A Dama e o Vagabundo – Cardoso entrevista Madame Bela

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A parte mais simples desta aventura foi o título. Eu passeando por uma linda cidade do Interior do Litoral (vá entender) do Rio, tomando minha bebida no bar do hotel, vendo o marzão ao fundo… em plena segunda-feira. Definitivamente eu estava dando munição aos que chamam ProBloggers de vagabundos. Já minha entrevistada é a conhecida blogueira e Dama da Noite Izabela Araújo, a Madame Bela. Só que como combinamos de nos encontrar no começo da tarde, de dama da noite virou só dama. Portanto, o título era inevitável.

A idéia de começar esta série de entrevistas é antiga, só faltava criar vergonha na cara, mexer meu traseiro gordo e correr atrás. E nada melhor pra correr atrás do que mulher bonita. Mas eu queria algo mais. Tinha que ser alguém que incomodasse, alguém que não fosse unânime, mas que não fosse apenas polêmica vazia. E que personalidade mais incômoda à hipocrisia vigente que uma garota de programa? Que personalidade mais incômoda à blogosfera conservadora que uma garota de programa que bloga, bloga bem e não se faz de coitadinha?

Marquei a entrevista. Completa, com aparelhos (no caso o PDA pra gravar o bate-papo). Combinamos que ela me encontraria no Ibis de Macaé, que por sorte ela conhecia. (ok, isso foi forçado. Tenho quase certeza de que ela esteve lá antes) e para um sujeito que está acostumado a esperar, e já levou mais bolos do que seria recomendável (ah se meu blog falasse…) a pontualidade dela foi excelente.

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A Bela é meio camaleão. Apesar de ser um mulherão, ela chegou desarmada (exceto pelo chicote) e esbanjando simpatia. Definitivamente ela sabe deixar um blogueiro tímido à vontade. Conversamos bastante, e como sempre as melhores partes não foram gravadas. Mesmo assim ela me fez rever diversas posições, abriu minha mente para algumas coisas óbvias que eu não tinha sequer considerado, por puro preconceito. (calma, não tem a ver com veadagem).

Por exemplo: Eu passei a implicar com a Bruna Surfistinha, depois que ela começou sua fase Cinderella. Achava-a deslumbrada e falsa ao mesmo tempo. Tentei, confesso, induzir a Bela a falar algo da Surfistinha, mas depois que ela me fez perceber que a Bruna era, afinal de contas, uma menina de 22 anos, e que passar 2 ou 3 anos na vida não iriam fazê-la amadurecer tanto quanto eu estava cobrando, vi o quando eu estava errado. E percebi que eu estava fazendo com a Bela o que alguns jornalistas tentaram fazer comigo e o Edney, jogar um contra o outro. Assim, se eu sou a Bela, o Edney é a Surfistinha, e não temos que brigar. Nem elas. Exceto no Gel. Se me chamarem pra ver. E garantirem direitos sobre a venda do DVD.

Falamos pouco mais de uma hora, e foi muito legal. Posso garantir que dá pra se divertir com a Izabela sem tirar a roupa.

Se você quiser ouvir o áudio, disponibilizei dois arquivos, que você pode ouvir clicando no micro-ícone ou baixar, clicando com o botão direito e selecionando SAVE AS ou SALVAR COMO:

1 – entrevista1.m4a – 17MB – 32min38seg Versão em M4V – formato Podcast Enhanced com imagens, para usuários de iPod ou iTunes

2 – entrevista1.mp3 – 23MB – 32min38seg Versão em MP3 – para o resto

Abaixo a transcrição da Entrevista. Clique no Continuar lendo se estiver na página principal, ou continue lendo, se caiu no artigo direto. Divirta-se!

PS: à pergunta inevitável que todo mundo deve estar fazendo, a resposta é: “não”.

Cardoso – Iniciando a minha série de entrevistas estou aqui em Macaé no Hotel Íbis, embora ninguém vá acreditar por causa da trilha sonora, com a Isabela Araújo, a Madame Bela, que diz que tem 30 anos, mas ela está mentindo, mandou a irmã mais nova.

