Resenha: Anjos e Demônios

Compartilhe este artigo!

O trailer

Terra! Ar! Agua! Fogo! VAI PLANETA! OK, não tem Capitão Planeta no filme mas me surpreenderia menos um Dr Manhattan de cuequinha vermelha do que o fato do Ron Howard ter acertado a mão e conseguido fazer um excelente filme, depois do esquecível Código DaVinci.

Na primeira adaptação do Livro de Dan Brown Howard foi fiel ao extremo, dando uma sensação completa de “já vi esse filme” para os leitores. Desta vez ele parou de tratar o Modelo Dan Brown como Escrituras Sagradas. Removeu sem dó Tom Bombadil e vários outros personagens secundários, agilizou a trama e fez algo impensável em Hollywood: Adaptou uma cena de ação para que ficasse menos mentirosa.

O resultado foi um filme bem mais ágil. As resoluções dos enigmas estão mais bem-feitas, Tom Hanks não puxa da cartola resposta pra tudo. Principalmente o filme é iluminado. Descobriram que filmar em uma das mais belas cidades do mundo e só mostrar imagens noturnas e/ou de interiores é meio… desperdício.

A TRAMA

Se você é uma das 5 pessoas do planeta que não leu Anjos e Demônios, vamos lá: É um livro em minha opinião melhor que o Código DaVinci. Transformou os brasileiros em 150 milhões de especialistas em sucessão papal e introduziu o mundo ao termo “Camerlengo”.

No filme um Papa morre, os 4 candidatos favoritos para a sucessão são sequestrados pelos Illuminati, uma antiga e até então extinta ordem secreta, que foi perseguida pela Igreja Católica na Idade Média e estaria agora buscando vingança.

Os Illuminati defendiam a ciência no lugar da religião, e no filme roubam um frasco de antimatéria do Large Hadron Collider para explodir o Vaticano.

Embora a idéia não deixe de me agradar, o filme faz com que fique claro a perda que tal explosão causaria. As igrejas são lindas, as estátuas magníficas. Se uma coisa de bom posso dizer da Igreja Católica é que não só pensam a longo prazo como possuem um magnífico senso estético, completamente ausente do Bispo Macedo e seus templos tenebrosamente feios.

“Todo problema acabou, o simbologista chegou”

Como a Polícia do Vaticano e a Guarda Suiça são impotentes para resolver o caso, chamam Robert Langdon, Simbologista e Detetive Particular, que depois do Código DaVinci virou persona non grata no Vaticano.

Partindo daí é o modelo Dan Brown: Uma mocinha que participou do início da trama mas depois é só adereço de cena, um assassino oculto, conspiração dentro da conspiração… mas quer saber? Fizeram direito.

Melhor Cena Pra Mim

Em minha incrível objetividade jornalística entrei no cinema decidido que UMA cena determinaria se o fllme era bom ou não: Quando Robert Langdon consegue acesso aos Arquivos do Vaticano.

Dá  pra sentir a respiração do Robert Langdon parando, quando ele vê quilômetros de corredores repletos de tesouros históricos, livros não-abertos em centenas de anos, cópias únicas e inestimáveis de autores da antiguidade… a inveja ali foi imensa. Adoraria passar algumas dezenas de anos naqueles arquivos.

Ciência vs Religião
O filme começa com cientistas no LHC em um experimento secreto tentando criar antimatéria. Aparentemente são tão avançados que esqueceram das Leis da Termodinâmica, do contrário perceberiam que gastaram um porrilhão de gigawatts para criar uma quantidade de antimatéria que gerará qalquer quantidade de energia MENOR que um porrilhão de gigawatts, mas tudo bem.

Isso deveria gerar protestos, cientistas ameaçando boicotar o filme, ameaças, certo? Bem, não só a equipe foi muito bem-vinda para filmar no Large Hadron Collider como Tom Hanks foi convidado para religar o Acelerador de Partículas, depois dos reparos concluídos.

Tradição É Tudo

Um dos efeitos interessantes e inusitados do filme é que deixa o espectador com todo um respeito pela Igreja. A Tradição, os Rituais, dá pra entender porque sobreviveram por mais de 2000 anos como instituição. É mais ou menos como o Judaísmo, embora no caso todos os membros preservem ativamente a cultura e os rituais, já com os católicos um monte de gente se diz seguidor mas nem lembra que Papa veio antes de João Paulo II. As Tradições ficam a cargo do Alto Clero.

Mentira Descarada
OK. Temos antimatéria, Ordens Seculares, conspirações, isso eu aceito. O que não dá pra engolir, e é mentirada descarada de Hollywood como quando os personagens têm quatro minutos para ir de um ponto a outro de carro, em Roma, e conseguem. ISSO para quem conhece a cidade, é ficção.

Conclusão
Anjos e Demônios vai mudar a História do Cinema? Não. Isso quer dizer que é ruim? Não. O filme é bom. Achei bem acima do “correto”, em alguns momentos ele empolga, mesmo com a musiquinha de cena de ação pouco inspirada de Hans Zimmer, que já fez coisa bem melhor.

Robert Langdon solta suas informações enciclopédicas sem ser chato, coisa que me irritou muito nos livros de Jô Soares. Ele também faz as piadinhas corretas no timing correto.

O filme é uma agradável mudança de cenário das perseguições em Los Angeles e dos tiroteios em New York, as duas únicas cidades dos Estados Unidos. Vale o ingresso.

Informações
Anjos e Demônios entra em cartaz dia 15 de Maio. mais detalhes no Hotsite oficial. [agora corrigido]



Compartilhe este artigo!