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Aprender com os próprios erros e não repeti-los é algo que não pode ser chamado de mistério. Também não é algo que vá tornar sua vida maravilhosamente fácil, pois a quantidade de erros NOVOS que temos para cometer é imensa.

Mesmo assim é essencial, como dizia Richard Bach, ser atropelado pelo grande “rolo-compressor da experiência”. Isso separa os homens dos meninos, ou pelo menos os homens das salsinhas, pois repetir os mesmos erros é no mínimo burrice. Ou a Rihanna.

Por isso quando vejo gente reinventando a roda (quadrada) fico sem-ação diante da ignorância alheia. Como no caso dos idiotas Rocky Mountain News, um jornal com 150 anos de idade, do Colorado, EUA, que não aguentou a sangria de anunciantes, não conseguiu uma presença online decente e fechou, com direito a um vídeo emocionante, snif, snif, último dia da redação, bla bla bla:

Final Edition from Matthew Roberts on Vimeo.

A culpa não é de ninguém, a não ser de Darwin. Quem se adapta sobrevive. Eles não conseguiram se manter relevantes, morreram. Ter 150 anos não quer dizer nada, transporte a cavalo existiu por milhares de anos e foi literalmente dizimado pelo automóvel em menos de uma geração.

Avançar no tempo sem avançar a forma de pensar é suicídio mercadológico, profissional, pessoal.

Essa falta de visão é diametralmente oposta a jornais como o Guardian, de Londres, que lançou sua Open Plataform, um serviço, com API pública para disponibilizar o conteúdo do jornal para programas externos. Claro, com isso estão criando uma rede externa para exibição de publicidade, que é um preço justo a pagar pelo conteúdo.

Os idiotas supracitados do Rocky Mountain News são idiotas por não perceber essa mudança de modelo, mesmo quando o próprio jornal morreu por causa disso.

Um grupo de jornalistas do antigo jornal resolveu que ainda poderiam ganhar dinheiro com Internet, investindo seu know-how de anos fazendo o jornal. Então se saíram com uma idéia revolucionária:

Querem cobrar US$4,99 por mês dos leitores, com um mínimo de 50.000 assinantes. Assim montariam uma equipe e passariam a produzir notícias online.

Mamar na vaca eles não querem, né?

O mundo INTEIRO está fugindo do modelo de assinatura. Hoje em dia só se paga por conteúdo se for algo muito, muito especial. Não exclusivo, especial. Pagar por notícias não faz parte desse modelo. Por isso eu acho muito difícil que o In Denver Times, a nova iniciativa deles dê certo.

O que vai acontecer é que eles irão para o buraco, como tantas carruagens sem cavalos que não aceitaram que deveriam ser automóveis, e culparão o Progresso, que por algum motivo obscuro não lhes garantiu o espaço e o sucesso que (em sua mentes somente) lhes era devido.

Um de meus melhores professores da ESPM, o Mílvio, ensinou que não importa que ontem você tenha criado uma campanha maravilhosa, hoje ela está embrulhando peixe na Praça XV. Prêmio também não adianta. Você pode ter 20 Leões no currículo; só continuará no emprego se matar um leão por dia.

A “nova mídia” cabe praticamente na mesma lição. Você consegue transferir prestígio, com isso alavancar um projeto online, mas se você não entende o formato, o modelo, de nada adianta ter a marca mais poderosa do mundo. Uma hora vai quebrar.

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