(Ela) é blogueira, garota de programa e não tem NADA a ver com a Bruna Surfistinha. Então esqueçam coisas cuti-cuti, ursinhos de pelúcia e vamos ouvir a blogueira mais pé na porta que conheço.

Bela – Pé na porta? Porque pé na porta?

Cardoso – Porque você não livra a cara nem de cliente.

Bela – Ah, não mesmo.

Cardoso – O cliente não tem sempre razão?

Bela – Nem sempre tem razão. Eles sabem quando não têm razão. Quando eu falo mal de um cliente – Eu sou muito boazinha- quando eu chego a falar mal é porque realmente ele mereceu. E no fundo eles gostam. Geralmente o homem quando sai comigo depois ele fica ansioso pra ler algum relato sobre ele. Quando é bom eles adoram, mas quando é ruim eles também me procuram, às vezes pedem desculpa, às vezes tentam tirar a má impressão, em um segundo encontro.

Alguém tem que falar, eu acho que faço um trabalho até social quando falo mal de um cliente, porque muitas vezes eu falo o que nenhuma outra mulher teve coragem de dizer, coisas que ele nem sabe, fica sabendo através de mim. Quem tem mais know-how que eu pra falar sobre esse assunto?

Cardoso – Curioso. Eu ia perguntar sobre isso, porque tem uma foto famosa na Internet, uma mulher vestindo uma calcinha minúscula escrito “eu vou blogar isso”. E aí eu achava que com essa pressão toda de mulheres tendo blogs, blogando suas experiências, com quem sai, aquele site naosaiacomele.com, onde as mulheres queimam o filme dos caras, eu ia perguntar justamente se isso não está criando mais pressão em cima dos homens, que já são naturalmente encucados, se isso não poderia ser ruim, mas agora você disse que eles gostam…

Bela – É, os meus clientes gostam. Quando eu pego pesado algumas vezes é… eu nunca exagero, eu acho. Eu acho que até tento falar de uma forma que não vá machucar tanto a pessoa, tanto o homem, mas dependendo do meu estado de espírito, porque afinal de contas blogar também é desabafar, é você poder falar o que você pensa, do jeito que você pensa sem ter aquela pessoa ali te olhando e te oprimindo. Você tem total liberdade para falar, então quando eu escrevo sobre um programa tenho total liberdade para falar a minha impressão daquele programa, e o homem, mesmo que no primeiro momento ele fique chateado depois ele entende, ele lê novamente, ele entende aonde foi que ele errou, o que pode fazer diferente, e se não fosse assim em acho que um homem que eu falo mal, que eu reclamo, que eu xingo, ele não me procuraria uma segunda vez, e não é o que acontece. A maioria volta, até na intenção de tirar a má impressão daquele primeiro encontro?

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Cardoso – Não é porque eles gostam de apanhar?

Bela – Não sei, acho que todo mundo tem o seu lado masoquista, pode até ser, mas eu acho que não.

Cardoso – Incluindo o sujeito que você mandou voltar para tomar banho duas vezes?

Bela – Acabou de me ligar, disse que sou a paixão da vida dele.

Cardoso – Seu blog é lido por um monte de gente. Inclusive muita gente da blogosfera, muita gente conhecida, e você está se tornando uma figura querida, tanto que sua campanha da Madame Bela na Playboy, da última vez que contei já tinham 50 blogs. Tem até blog de mulher na campanha. Você imaginava que seria tão bem recebida?

Bela – Não, não imaginava. Quando eu fiz a campanha foi de brincadeira mesmo, foi da maneira que contei no blog, eu achei um link para fazer uma capa da Playboy com minha foto, fiz falei “ah, vou aproveitar isso de alguma maneira”. Resolvi postar, fiz a campanha, pedi ajuda de uns 4 ou 5 blogs e aí de repente… mais de 50 blogs já tinham aderido à campanha. Uns porque apoiaram a campanha, outros porque queriam colocar você na fogueira, com aquela história de desencalhar o Cardoso. Então eu acho que juntaram-se as duas coisas e a campanha chegou aonde chegou. Agora deu uma diminuída, outros textos já vieram depois disso mas eu estou esperando a proposta. Eu sabia que a Playboy era meio impossível, mas ta valendo, né?

