Para quem acha complicado explicar o Felipe Neto…

Compartilhe este artigo!

Antes de mais nada, dê uma olhada no vídeo abaixo. Clique play, eu espero.

Viu? Concordo, é algo bem idiota, uma japinha meio retardada misturando Mentos com Coca-Cola, gerando o efeito esperado e dizendo “nhéqui-nhéqui”.

Esse vídeo é o Santo Graal de todo mundo que trabalha com mídias sociais. Ele tem nada menos que 127 milhões de visualizações. Para dar uma idéia, o décimo vídeo mais visto em toda a história do YouTube tem 141 milhões de visualizações, é um clipe do Eminen, não exatamente um desconhecido.

“Então o segredo é fazer coisas idiotas?”

Não, claro que não. Essa visão de patrocínio de TV dos anos 50 não funciona hoje em dia. O público se tornou cínico demais para ver com simpatia uma marca apenas por ela patrocinar um programa. Prestígio não é mais transplantado com a facilidade de antigamente. Curioso é que é uma via de mão-dupla, Os bons e velhos comerciais Testemunhais ainda valem pra plebe ignara, mas as zelite na Internet não compram mais esse peixe. Uma celebridade vendendo geladeira não convence quem tem acesso ao Twitter, quando se pode perguntar quem tem a tal geladeira e se é boa mesmo.

Os números na Internet não podem ser vistos como na mídia tradicional, ou então uma japa doida falando “nhéqui-nhéqui” terá muito mais valor de mercado do que a maior parte das emissoras de TV no mundo.

Não culpo as agências, a Internet está cheia de gente que acredita no valor absoluto dos números. São usuários de scripts no Twitter com centenas de milhares de seguidores, são orkuteiros com 3, 4 e até 5 perfis enumerados, todos lotados de “amigos”.  Essa gente esquece o propósito primordial das redes sociais, que é interagir com outras pessoas e se focam no número pelo número.

A lógica é simples, quem tem aquário em casa entende:  Se eu só me preocupo com número de seguidores e me associo a gente com a mesma preocupação, toda a minha interação será voltada para angariar seguidores. Eu não terei conteúdo original, não comentarei ou repasssarei conteúdo alheio, pois na minha mente de caçador de seguidores isso é uma forma ineficiente de aumentar meus followers. No Orkut a mesma coisa. Entrarei somente nas comunidades “me segue que eu te sigo”.

No YouTube há todo um ecossistema de parasitas que copiam os vídeos postados por outros usuários, sobem de novo com a  conta deles e depois saem se gabando de quantas visualizações seus canais têm.

Funciona?

Funciona. Produz números gigantescos e irrelevantes, pois tanto os ladrões de conteúdo quanto os colecionadores de followers e os vídeos de japas idiotas carecem de algo que chamo de Poder de Mobilização.

O público de quem coleciona followers é primariamente colecionadores de followers, a interação entre eles é totalmente automatizada. Há casos de gente com 100 mil followers conversando com gente com 100 mil folowers e gerando ZERO de resposta entre seguidores. Não dá para interagir com quem não quer interagir. Simples assim.

No caso do vídeo idiota mesmo com a visitação sendo legítima, temos que aliciar um público acostumado a ficar entre 10 e 15 segundos em um vídeo, se cansar e clicar em outro. Criar hábito para que o Canal seja visitado frequentemente é complexo. Peguemos como exemplo o Brogui, que tem uma produção bem constante de conteúdo no YouTube. Há videos com mais de 90 mil visualizações,  O canal dele tem um total de um milhão de exibições, mas apenas 9 mil assinantes. O público é extremamente volátil, briga com unhas e dentes para não se tornar cativo.

Mesmo assim os vídeos dele apresentam muito mais oportunidades de publicidade do que o vídeo idiota da japa louca, exceto se cair em uma agência onde acreditem no valor absoluto dos números. Curioso é que esse amor todo pelos números grandes desaparece na hora de reportar os resultados para os clientes…



Compartilhe este artigo!