Formato é tudo na vida

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Dentro do balaio “série de TV” há vários formatos diferentes. Alguns seguindo fórmulas rígidas, outros mais soltos. Um episódio D´Os Simpsons é composto de uma historinha introdutória que se resolve no 1o bloco, montando o palco para a história principal. É o arcabouço básico da série.

Já House quase sempre usa a fórmula de iniciar mostrando o paciente tendo o “ataque”, com a jogadinha de montar a situação para sugerir que um personagem é o paciente da semana, para então revelar que é outro, geralmente que está ao lado.

Scrubs tem tinha um dos melhores textos da TV. Experimente narrar seu dia-a-dia no estilo do JD. É quase impossível fazer aquilo em tempo real. É uma série que tem um formato muito próximo de sitcom, mas não tem a trilha de risadas típica.

Por falar em trilha de risadas, esse negócio odiado por todo mundo que se acha intelectual demais para gostar de sitcoms, fica a dica: Ela não existe isolada. Comédia é TIMING, e o texto das sitcoms é intimamente interligado com a trilha de risadas.

Peguemos o exemplo de Big Bang Theory, uma série que faz MUITO sucesso e unanimamente entre quem entende as piadas, muito engraçada. Vejam uma cena SEM a trilha de risadas:

 

Viu como faz falta?

Não quer dizer que a trilha torne as piadas engraçadas, quer dizer que ambas precisam existir para que as piadas engraçadas funcionem. Trilha de risadas com piada ruim continua gerando sitcom ruim.

Portanto o que para algumas pessoas é um incômodo desnecessário, na verdade é um recurso do formato sitcom. O texto é escrito pensando na trilha, a direção é feita pensando na trilha, a edição é feita pensando na trilha. Remover as risadas significaria uma alteração profunda no ritmo do programa, e tornaria sua gravação com platéia impossível.

Tá, mas Yukiko?

Quando vejo gente falando das chamadas “mídias sociais” se dizendo especialista fico imaginando a bagagem que tal especialista deve ter, pois não só precisa entender as mídias como saber gerar conteúdo para cada uma delas, respeitando as limitações e explorando os pontos fortes de cada uma. Sim, escrever em blog é completamente diferente de escrever em Twitter, e é completamente diferente de escrever para podcast.

E não, não aceito especialista de mídia social sem uma presença forte em mídias sociais.

Em publicidade redatores acabam se tornando especialistas generalizados, profissionais de criação capazes de escrever para os mais variados formatos. Em jornalista embora teoricamente o sujeito esteja atrelado a um veículo, os frilas, oficiais ou não fazem com que ele escreva para veículos diversos.

Já nos blogs nós nos acomodamos. Montamos nosso modelo de post (não se engane, a maioria dos meus posts segue a mesma linha) e nos prendemos a ele. Mesmo blogs de variedades caem nos modelos pré-definidos. Com isso perdemos (ou nem ganhamos, se já começamos com blogs) a flexibilidade, a versatilidade de um bom profissional de criação. Isso é muito, muito ruim.

Quem pretende escrever profissionalmente não pode se dar ao luxo de se prender a um modelo, uma fórmula. Exceto se você for o Dan Brown. Por isso recomendo: Diversifique. Escreva textos fora do normal do seu blog. Vale até escrever um podcast só para mudar de ares. Experimente com crônica, reportagem, sátira, frases de feito, diálogos.

Do contrário quando precisar irá descobrir que se tornou blogueiro de uma nota só.



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