Cardoso – Se vier outra quase tão boa…

Bela – Lógico. Problema nenhum. Eu não escolhi a Playboy porque achei que fosse melhor. Foi porque calhou da única revista possível que eu fizesse aquela capa foi a Playboy. Se tivesse uma outra revista eu teria feito. Uma Sexy, sei lá.

Cardoso – Eu estava vendo, você não é exatamente querida no Orkut. Enquanto você tem nazistas, pedófilos, racistas continuam felizes no Orkut, gente que queima índio, você toda hora é apagada do Orkut, você já perdeu mais de um blog, e você sempre volta. Qual é essa necessidade? O que você tanto quer falar que te faz voltar pro blog?

Bela – Olha, eu gosto, eu comecei a blogar em 2004, e mais por um desabafo, eu estava saindo do meu segundo casamento, não fazia programas ainda quando comecei a fazer esse meu blog, Madame Bela, a minha intenção era só desabafar, contar coisas do meu passado, de repente o blog ficou conhecido. Eu tinha um outro blog pessoal que tinha assim 50 acessos/dia, enquanto o Madame Bela logo no começo tinha 500 acessos.

Então acabou que eu parei, diminuí a quantidade de textos no meu blog pessoal, fiquei com a Madame Bela, foi uma tendência natural das pessoas me escreverem, eu voltar a fazer programa e a minha necessidade é de falar, de quebrar essa imagem que as pessoas têm muita gente se surpreende. “ah você escreve bem, você é inteligente” como se toda garota de programa fosse burra, só vivesse para o sexo, só pensasse em sexo, e é muito mais que isso.

Agora, o Orkut eu desisti, me baniram já umas três vezes, YouTube também, eu sou persona non grata, quando coloco lá Madame Bela eles me cortam, não consigo nem fazer um cadastro, o DailyMotion depois de um ano com meus vídeos lá apagou alguns agora, deve ter umas duas semanas, mas são as pessoas que denunciam, as pessoas é que… tem alguém aí me vetando, alguém que não gosta muito de mim. Tudo bem.

Cardoso – Você escreve muito bem. Uma pergunta que você já deve ter ouvido várias vezes mas em outro sentido: Onde você aprendeu essas coisas? Escola, em casa, fazendo diário, aprendeu lendo…

Bela – Eu sempre li muito e quem lê muito escreve bem, eu acho, e eu estudei. Não concluí a faculdade. Entrei em várias faculdades, fui professora primária, mas na verdade o dom de escrever, eu escrevo como eu falo, não penso muito para escrever. Escrevo como se estivesse falando com alguém, aí sai muito mais natural. Flui melhor, as pessoas entendem o que quero dizer, não fica um texto cansativo, muito técnico, muito difícil. Eu escrevo com as palavras que uso normalmente, não penso muito.

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Cardoso – O seu tema é até covardia pros outros blogs competirem, é algo que a gente aprende em propaganda: Sexo vende. A gente tem blogs de vários tipos de profissionais, tem blogs de dentistas, de arquitetas, mas os blogs das garotas de programas são os que sempre geram mais atenção, viram livros, o pessoal corre mais atrás. Porque você acha que gera essa curiosidade?

Bela – As pessoas são curiosas sobre sexo, as pessoas são curiosas pela vida de outras pessoas, é uma vida que muitas pessoas gostariam de viver e não têm coragem, então o assunto já é polêmico. Sexo, todo mundo faz mas ninguém assume que faz, ou como faz, então quando você encontra uma pessoa que vai lá e expõe, que se mostra, fica muito mais fácil você se mostrar também porque você não vai ser criticado. O grande medo das pessoas de falar sobre sexo com outras é a crítica.

E comigo elas podem falar o que quiserem e eu não vou criticar. Você tem muito mais liberdade parar falar com esse assunto com uma pessoa que vai te entender.

Cardoso – Eu acho interessante. Você vira terapeuta sexual e as mulheres também transformam você (…) em Terapeuta Sentimental. É tão difícil assim pra cabeça da mulher separar sexo de amor?

