É bom ser Rei, digo, Juiz

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Mel Brooks estava mais que certo, no História do Mundo – Parte 1 quando repetia o bordão "É bom ser Rei".

Pena que a Gol não tem desconto pra juizes, então fui de buzão mesmo. Mais uma vez o iPod Touch se mostrou excelente, aguentando longas horas e inúmeros episódios de séries. Quando vi já era 7 da manhã, e eu tinha que enfrentar um trânsito infernal entre a Rodoviária do Tietê e a Microsoft, que fica na Marginal Pinheiros.

Por sorte consegui ficar enrolando as meninas da produção no celular, enquanto o taxi disparava (figura de linguagem, na verdade lesmava) pelo trânsito da manhã paulista. Mais sorte ainda foi um outro juiz, o Carlos Scaramuzza,  presidente do WWF – Brasil, que por ser ecologista deveria acordar com as galinhas – ter atrasado também.

Tio Bill nos meteu em um taxi, e fomos para Mogi das Cruzes.

"Cruzes" aliás é a expressão diante do hotel. Seguindo a regra de que coisa cara é coisa boa, uma garrafinha de cerveja custava R$6,00. Mas como Tio Bill pagou a hospedagem, sobrou um trocado pra garantir a cerva nossa de cada dia.

O evento em si foi muito bem organizado. Avaliamos oito grupos, Meia-Hora para cada, mas nem sentimos o tempo passar. Pra garotada entretanto foi uma eternidade, imagino.

Posso dizer que não fiz feio, fui um dos dois juízes mais rigorosos. Acho que viver a Internet de Verdade, e não a do mundo acadêmico torna a gente mais pragmático. E de qualquer forma, ganhou quem merecia, houve unanimidade e uniformidade entre os votos, embora um dos grupos tenha vacilado na categoria evolução e adereços.

O melhor da brincadeira foi no dia seguinte. Uma cerimônia linda, com um discurso inspirador do Joe WIlson, Diretor de Assuntos Acadêmicos da Microsoft. Comentaram comigo, acho que foi a Patrícia, da Microsoft, que em momentos como aquele a gente acha que "pode dar certo".

É verdade. Dava para ver em volta a garotada, não os universitários vencedores da noite, mas nos estudantes na platéia, com seus uniformes de escola pública. Por um momento, um mágico momento eles saíram do condicionamento de arrumar um "emprego estável" e "levar comida pra casa", que é o único grande objetivo na vida de 99% da massa trabalhadora. Por um momento eles não queriam fazer concurso pro Banco do Brasil e arrumar uma "estabilidade".

Ali a Criatividade estava sendo premiada. Não a peixada, não o esquemão "votem e mim", não quem teve mais dinheiro para montar um projeto cheio de efeitos especiais. Aliás o projeto com o "efeito especial" mais criativo, que por acaso ganhou a competição, recriou a Touch Wall da Microsoft. Um dia eu vi o Bill Gates demonstrar a tecnologia. No outro um grupo de estudantes de Pernambuco usa um controle de Nintendo Wii, um projetor e CÉREBRO para reproduzir o efeito.

Investir em tecnologia é isso, é dar oportunidade para que empresas criativas tenham acesso a esses garotos, enquanto eles ainda acham que podem CRIAR, antes de caírem nas mãos de empresas chatas e burocráticas que só falam em métricas, pontos de função, desvio de uso e justificativa mercadológica dos projetos.

Esses jovens podem sim mudar o mundo. Os que não podem mudar o mundo são os concursados do Banco do Brasil, e são concursos assim que mantém as boas mentes longe das Estatais.

Devo dizer que fiquei inspirado pelo evento e pelo discurso do Joe. Tanto que nem dei muita bola quando a mestre-de-cerimônias entrou e era a Renata Fan.

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OK, era um mulherão, mas confesso que estava tocado demais pelo clima do evento para me preocupar com isso. Devo estar ficando velho e emotivo. Ou bicha.

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