40 anos de Guerra nas Estrelas – Meninos, eu vi.

40 anos de Guerra nas Estrelas – Meninos, eu vi.

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Parece que foi ontem, mas foi muito tempo atrás. A experiência continua vívida na memória. Era 1977, não havia internet, tv a cabo, não existia eletricidade, metalurgia estava em sua infância e ainda nos comunicávamos por grunhidos. Havia duas formas de saber do lançamento de um filme: Dar a sorte de ver um dos raros comerciais na TV, ou ler os anúncios que saíam nos jornais (pergunte a seus pais) nas sextas-feiras.  A única outra forma era passar na frente de um cinema e ler o letreiro. Foi assim que soube de Star Wars.

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Convenhamos, nem foi difícil ficar interessado. Imagine pra um garoto de 7 anos olhando um poster de um filme com robôs, naves espaciais, pistolas-laser, explosões e um vilão ameaçador? (não havia dúvidas, né?) Fora o título. Guerra e Estrelas, coisas que mexem com os hormônios de qualquer moleque.

Hoje eu entendo que George Lucas seguiu a cartilha de Joseph Campbell, trabalhou com arquétipos fortes e atualizou os velhos filmes de guerra, mas não importa. Tudo que sei é que meu mundo mudou completamente quando me sentei nas cadeiras de madeira do Cine Paz, em Duque de Caxias, sem saber muito o que esperar, e os acordes de John Williams invadiram a sala.

Na TV assistíamos reprises de Batman, episódios de Ark II e Mulher Elétrica e Garota Dínamo. Ficção Científica no cinema era algo praticamente inexistente, quando existia eram naves de prástico presas por fios soltando foguinho, cenários claustrofóbicos e roupas de lycra. Star Wars era, acima de tudo, grandioso. Cenários majestosos, planetas ocupando a tela inteira, naves enormes e detalhadas.

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Também seguindo na contramão dos filmes convencionais de ficção, o herói não era um sujeito fodão perfeitão poderosão, Luke Starkiller (esse era o nome na 1ª versão do script) era pouco mais que um garoto, que apanhava até do Povo da Areia. Lucas preferiu mostrar a Jornada do Herói, todos os outros mostravam só o resultado final e ei, aquele moleque de 7 anos se identificou plenamente com Luke, mais do que com James Bond.

Guerra nas Estrelas também se destacou pela diversidade. Até então aliens e robôs eram ou monstros ou decoração. Mesmo o robô de Perdidos no Espaço era chamado de… Robô e fazia pouco mais que dizer “perigo! perigo!” e ser desativado com uma bosta de uma placa pendurada na cintura. Grande protetor.

Com uma habilidade que só a Disney costuma ter, Lucas transformou R2D2 em um personagem querido, multidimensional, com emoções. Quando ele é atingido por um tiro nós ficamos realmente tristes e preocupados. Star Wars trazia todos os mitos, todos os heróis, em uma linguagem que crianças podiam compreender, mas sem ser infantilizada. Nada era bobinho ou criado por pedagogos para agradar o público infantil, tratando crianças como retardadas.

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Star Wars era uma clara história de Bem contra o Mal, de fracos se rebelando contra um império maligno. De amizade e lealdade fazendo que até o mais cafajeste dos piratas espaciais volte e salve o dia, afinal eram seus amigos na linha de fogo.

Eu, como todo mundo me apaixonei pela Princesa Leia. Depois de tantas princesas Disney inúteis e gritadeiras, uma princesa que não precisava ser resgatada, isso era incrível.

Guerra nas Estrelas tinha tudo, inclusive um final onde os heróis eram homenageados. O mais próximo dessa experiência hoje em dia foi o primeiro Guardiões da Galáxia, mas uma criança que faz dele seu primeiro filme não tem a mesma experiência, hoje tudo que se vê no Guardiões não é muito diferente visualmente de TV e videogames. George Lucas mudou não só a forma como aventuras espaciais eram contadas, ele mudou também a forma com que são mostradas.

Até então um clássico de SciFi era assim:

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Agora, era assim:

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Guerra nas Estrelas mudou o calendário, criou o conceito de blockbuster, de filme de verão. O público mais jovem, tanto tempo negligenciado ganhou filmes que podiam ser divertidos E grandiosos. mas por ser o primeiro e por ser tão perfeito e arquetípico, ficou marcado, e mais ainda, continua marcando geração após geração. Eu amo Star Wars, amo esse Universo e amo que a Disney conseguiu dar vida nova a ele. Amo Force Awakens, e Amo Rogue One.

Amo que tanta gente também adore Star Wars, que faça parte do tecido cultural de uma forma que o Presidente dos Estados Unidos não vê problema em aparecer em eventos oficiais portando um Sabre de Luz.

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Hoje fazem 40 anos que vi Star Wars pela primeira vez. 40 anos, Highlander. Isso é uma vida inteira. Tanta coisa mudou, tantas cicatrizes, tantas feridas de guerra para comentar com os amigos no barco, tantas certezas destruídas, e quando ouço a fanfarra da Fox, vejo o letreiro azul “A long time ago, na a galaxy far, far away….”, quando começam os primeiros acordes da obra-prima de John Williams, eu volto no tempo. Volto a ser aquele garoto deslumbrado com tanta coisa que nunca tinha visto.

 

Que me desculpem os cínicos, os zoeiros, os críticos, os caçadores de erros, o pessoal que só consegue se realizar falando mal dos outros, mas eu amo Star Wars, e um amor de 40 anos no mínimo é sinal de que é coisa séria.

Então, Feliz Aniversário, Star Wars, obrigado por me mostrar esse Universo lindo e inexplorado, obrigado por manter aquele garotinho vivo dentro de mim, e obrigado por tudo, Carrie. Você nos deixou mas Leia viverá para sempre.

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