Vou contar um segredo: A coisa mais frustrante para um blogueiro é ser ignorado. Xingue, reclame, ameace seqüestrar o poodle do sujeito, e ele fica feliz. Ignore-o completamente e ele entra em crise. O problema é que quando isso acontece, a culpa é SEMPRE do blogueiro. Nós arrumamos o cantinho na praça, a caixa de bacalhau, subimos em cima e falamos. Daí se o sujeito vai parar e escutar…
Em um episódio da TV Colosso um programa estava tendo problemas com o público. Do alto de sua cadeira na direção da Emissora, o JF deu a ordem: “Troquem o público”.
Essa seria a solução ideal, mas na Internet você no máximo pinta um alvo no chão, se o sujeito vai pousar ali ou não, é decisão dele. Não dá para mudar o “horário de exibição” do blog para atingir outro grupo demográfico.
Não adianta fazer apresentação de Arte Renascentista na porta do baile funk. E o funkeiro não tem culpa por não gostar de Arte Renascentista, a culpa é do idiota que achou que conseguiria público ali.
Uma das coisas que mais me frustra é escrever um belo texto original no MeioBit e ter meia-dúzia de quatro ou cinco comentários. Felizmente não sou só eu. TODOS os autores que criam textos complexos e realmente interessantes lá são recompensados com o silêncio.
A culpa é do público?
Existem sites técnicos, com longas e frutíferas discussões, e existem blogs de tecnologia de consumo rápido, como o Engadget e o Gizmodo. O MeioBit é percebido pelo público como um desses, somos um McDonald’s, não um Rubaiyat. (para alguém ter idéia do que é o Rubaiyat, se eu levar a Luciana Vendramini para jantar lá e passarmos a noite juntos no dia seguinte vou acordar pensando no jantar)
Exemplo: Fiz um post sobre as 150.000 demissões na área de TI que a IBM vai fazer, falando das repercussões disso no mundo inteiro. Deveria interessar a quem trabalha na área, certo? Nenhum comentário. Outro post: George Lucas participando de um episódio especial do Robot Chicken, depois da Lucasfilm ter pedido permissão ao pessoal do seriado para usar uma parodia que fizeram de Star Wars, no site oficial da empresa. Excelente ponto para discutir fair use, direitos de imagem, etc, certo? Nenhum comentário, nem pra falar mal do Jar-Jar.
E não é implicância comigo. O Marcellus, por exemplo, teve quatro pífios comentários em seu excelente post sobre no-breaks.
Auge do CicarelliGate, o MeioBit dando furos de reportagem, acompanhando minuto-a-minuto o imbróglio, censura, discussão quente na Internet. Comentário de leitor? “Falem de outra coisa, Cicarelli já encheu”.
O que devemos fazer? Enfiar o dedo e rasgar? Enfiar goela abaixo desses leitores textos que eles não querem ler?
Eu poderia dizer que é caso de escrever o que o público quer ler, mas e se o que o público quer ler é algo que não te dá prazer, não é interessante nem gratificante de escrever? E agora, Bial?