sua condição de rede social sempre foi evidente, talvez por isso eu tenha tanta implicância com o serviço.

É o termo “social”. Eu defendo que a única coisa com “social” no nome que funciona se chama elevador. Só perde para “democrático”, quando usado por brasileiros.

Mesmo assim o Twitter tem se mostrado bem útil, seja para discutir a questão do BlogBlogs, seja para marcas chopps, seja para acompanhar em tempo real o ataque terrorista em Mumbai. A cada 5 segundos, 80 mensagens de Twitter eram enviadas sobre o assunto.

Esse último caso aliás foi um show, o Twitter passou a perna em TODA a mídia tradicional. Os heróis da cobertura foram Twitter e Flickr. A ponto de uma jornalista da CNN, uma rede tradicionalmente adepta de novas tecnologias, citar Tim Mallon, um blogueiro claramente com medo de se tornar irrelevante:

Eu comecei a ver o lado feio do Twitter, longe de ser uma versão de notícias oriundas das multidões, ele é na verdade baseado em turbas e abastecido por boatos, em uma câmara incoerente de tweets, re-tweets e re-re-tweets. Durante uma hora eu acompanhei o Twitter e havia uma enorme diferença entre as estimativas de mortos e feridos, chegando a 1000.

Bem, caro dino-blogueiro, é isso que acontece quando você está no olho do furacão. A gente conta o que sabe, o que houve, o que vê. Quer a Big Picture? Boa sorte. No caso do acidente da Gol eu vi o número de mortos subir e descer o dia inteiro, a Velha Mídia tinha tantos problemas em apurar os números quanto qualquer um. Isso se chama CAOS e CONFUSÃO, faz parte de situações envolvendo acidentes, atentados terroristas e tsunamis.

Então, blogueiros com medo da obsolescência e jornalistas da CNN com ciuminho à parte, o Twitter já disse a que veio. Mas e os twiteiros?

Eu tenho visto um fenômeno que me preocupa: Os twitteiros estão mais preocupados em gerenciar seu número de seguidores do que expor suas idéias, fazer suas gracinhas ou mesmo descrever seu almoço.

Os trolls falam que os blogueiros pensam o tempo todo em cliques. Se eu escrevo algo que UM idiota discorda o sujeito desqualifica meu blog inteiro dizendo que ao discordar dele estou apenas atrás de “polêmica barata”. O fato de ter citado o acidente da Gol três parágrafos acima é o suficiente para gente pensar (não que eu considere quem imagina essas coisas gente, nem que pensem) “ahá, caça-paraquedistas!”. TUDO no blog que não for absolutamente pasteurizado, inócuo, branco-gelo e sem-sal é “caça-paraquedistas”.

Eu repito, sugiro e conclamo os blogueiros a soltarem um VTNC e escreverem o que acharem melhor, DANE-SE se alguém vai achar que é “pensado para atrair salsinhas”. Deixar seu texto ser afetado por causa disso é ruim, muito ruim.

E é exatamente o que todo mundo está fazendo no Twitter.

Perdi a conta de quantas vezes já recebi mensagens privativas dizendo:

Você não tem medo de perder seguidores, depois desse último tweet?

Eu não sou nenhum Messias para ter seguidores. No máximo eu chamo de leitores, e olhe lá. Mas eu sou eu.

Hoje um twitteiro famoso (isso é fundo do poço, Miss Cangaíba perde) estava desesperado pois queria parar de seguir várias pessoas mas teria que “responder por isso”, justificando pessoalmente sua decisão, pois as pessoas iriam perguntar “pq você não me segue mais?”

Ai meu saquinho.

“Followers”, “Seguidores” não são discípulos, cacete. Seguir alguém no Twitter nada mais é que acompanhar o RSS de um blog, o efeito é o mesmo. Ninguém fica se justificando por assinar ou desassinar um blog. Exceto os trolls. “Nunca mais leio esta merda de blog” significa que o sujeito acompanhará religiosamente, para ver se você fala dele.

O ato de acompanhar alguém no Twitter ganhou uma importância grande demais. Bolas, um twiteiro que eu acompanho direto, o Nick Ellis, vive entrando e saindo da minha lista. É mais cômodo colocá-lo no snooze (desassinando temporariamente) do que ficar acompanhando as fases chatas. Sim, todo mundo tem fases chatas no Twitter. Da mesma forma que pulo posts em blogs que gosto, pulo períodos de tempo em twitters que gosto. E ninguém morreu por causa disso, embora o Nick não esteja se sentindo muito bem.

O que não dá é essa preocupação se tornar o foco do Twitter. Eu não acho que seja saudável um monte de gente pensando 5 vezes antes de escrever algo, com medo de perder audiência e cair no ranking do Twiiter.

Aliás, boa dica: Que tal o pessoal da blogosfera vira-lata aproveitar o know-how e macetear também o Ranking do Twitter do Cris Dias?

O microblogging é uma tendência muito legal, é talvez o mais ágil meio de comunicação possível. Mas com 140 caracteres, há muito pouco espaço para se dizer o que é importante, que dirá se fazer de mascarado.



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