Bela – É difícil. Sexo para a mulher está muito ligado a sentimento. Até pra mim é difícil. Tenho duas hipóteses para me relacionar sexualmente com uma pessoa: Por dinheiro ou por amor. Se não tem o dinheiro aquele sexo tem que me gratificar de alguma maneira, então só com sentimento. As mulheres têm isso de retribuírem o bom relacionamento que elas têm com o homem com o sexo. Tanto é que se um casamento vai mal ou um namoro não tá legal a primeira coisa que a mulher faz é fechar as pernas.

Cardoso – Então dá pra dizer que aquela história das meninas descoladas, não tem problema, que dizem que saem, transam sem problema nenhum, que elas não têm nenhum apego, isso é balela? Se a coisa for bola, se pintar um clima…

Bela – Ela vai se envolver, eu acho que pode existir, estou falando de outra geração. Eu tenho 30 anos, é diferente das meninas com 15, 16, 18, não posso falar por essa juventude que está aí, que é muito mais erotizada, que o sexo chega muito mais cedo, os programas, eu vejo as minhas filhas, os programas que elas assistem na TV, que falam sobre sexo, sobre a primeira vez, com muito mais liberdade.

Então não posso falar por essa geração. Talvez elas consigam sim transar e só transar. Mas eu acho que no fundo se for uma transa legal, for um cara legal ela vai sonhar com ele, encontrar ele de novo, sair com ele mais uma vez ela vai querer cultivar mais que só sexo, ela vai querer um relacionamento.

Cardoso – Uma coisa que eu gostei é que você nunca glamourizou a vida das garotas de programa. Não fica dizendo que ganha R$15 mil por mês, não fica contando suas aventuras de ir de um clube de magnatas para outro clube de magnatas, de receber ator da Globo, etc. Mas ao mesmo tempo você não faz aquele discurso da difícil vida fácil, não se faz de sofrida. Você assume uma atitude profissional, de quem está trabalhando em uma área complicada, mas que não é o fim do mundo pra você. Você mesma fala que se diverte.

Bela – Me divirto. Eu gosto do que eu faço. Acho que a primeira coisa pra uma garota de programa conseguir desempenhar bem o trabalho é gostar. Porque como todo trabalho tem horas boas e tem momentos onde você queria morrer e não queria estar ali. Tem caras muitos legais que você gostaria até de transar de graça mas tem caras que são insuportáveis, que sua vontade é meter o dedo na garganta e vomitar.

Mas isso acontece em toda profissão. Tem um momentos de glamour, claro que tem, quando saio com um homem bonito, interessante, inteligente, que me trata como uma mulher especial, que não me trata como uma vagabunda que vou receber o dinheiro dele e tchau – não, ele me trata como uma mulher, como trataria uma outra mulher qualquer. E tem os momentos ruins, esses aí prefiro deixar pro blog.

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Cardoso – Você deve receber dúvidas de meninas que querem seguir a profissão. Tem muitas meninas que querem entrar pelos motivos errados?

Bela – Eu já recebi a pouco tempo [um email] de uma menina que estava querendo sair da casa dos pais, aquela crise de adolescência em que os pais são os piores pais do mundo, não te dão liberdade pra nada, então ela queria vir pra Macaé para fazer programa e sair da casa da família.

Assim não é legal. Péssimo motivo. Mas também tem mulheres que estudam, fazem faculdade, querem terminar os estudos, não tem grana suficiente, ou então se separaram e tem que criar um filho… não foi o meu motivo. Quando eu entrei, quando comecei a fazer programa eu já tinha uma vida complicada, não morava mais com meus pais, mas era independente, podia fazer o que eu quisesse da minha vida.

Calhou de eu experimentar, fazer o primeiro programa, gostar e continuar. Hoje em dia eu continuo fazendo mais por uma necessidade da própria vida. Quanto mais dinheiro você ganha, mais você gasta e mais você precisa ganhar.

Tem momentos que eu não gostaria de fazer, aí eu nem atendo o telefone, e tem dia que estou louca pra sair com um homem diferente. Mas eu acho que a primeira coisa, tem que gostar do sexo, tem que gostar do sexo com pessoas desconhecidas, porque vai ser a primeira dificuldade que você vai esbarrar.

