Um dos brinquedos preferidos de minha infância politicamente incorreta foi o Meu Pequeno Químico, uma monstruosidade que colocava na mão de crianças incautas substâncias perigosíssimas como o Monóxido de Dihidrogênio, causador de milhares de mortes todos os anos. Cobaias imersas nele morrem em minutos. Aeroportos vasculham e apreendem passageiros que tentam embarcar mesmo com pequenas quantidades.
Também havia marcadores, Fenoftaleína, pipetas e -pasmem- tubos de ensaio de VIDRO.
Ao contrário de uma Bíblia, livro que nunca causou mal algum, o Pequeno Químico, a coleção de Júlio Verne e O Mundo Animal me transformaram em uma espécie de aficcionado, e só não segui carreira científica por não ser inteligente o bastante pra isso mas inteligente o bastante pra perceber que gostava de dinheiro ;)
Nos áureos tempos eu era quase um Leonardo (ainda sou, mas lembro mais a tartaruga. A ninja, não o piloto). Uma hora estava fazendo experiências criogênicas com insetos (moscas ressucitam, baratas não) examinando células vegetais no microscópio (futucar o núcleo de uma célula de cebola é legal) ou brincando de Robert Goddard, redescobrindo em frações de segundo os princípios básicos do foguete, e entendendo o motivo da explosão antes dos estilhaços de plástico atingirem meu peito e deixarem filetes vermelhos de sangue, um zumbido altíssimo nos ouvidos e minha resposta no automático “não foi nada”antes que minha mãe viesse ver o que aconteceu.
Depois de descobrir independentemente um dos Princípios da Relatividade (isso é verdade, um dia conto. Não foi mérito meu, estava apoiado no ombro de gigantes) fui ficando sem tempo para brincar de cientista, o que só aumentou a inveja pelos que fazem isso e ainda ganham.
Restou assumir meu Rubinho interior e fazer a 2a coisa mais divertida em ciência, que é ser “Divulgador Científico”. Meus blogs sempre falaram sobre o assunto, e recentemente consegui dar uma de subversivo e introduzir a categoria “Ciência” no MeioBit.
Achei o máximo quando surgiu a rede Lablogatórios, que depois virou a ScienceBlogs Brasil, estão entre os links que mais retuito, a ponto de ficar claro um interesse velado, que as más línguas dizem ser parte de meu plano para clonar a Luciana Vendramini. Calúnia, meu plano É clonar a Luciana Vendramini. Não tem outra parte.
Por todo esse passado quando surgiu o convite pro EWCLiPo já gostei, quando vi que não era pra cobrir, mas para apresentar um painel, gelei. Primeiro pq esqueci que não sou mais tímido, segundo porque é uma platéia complicada. Não dá para me safar com piadinhas kibeloco, e um povo que chama um evento de EwCLiPo – Encontro de Weblogs Científicos em Língua Portuguesa é alienígena demais a conceitos de marketing para ser enrolado com buzzwords, monetização, sinergia, long tail, etc.
Como não sou o Fábio Seixas e não tenho camisetas para distribuir nos casos de platéias difíceis, a saída será planejar uma apresentação a altura. Isso ou rezar pra dar tudo certo.
O Encontro será em Arraial do Cabo, no final de semana de 25 a 27 de Setembro. Se você quiser me ver pagando mico na frente de um monte de cientistas-blogueiros, é a hora. Veja neste post do Rainha Vermelha mais detalhes de como participar.
Sem contar que me falaram que esses encontros de cientistas são cheios de gatas, tenho tudo pra arrumar uma namoradinha ajeitada. Se me der bem podem deixar, tiro foto e posto por aqui.