Clarice Lispector, aquela gostosa…

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Você com certeza já viu essa foto em perfis descolados no twitter, blogs lacradores feministas e posts no Facebook. No Google já é fato, é Clarice Lispector, a mais pernambucana das escritoras judias nascidas na Ucrânia.

A imagem é repassada sem questionamento e hoje aparece em perfis em várias línguas, há sites em russo replicando a foto e a legenda, afinal é curioso, é legal ver uma escritora sexy, é uma imagem bem mais rara do que uma bibliotecária sexy, aquelas safadas.

Só que, como você leitor do Contraditorium já deve ter suspeitado, essa não é a Clarice Lispector. Aqui outras fotos do mesmo ensaio:

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Essa moça se chama Alice Denham, foi Miss Julho 1956 na revista Playboy (no tempo em que publicavam mulheres bonitas e peladas) e sim, eles são reais.

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Alice era muito mais do que um estupendo par de peitos. Formada em Letras pela Universidade da Carolina do Norte, ela continuou seus estudos em em 1949 conseguiu pela Universidade de Rochesters seu Mestrado em Inglês, que é “Master’s”.

Ela era e sabia ser muito mais que um rostinho bonito, e foi para New York atrás de seus sonhos, na cidade que nunca dorme. Alice fez a festa, segundo ela:

“Manhattan era um rio de homens fluindo na minha porta. E quando eu tinha sede, eu bebia”

Ela bebeu gente como James Dean e Philip Roth, além de Hugh Hefner quando isso não era bizarro. Hugh aliás ficou doido e queria Alice na Playboy. Ela topou, negociou espertamente e no mesmo número em que mostrou seus atributos naturais, ela mostrou seus literários, com seu primeiro conto sendo publicado pela Playboy.

Amiga de Norman Mailer, Gore Vidal e outros, ela era conhecida na comunidade mas seus esforços literários nunca foram bem recebidos. A Playboy não publicou mais contos seus, e seu primeiro romance, My Darling From the Lions só saiu em 1967.

Em 1974 ela escreveu Amo, uma ficção científica feminista, também ignorada pela crítica mas ainda em catálogo.

Como 99% dos autores Alice Denham não conseguiu o sucesso que sonhava, talvez por ser mais inteligente do que o aceitável para uma playmate, talvez por não ser tão boa escritora assim, mas isso não a deixou frustrada. Ela continuou escrevendo até 2013.

Alice Denham, nascida em  21/1/1927 morreu aos 89 anos, no dia 27/1/2016. Morreu uma velhinha safada, daquelas cheias de histórias picantes e irresistíveis, nunca se arrependendo de sua vida boêmia.

“Amizades sexuais me ensinaram sobre política, raça, classe, países, temperamentos, ocupações, tudo útil para uma escritora. Mas isso não foi minha motivação”

“Sexo era minha grande aventura”

Alice Denham não mudou o mundo mas o deixou mais bonito e mais divertido. É no mínimo triste ter sua história apagada para que perfis lacradores repassem uma mentira em nome da lacração.

De resto, use o Google, não custa. ESTA é a Clarice Lispector:

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