Cardoso – O seu público não é muito formado por nerds. O público do blog tem muita interseção com seus clientes ou são dois públicos basicamente separados?

Bela – Tem os meus clientes, que lêem o blog, fazem questão de ler, tem muita gente de fora, que não me conhece. A maioria são homens. Não tenho uma estatística. Meus clientes, os curiosos da cidade, que querem saber quem é a Madame Bela, muita mulher, querendo informação, como ela pode ser melhor, como pode lidar com o homem. Muita mistura, mas não tem muitos nerds.

Cardoso – Então seu blog tem ajudado a trazer mais clientes?

Bela – Ajuda, um dos motivos do meu blog é isso. No mínimo eu economizo R$20,00 por dia de anúncio em jornal, a Internet é praticamente de graça. Ajuda a desabafar porque preciso falar das coisas que acontecem, com alguém, não vou falar com minha família ou meus amigos. E é um trabalho acho que social também. Eu me sinto bem quando eu escrevo, vejo a opinião das pessoas, “ah legal, eu queria saber isso mesmo, como é isso, como é aquilo”. Eu gosto.

Cardoso – O problema do blog é que ele é público, dá margem para muita paranóia. Se alguém está em um que cisma que um post encaixa com alguém que ele conhece… alguma esposa já apareceu no seu blog fazendo escândalo?

Bela – No blog não, mas já recebi telefonemas, algumas vezes, de esposas querendo saber se eu conhecia o marido, de esposa que achou meu telefone no bolso do marido, esposa que viu meu telefone na conta telefônica, elas ligam pra sondar mas eu já tenho mais ou menos um script pra essas mulheres assim pra não comprometer o homem.

Cardoso – Isso aí, defendendo o cliente sempre!

Bela – Não é meu interesse que ele fique mal com a mulher. Pelo contrário. Acho que tenho uma função até social nesse ponto. Depois que o homem casado sai comigo ele volta melhor pra casa. Um pouco pela culpa de ter traído a mulher, e um pouco porque ele aprende a lidar melhor com a mulher que ele tem em casa. Quando eu sinto que o homem está com problema, “minha mulher não quer transar comigo, ai minha mulher é assim, é assado” eu falo “dá um desconto, mulher é assim, cabeça de mulher é assim, faz assim, faz aquilo…” eu acho que ele volta melhor pra casa. Eu estou ajudando essa esposa também.

Cardoso – Mas culpa… isso é geral ou são alguns casos?

Bela – Alguns. Acho que alguns homens ficam sim. O grande problema que escuto da maioria dos clientes é que eles têm uma esposa ótima, uma família ótima mas a mulher no sexo é limitada, ela não quer transar tanto quanto ele, ela não quer fazer tantas coisas quanto ele gostaria que o sexo depois de um tempo dá uma esfriada… ele está querendo SÓ o sexo, todo o resto é legal em casa, então ele fica um pouco culpado, fica se achando um pouco egoísta. “ai, saí com outra mulher só porque minha mulher não faz isso, não faz aquilo”. Então ele acaba depois tentando compensar aquela escapada que ele deu comigo ou com outra pessoa melhorando em casa. Tem clientes que depois que voltam pra casa levam presente para a mulher, uma caixa de bombom, uma flor, levam pra jantar, pra poder compensar aquela escapulida. E ele não faria isso normalmente. Está tão ligado em coisas do dia-a-dia que acaba não dando atenção em casa. A atenção que deveria.

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Cardoso – E essa esfriada não seria parte culpa do homem também, aquela coisa de “não é minha mulher, é a mãe dos meus filhos”?

Bela – É um pouco do homem, um pouco da convivência, o casamento é muito difícil, tem tudo pra dar errado. Duas pessoas diferentes, uma bagagem diferente, com desejos diferentes… o casal tem que querer muito que dê certo, pra dar certo, porque senão não dá.

