Até os anos 50 a Coréia era uma África. Estava entre as nações mais pobres do mundo. Suas principais indústrias de exportação eram tecidos e sapatos. A guerra destruiu o pouco que havia, agravando a situação. Em 1961 o Governo percebeu que não era interessante que a Coréia seguisse o caminho do Camboja, Vietnã e outros atoleiros. Alguém de muita visão percebeu que plantar arroz não leva ninguém a lugar nenhum, então focaram os investimentos em educação, capacitação de mão-de-obra e investimentos em bancos, indústria pesada e alta tecnologia.
Em 1965, após reatarem relações diplomáticas com o Japão, este pagou à Coréia como reparação por danos nos Períodos coloniais US$800 milhões, que foram integralmente investidos.
Hoje a Coréia é a 13a economia do mundo, é líder em várias indústrias, há várias mega-hyper-corporações coreanas das quais o mundo depende, como a Hyundai, Samsung, LG, Kia. Nós aqui batendo cabeça com as operadoras, e mal conseguimos fazer 3G fucionar. A Coréia já está com 4G na rua desde 2000.
Seu Índice de Desenvolvimento Humano é considerado alto, colocando-a em 26o entre 177. O Brasil? é alto na 70a posição, atrás da Albânia e da Macedônia.
Em termos de alfabetização, a Coréia apresenta 99,8% dos adultos sabendo ler e escrever, e 99% da população em geral.
99% de taxa de alfabetização é o mesmo nível da Alemanha, Japão, Dinamarca, Bélgica, Áustria e Canadá.
Brasil? 88,6%. E prefiro não saber o percentual entre adultos, depois que descobri que entre jovens de 15-19 anos a taxa de alfabetização aqui é de 93.2%.
Um em cada dez jovens não sabe ler nem escrever. Vamos pensar grande, vamos colocar essa molecada para estudar, vamos investir em incubadoras, escolas técnicas. Vamos produzir coisas que dão dinheiro, ao invés de plantar soja e desplantar minério de ferro.
Vamos parar de importar tecnologia não por uma Reserva de Mercado, mas por nossa tecnologia ser melhor, e exportada.
Vamos investir nos melhores cérebros, vamos nutrir, cuidar e estimular as crianças mais inteligentes. Vamos transformá-las nos nossos próprios Bill Gates, Steve Wozniaks, Rockfellers, Howard Hugues.
Precisamos pensar grande a a longo prazo, temos que ter aspirações grandes, incutir nas crianças a idéia de que elas podem ser mais, podem ser tudo que sonham, precisamos trabalhar, estudar, aprender e surpreender o mundo com nossa inteligência e inventividade, certo?
Errado. Não é é nossa cultura. Não gostamos de quem se destaca. Qualquer um que se sobressaia no Brasil tem que ser estupidamente “humilde”, tem que ficar pedindo desculpas por ser bom. Michael Phelps disse que entrou para ganhar as OITO medalhas de Ouro. Os EUA aplaudiram. O Cielo aqui falou que era favorito e estava nadando pelo Ouro, já teve gente no Brasil chamando o cara de arrogante.
dizer “eu sou rico”em público. Ganhar dinheiro é feio, basta colocar um banner no seu blog e de um excelente escritor você se torna um vendido ao sistema e traidor do movimento. Aqui existe o conceito estranho para mim de “ganhar dinheiro por acaso”.
“Ah, mas se você faz o blog, é bom, e por causa disso ganha dinheiro, tudo bem. Você não está fazendo para ganhar dinheiro, o dinheiro é conseqüência”
Não é. Dinheiro é RESULTADO, OBJETIVO de um TRABALHO. Eu não ganho dinheiro porque escrevo bem. Eu escrevo bem PARA ganhar dinheiro. Eu faço um bom blog com o OBJETIVO de ganhar dinheiro.
Isso não é errado, não é feio. Trabalho honesto não é feio. Não deveria ser, pelo menos.
Infelizmente aqui no patropi não é assim que a banda toca. Na Veja (hhuuuu Editora Abril, Veja, horror, peguem as tochas!) de 3 de Setembro há uma excelente embora deprimente coluna do Gustavo Ischope onde ele fala da colocação do Brasil nos Jogos Olímpicos Escolares. De 143 medalhas de Ouro o Brasil levou… zero.
“Não existe nenhuma preocupação oficial com a identificação e o desenvolvimento daquilo que o pais tem de mais precioso: Grandes mentes”
Ele fala também sobre a ISMART, uma ONG de São Paulo com um projeto que identifica jovens talentos e superdotados entre os estudantes pobres e os ajuda com bolsas de estudo e benefícios como auxílio-transporte e até computadores.
Excelente projeto, certo? Diga isso então ao senhor Gabriel Chalita, secretário de educação do Estado de São Paulo, que proibiu a ONG de aplicar suas provas de aptidão na rede estadual, e mesmo de divulgar a existência do projeto.
A secretaria de educação do Município de São Paulo foi completamente surreal:
“Se havia uma preocupação com os alunos fora de série, por que não focar naqueles com síndrome de Down?”
Porque, minha querida secretária de educação do Governo Marta Suplicy, retardados não criam tecnologia de ponta, não projetam foguetes, não repõe os quadros altamente capacitados da Embraer, não pesquisam biotecnologia na Fiocruz.
É difícil de acreditar. De um lado temos uma ONG que quer identificar os Gênios que podem alavancar o pais para o futuro. Do outro uma secretária de educação que quer privilegiar o pessoal do sorvete na testa.
É o cúmulo da mediocridade. Seria de chorar, se eu ainda tivesse alguma esperança para o Brasil.
Se bem que eu quase chorei quando estava chegando na Rodoviária do Tietê e dei de cara com isso:
Pelo amor dos meus filhinhos (atenção: é apenas uma expressão. Não recebi ainda nenhuma notificação oficial da comarca de Americana para exame de DNA). SANDÁLIA DE PNEU.
Eu aqui pensando em projetos como o NAVE, que é A escola que eu gostaria de ter freqüentado quando era criança, eu aqui pensando nos projetos de capacitação de jovens feitos por fundações como a Bill & Melinda Gates, ou a Fundação Cisco, em projetos como a Índia, que tem pólos de tecnologia e toneladas de Prêmios Nobel no currículo…
Enquanto isso tem gente se se orgulha e TRABALHA para virarmos referencia mundial em… sandálias de pneu.
Esse é o símbolo da nossa mediocridade, esse é o símbolo do vira-latas do Mundo que o Brasil é e sempre será.
E se você acha que é exagero, lembre-se que pouco tempo atrás foi matéria em toda a mídia o sucesso que as Havaianas estavam fazendo no exterior.
Sandália is my business.
Sim, sandália de pneu, porque banana, lamento informar, fomos ultrapassados faz tempo. a Índia produz 16,8 milhões de toneladas de bananas por ano, enquanto o Brasil fica em 6,7. Quem vem em terceiro já encostando? China, 6,4. (fonte: Wikipedia) NEM BANANA.
Tira o tubo.