Velha Mídia, Novo Alvo

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Eu sou espectador assíduo do Colbert Report e do Daily Show com Jon Stewart, o Marcelo Tas americano (sic). Todo dia pela manhã acesso os sites e assisto via streaming. Adoro. Os dois, com estilos diferentes fazem humor político e de variedades de primeira linha, sem contar que o Stephen Colbert conseguiu irritar o pessoal da Wikipedia, o que sempre ganha pontos comigo.

Os episódios são disponibilizados online mas não de graça, afinal o Comedy Central não é uma ONG. São monetizados e muito bem monetizados, vejam os banners:

Eu, claro, não sou o único de fora dos EUA assistindo. Há uma audiência considerável, visto que o Comedy Central não passa em muitos países e programas que satirizam notícias só funcionam direito quando são diários -ouviu, Jon Stewart brasileiro?-

A transmissão via web criou um fenômeno que muitos considerariam impossível: A queda acentuada nos torrents. Com a possibilidade de assistir online, no site oficial, com boa qualidade, baixar torrents é besteira. Até para prestigiar o programa, preferíamos a versão oficial.

Agora esse contingente todo tomou na toba e feio:

A explicação oficial, neste post do Forum do programa é que emissoras locais exigiram o bloqueio, pois isso as estaria prejudicando.

A reação da comunidade internacional foi assustadoramente racional, muito pouca gente mandou o bom e velho Fuck You, a maioria argumentou que a transmissão do programa em seus países é inexistente ou muito ruim. Em alguns lugares, como o Brasil o Daily Show só passa aos sábados, meia-noite na Sony. O Colbert Report, nem isso.

Agora imagine: Um público mais masculino, na faixa de 18-34, confortável com Internet e com QI acima da média. Assim como a natureza, nos livros de Michael Crichton, o espectador desses programas sempre acha um caminho. E o caminho é http://www.mininova.org.

A alternativa, que muitos tentaram era acessar via iTunes, baixando para o PC ou direto para o iPod. É uma assinatura paga, mas mesmo assim foi cogitado por muita gente. Infelizmente emissoras, produtoras, gravadoras e estúdios morrem de medo da Apple, suas licenças para o iTunes são draconianas, e esses programas da TV Americana não estão disponíveis. Nem o conteúdo gratuito está.

A situação até agora: Havia dois programas que eu assistia religiosamente, em um site, com anúncios. O site lucrava com minhas visitas, os produtores faturavam na audiência, os anunciantes idem. As redes locais não entravam no bolo, então resolveram melar a brincadeira. Agora eu baixo via Torrent. NINGUÉM ganha.

Será que o lucro da venda para emissoras locais é maior do que conseguem faturar com uma presença online forte? Mesmo que não seja agora, será muito em breve. Ao melar a brincadeira para todo mundo, as emissoras locais estão matando (ou pelo menos atordoando) a galinha dos ovos de ouro das produtoras.

Prevejo que muito em breve teremos um programa mainstream desses que se rebelará. O Mercado Americano é muito maior do que o resto do mundo combinado. É mais interessante para marcas globais uma exibição… global do que trabalhar cada mercado regionalmente. O Stephen Colbert, quando tentou se candidatar a Presidente (pelos dois partidos) foi patrocinado pelo… Doritos. O merchandising durante os programas é inteligente e descarado, e uma fonte de renda importante.

Quando começarem a trabalhar o merchandising pensado globalmente, verão que ele rende mais do que os acordos locais, não gera uma enorme onda de antipatia em gente do mundo inteiro e não joga na cara do espectador coisas como “Não gostamos de onde você mora”.

Em Star Trek foi dito que a forma de entretenimento conhecida como televisão não durou muito além da década de 2040. Eu acho que vai acabar mais cedo. Hoje já é perfeitamente viável viver sem TV (ao menos nos EUA). Sites como Hulu e as próprias redes como CBS, ABC, SciFi disponibilizam seu conteúdo sob demanda.

Nós fazemos nossa própria grade, a única restrição de horário é para os muito ansiosos, que querem consumir o conteúdo assim que ele está disponível. HOJE para quem acompanha notícias e séries a emissora local é um atravessador desnecessário.

Por isso o desespero dos locais, tentando evitar que seu público, mesmo inexistente, fuja para as internetes. É repetição do que acontece com música e jornais.

Não adianta, gente. Gostem ou não, o futuro chegou e vocês estão sobrando.



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