Esfria porque a mulher cria uma série de expectativas pro casamento, esfria porque a mulher também relaxa depois do casamento. Já ta casada, “já fiz o meu papel”, esfria porque o homem deixa de fazer coisas que fazia na época do namoro, também, a mulher já está ali… Vem os filhos, outro problema… O casamento fica muito complicado naquela fase inicial dos filhos… É muita coisa, casamento é muito difícil.

Cardoso – Macaé é uma cidade pequena. Você tem blog, está se tornando conhecida, você tem uma figura facilmente reconhecível, aquela máscara não vai te proteger por muito tempo, não adianta botar óculos, só funciona com o SuperHomem, você não tem medo de ser desmascarada?

Bela – Aí eu vou embora, Macaé já está pequeno pra mim há um tempo. A Há uns dois anos estou tentando ir embora daqui acho que este ano finalmente eu consigo. Quero ir pro Rio. Nem tiro fotos novas porque qualquer pessoa vai me reconhecer. Então eu tenho medo sim. Não por mim, tenho medo pela minha família, ninguém tem que pagar pelas minhas atitudes ou inconseqüências ou como as pessoas queiram chamar. EU me assumo, mas as outras pessoas, né… Que não tem nada a ver com a história, podem se sentir prejudicadas… e eu não acho legal.

As pessoas são muito ruins, não perdem a oportunidade de sacanear o outro, mesmo que você não tenha feito nada… Basta a pessoa olhar pra você e não ir muito com a sua cara é o suficiente pra ela querer te detonar. Macaé por ser uma cidade pequena, um cu, todo mundo sabe da vida de todo mundo, é complicado.

Cardoso – Madame Bela no Rio vai arrebentar (…) Aviso aos paulistas: Ela está a 45 minutos de distância.

Bela – É, ponte-aérea… Qualquer hora vou passar uma temporada em São Paulo.

Cardoso – Vai ter que ser rápido. Em um post você falou que no dia 15 de Janeiro de 2008 você vai fechar a cancela.

Bela – Você leu tudo, hein? Veio preparado!

Cardoso – Você acha que eu sou o quê? Estado de São Paulo, minha filha? Não sou Estadão não, eu preparo as matérias. Você disse que vai fechar a cancela, só vai sair com clientes conhecidos… Vai deixar a Internet inteira na mão? Quer dizer, ela já está na mão, mas…

Bela – Eu tenho outros planos, não preciso estar ativamente participando, me encontrando com os homens como faço hoje, para continuar sendo a Madame Bela. Tem muitos outros campos que posso explorar ainda, que é o que pretendo fazer a partir de janeiro.

Cardoso – Você falou no seu caderninho de telefones que você anota nomes, endereços…

Bela – Um perigo aquele caderninho.

Cardoso – Você anota performance, gostos específicos, essas coisas?

Bela – Não. Quando é uma coisa muito marcante eu acabo postando. No caderninho é só nome, telefone, o valor do programa, o tempo, o dia, só.

Cardoso – Nos EUA está dando um barraco danado com uma madame de Washington, o caderninho dela foi apreendido pela polícia e ela tem literalmente todos os políticos de Washington na lista. Você troca nomes, tem algum código pra esconder?

Bela – Não.

Cardoso – Céus, que caderninho perigoso!

Bela – Nome mesmo, da pessoa! Ah, mas não tem político nenhum. Só tenho petroleiros.

Cardoso – Parabéns, você tem critérios. Bom saber que ela não se envolve com qualquer um. Então no dia 16 de Janeiro ela vai estar leiloando no Mercado Livre o Caderninho.

Bela – 16 de Janeiro é meu aniversário – Nossa, não! Acho que as pessoas não iam se interessar, não tem ninguém conhecido, ninguém importante, nenhum ator da Globo.

Cardoso – Eu reparei nos posts que quando algum cliente de trata de uma forma um pouco diferente, já começa elogiando, você já se derrete.

Bela – Eu adoro. Eu adoro. Se o homem me chamar de linda, de cheirosa, de gostosa, nossa eu piro. E o homem é a mesma coisa. Ele gosta de ser elogiado, ele gosta de carinho, ele gosta que você diga que ele é maravilhoso. Quer ver você acabar com um homem? É você falar “eu posso sair com mil homens, mas você é o melhor de todos, o que me faz gozar mais gostoso”. Pronto, ele delira!

