Quer investir US$6 mil e faturar US$41 milhões? Sugiro uma mina chilena

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Quando o Buraco do Kassab abriu e engoliu metade de São Paulo a Red Bull tentou uma ação de Marketing de Oportunidade (hoje chamam de emboscada, guerrilha, terrorismo, sei lá) distribuindo seu energético para os socorristas, trabalhadores da obra, todo mundo envolvido na operação de resgate.

A iniciativa é legal, Red Bull é responsável por boa parte dos softwares usados no mundo, o produto funciona e pode significar a diferença entre um socorrista sonolento e um cansado mas atento, ouvindo uma vítima presa sob uma laje (pra piorar, com uma churrasqueira por cima fazendo peso, provavelmente)

Tinha tudo pra dar certo, mas a agência resolveu morder mais do que conseguia abocanhar e mandou um bando de gostosas com roupinha promocional, barraquinhas e o escambau. De Repente, Não Mais que De Repente o que era (de verdade) uma iniciativa super-legal que realmente ajudaria os envolvidos com o resgate ficou parecendo uma tentativa barata de faturar publicidade gratuita em cima da tragédia (o que também era verdade, bem-vindo ao mundo real).

Agora no Chile vimos a História se repetir, mas dessa vez se repetiu direito. Sem o deslumbramento dos emergentes os marketeiros envolvidos fizeram TUDO direito.

Bem antes dos mineiros serem resgatados foi lembrado que eles estariam com as retinas sensíveis, depois de 2 meses em condições mínimas de iluminação. Seria imperativo que eles protegessem os olhos, pois na superfície estariam cercados de holofotes, metafóricos e reais.

Entrou no circuito a Oakley, que prontamente se ofereceu para fornecer na faixa óculos para os 33 mineiros.

Não há o que discutir, os óculos são fodaços, produto de primeira linha. Oferta feita, oferta aceita.

Sem fanfarra, sem gostosona da Oakley, os mineiros receberam pela cápsula os óculos. Foram 33 Oakley Radar, no valor individual de US$180,00, num total de US$5.940,00.

O resultado foi que os mineiros saíram completamente protegidos, mais estilosos que o Bono, seus olhos imaculados e em todos os jornais, sites, programas de TV do mundo, uma história vencedora que se estenderá por muito, muito tempo. Não é preciso setinhas (aprendeu, kibe?), todo mundo vai comentar e todo mundo vai querer “os óculos dos mineiros chilenos”.

Um cálculo da exposição conseguida pela Oakley coloca a mídia gratuita num montante de US$ 41 milhões.

Só para dar uma idéia, a operação inteira de resgate foi avaliada em US$ 20 milhões.

NINGUÉM em sã consciência vai acusar a Oakley de se aproveitar da tragédia para divulgar sua marca (por mais correta que seja a afirmação. De novo, bem-vindo ao mundo).

A lição é que é possível conseguir resultados absurdamente bons investindo muito pouco e ousando muito, só é preciso determinar o ponto exato em que a ambição se torna ganância, e parar um milímetro atrás.

De resto, uma imagem vale mais do que 461 palavras:



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