Bear McCreary – Um músico que nunca vai conseguir invocar Satã

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Da Vinci's Demons 2013

Quem me acompanha sabe que minha nova obsessão é a excelente série Da Vinci’s Demons, do Starz, que no Brasil é exibida pela Fox. Apesar de exagerar na biodiversidade, e preencher minha cota de Papas Pelados até 2036, não posso deixar de admirar o roteiro, os atores, a produção e o cuidado nos detalhes.

Mais ainda, a série me ensinou um monte de coisas novas, e se há algo que faz bem ao meu cérebro é aprender. Adoro séries que não subestimam minha inteligência. Digo isso desde Battlestar Galactica, quando as naves coloniais usavam jatos de manobra, ao invés de se moverem magicamente pelo espaço.

Galactica aliás tinha um componente muito forte: A música. Durante toda a série a trilha era excelente, mas no final ela se torna parte da trama. Uma das personagens tem visões do pai ensinando uma música ao piano, que se mostra uma mensagem divina. A música é All Along the Watchtower, o que implica que Jimmy Hendrix é Deus. Não tenho problemas com isso.

O mérito do arranjo foi de Bear McCreary, que também é compositor de séries como Eureka, Walking Dead, Terminator: Sarah Connor Chronicles, Caprica, Defiance, etc.

Em Da Vinci’s Demons ele fez uma boa trilha, que combinou muito bem com a abertura da série:

Até aí tudo bem, mas eis que descubro que Bear McCreary fez algo que eu nem sabia que era possível, muito menos que existia em música: Leonardo Da Vinci usava em seus códices um truque para que gente burra (todo mundo vivo na época que não fosse Leonardo Da Vinci( lesse seus trabalhos: Escrevia de trás para frente, invertido. Só com um espelho o texto fazia sentido.

McCreary compôs um tema que é um palíndromo. Tocando de trás pra frente a música soa da mesma forma. Neste post aqui ele explica em detalhes a técnica.

Aqui um sujeito reverteu a abertura, e fica evidente o efeito, que é sensacional e assustador. Músicas ao contrário deveriam invocar o Senhor das Trevas, não soar igual a música normal.

Muito trabalho pra algo que o espectador jamais tomará conhecimento? Com certeza, mas McCreary é preciosista assim. A ponto de quando foi compor o tema do Duque de Médici, ele descobriu uma música do Século XV comissionada a Heinrich Isaac pelo próprio Lourenço de Médici, que era uma espécie de “tema oficial da família”. É essa música, com mais de 500 anos que é ouvida quando o personagem aparece.

Essa é a diferença entre o trabalho de qualidade e o “faz de qualquer jeito”. Pode ser que o trabalho de Bear McCreary não dure 500 anos, como o de Heinrich Isaac, mas ele me ensinou algo novo, coisa que 99% do que vejo na Internet diariamente não faz.



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