Essa questão do homem ser o fodão pra eles isso é muito importante.

Cardoso – Essa daqui é utilidade pública: Você trabalhou na Help, fez calcadão de Copacabana. Então explica pra gente onde é que a gente acha a Camila Pitanga no Calçadão de Copacabana.

Bela – Eu não sei, também estou querendo. Até eu se achasse a Camila Pitanga botava pra dentro do carro…

Tem muita mulher bonita na vida, eu conheci várias. Trabalhei na Aeroporto, trabalhei na 65, muita mulher bonita, muita mulher interessante. Agora as últimas vezes que estive em Copacabana achei meio fraco.

Cardoso – Justamente, as mais selecionadas estão indo pras termas.

Bela – São Paulo. Já fui na Bahamas, muita mulher bonita. Tem mulher que você olha, você não diz, parece modelo. E tem as próprias modelos que fazem programas assim mais selecionados.

Eu não sou muito fã de casa noturna pra trabalhar. Desgasta muito a mulher. Você está ali, bebida, cigarro, passar a noite acordada…

Cardoso – Você não usa aquele truque de pedir coquetel de frutas e vir um suquinho sem álcool?

Bela – Eu não… (risos)

Cardoso – Bobinha…

Bela – Estou aprendendo com você (risos)… Aqui minha bebida [mostra a água mineral] eu não posso beber, se beber eu perco a linha. Coquetel de frutas sem álcool? Engorda.

Cardoso – Em casa noturna as meninas têm um percentual sobre o que o cara bebe, pede, aí vem aquele coquetel de frutas de R$30,00…

Bela – Eu trabalhei pouco tempo na noite. Fui logo pra as termas depois fui trabalhar por contra própria.

Cardoso – Pra fazer meus trocadilhos famosos você decidiu abrir o próprio negócio?

Bela – Abri… (risos)

Cardoso – Onde você arruma tempo pra blogar?

Bela – Meu horário é meio louco, mas eu procuro de 1 às 3 da tarde dar uma mexida na Internet. Às vezes eu blogo, às vezes respondo email, eu tiro um horário por dia pra poder fazer isso. Minha manhã é toda tomada até meio-dia, depois eu almoço, de 1 às 3 eu tiro pra fazer isso. À noite eu trabalho, à tarde também… eu não sou uma blogueira profissional, eu nem sempre todo dia tenho assunto pra escrever…

Cardoso – Em compensação você tem Jacotei, anúncios do UOL, vários afiliados, amigos.com… em termos de diversificação de renda seu blog está bem mais diversificado que o meu, por exemplo.

Bela – Sério? Pelo meu blog ter conteúdo adulto eu não tenho tantas oportunidades de programas de afiliados, eu tenho poucos que aceitam conteúdo adulto. Mercado Livre que é um dos mais fortes não aceita mais. Google eu não posso. Então eu fico limitada aos que aceitam. São poucos. Os bons são poucos. Tem muita porcaria.

Mas eu nem tiro muita grana disso não. Ainda não cheguei nesse estágio. Apesar de falar de sexo meu conteúdo não é explícito. É texto, pra quem gosta de ler. Se a pessoa for lá pra ver filminho e fotos não vai ver. Não uso muito esse recurso.

Cardoso – Provavelmente você vai pro Rio…

Bela – Quero ir pro Rio. Preciso ir, tenho muita coisa pra explorar e não posso, aqui nessa cidade.

Cardoso – Seja muito bem-vinda no Rio, só não pare com o blog.

Bela – Não pararei, acho que não, mas também não quero cair naquela coisa de falar que abri a geladeira, só tinha feijão e ovo, essas coisas. Ninguém merece ler isso. E que minha vida não fique entediante depois que eu pare os programas. Que eu ainda tenha assuntos interessantes pra falar.

Cardoso – Tomara, é o que todos queremos. Bela, muito obrigado. Você teve a honra de tirar a virgindade dessa linha de entrevistas que estou começando.

Bela – Ai meu Deus, tirei bem? Fui bem?

Cardoso – ahhh… Foi!

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