Simpsons: Bom demais pra ser jabá?

Compartilhe este artigo!

Depois de -sei lá, uns 30 anos- Os Simpsons estrearam uma nova abertura. Desta vez em Alta Definição, com cores e texturas semelhantes ao alcançado no longa-metragem. Em formato widescreen, a seqüência está cheia de detalhes, desde os mais óbvios, como a televisão deles, que agora é uma LCD tela plana, até coisas rápidas, como a caixa de Senhor Faísca que Marge compra, no mercado.

Ali aliás aparece outro detalhe interessante: Vejam a revista que ela está Folheando:

Pois é: Um anuncio da Vodca Absolut, “Absolut Krusty”.  Ótimo. Tudo a ver com o Universo de Springfield, mas fica a Duvida: Foi pago?

A minha postura costuma ser “tanto faz, ficou bom e isso é o que importa”, mas matutando com meus botões, vi que estou errado. Essa postura é prejudicial.

Não, não vou fazer o velho discurso “morte ao jabá”, defendendo a pureza e a essência de uma série de TV. A questão é outra: SE foi uma inserção paga, foi genial. Foi super-pertinente, sutil e acrescentou à cena.

Em 30 Rock, no episódio desta semana Salma Hayek e Alec Baldwin passam uma cena inteira se deliciando com um sorvete ou algo assim do McDonald’s,  cena que ficou descaradamente apelativa, quase no nível de novelas da Globo, onde o sujeito resolve ir em caixa eletrônico no meio da perseguição de carros, e passa os próximos 10 minutos discorrendo sobre as vantagens do banco.

Espantosamente, Tina Fey, produtora, escritora, etc de 30 Rock declarou que a cena NÃO foi jabá.

30 Rock já teve inserções comerciais ótimas, com direito aos personagens terminarem a cena, virarem para a câmera e perguntarem “podemos receber nosso dinheiro agora?”
O que faz uma cena “real” com um produto ficar com cara de inserção comercial mal-feita?
Preguiça criativa.

Eu já vi mais de uma vez gente falando “ah, isso é jabá, faz de qualquer jeito”. O que até aceito quando é um blogueiro de má-vontade fazendo um post pago para uma agência que levará seis meses para pagar (fato real).

Não acho admissível entretanto que agências de publicidade repitam essa mesma postura.
O cliente está pagando, então vamos ser mais criativos, pô. Não precisa muito. A caixinha de divulgação da nova temporada de Dexter que recebi, é ótima. Uma caixa de papelão, forrada com algodão, um furo embaixo e manchas de sangue. Você coloca o dedo e mostra pros amigos.

Todo mundo brincou disso quando era criança.

Isso gera simpatia, cumplicidade, até.

Nosso papel como telespectadores é estimular a criatividade, prestigiando as boas idéias e apontando os defeitos das idéias ruins. Se a publicidade quer invadir a área de conteúdo das séries, filmes e blogs, que o faça com criatividade.

Se a Tina Fey vai fazer um jabá de Cheetos, que o faça comparando com o genérico mexicano que sua personagem come, Sabor de Soledad. Ficou muito engraçado, mostrou o produto, brincou com ele, e todos saíram ganhando. Inclusive os espectadores.



Compartilhe este artigo!