Segundo a teologia mórmon, no começo do Século XIX um sujeito chamando Joseph Smith teve uma visão onde Deus e Jesus o inspiraram a criar uma nova religião. Visitado também por um anjo ele recebeu placas douradas com escrituras antigas, e duas pedras usadas para tradução dos textos.
As placas contam que, nos tempos bíblicos um grupo de hebreus emigrou para o continente americano, sendo os índios originais. Eles eram brancos, mas quando outros grupos mataram os hebreus originais, Deus os puniu transformando-os em peles-vermelhas.
Por ordem do anjo Joseph Smith não podia mostrar as placas ou as pedras para ninguém, só mostrando as traduções. As pessoas, claro, acreditaram. O Livro de Mórmon descreve a 2a Vinda, e como Adão e Eva viviam no Jardim do Eden, que ficava em Jackson County, Missouri.
Soa estranho, mas o mormonismo não é mais ou menos inverossímil que qualquer outra religião, só não tem a “credibilidade” que o tempo atribui. Hoje Cientologia é considerada algo ridículo, se sobreviver por 500 anos talvez seja até levada a sério.
No geral embora soe como um clássico caso de egocentrismo americano, o Mormonismo é um movimento “do bem”. Mórmons tendem a ser gentis, educados, não enchem o saco dos outros e entre todos os vizinhos com amigos imaginários estão entre os melhores.
Exceto por sua fixação com conversões.
Eles entendem que pessoas que morrem professando outras religiões não irão para o céu, e isso é injusto. Então utilizam seus enormes bancos de dados genealógicos para promover cerimônias onde batizam esses mortos como mórmons.
O principal alvo dos mórmons são judeus vítimas do Holocausto, pois seus dados estão bem documentados (palmas pra IBM). Esses batismos póstumos geraram bastante controvérsia, compreensivelmente a maioria dos judeus não gostou de saber que seus parentes falecidos agora eram cristãos.
Oficialmente suspensa em 1995, a prática na verdade só estava sendo feita em segredo. Um screenshot do banco de dados secreto dos mórmons revela que ninguém menos que Anne Frank foi batizada, e agora é uma cristã.
Elie Wiesel, Nobel da Paz e sobrevivente do Holocausto pediu publicamente a Mitt Romney, candidato mórmon à Presidência dos EUA que intercedesse para parar com a prática de batizados póstumos.
Logo depois descobriu-se que Elie Wiesel está marcado nos bancos de dados mórmons como “pronto para conversão”, é só morrer e será batizado, como já foram 610 mil judeus falecidos.
O número, claro, é incerto. Anne Frank mesmo foi batizada nove vezes, foram preciso várias aplicações para remover o judaísmo dela!
Para quem está de fora a situação é ridícula, não é mais gente brigando quem tem o melhor amigo imaginário, é gente brigando para que os MORTOS tenham o melhor amigo imaginário.
Mesmo assim –e isso separa o materialismo racional do radicalismo religioso- as pessoas têm o direito de acreditar no que quiserem, é uma questão FUNDAMENTAL que as escolhas de vida de alguém sejam respeitadas, inclusive depois de mortas. Se o sujeito viveu e morreu como judeu, católico ou flamenguista, ninguém deveria poder decidir que aquela pessoa não era mais aquilo que disse ter sido durante toda sua vida.
O batismo póstumo mórmon é imoral. Como disse Stephen Colbert:
“Como o católico mais famoso e importante da televisão, não apoio o batismo póstumo mórmon. Se você vai batizar alguém contra sua vontade, faça do modo católico, com uma Inquisição”
Colbert fez uma matéria inteira sobre o caso, e fechou com chave de Ouro: Como seus amigos judeus estavam incomodados com os batismos póstumos, o mais justo era contra-atacar na mesma moeda.
Então, com os poderes atribuídos a ele por ter alugado Yentl, Colbert realizou uma cerimônia de circuncisão póstuma utilizando um cachorro-quente e um estagiário, e transformou todos os mórmons mortos em judeus.
Piada, brincadeira, inválido? Que eu saiba o Colbert tem tantos poderes mágicos quanto qualquer outro líder religioso, e em termos de seguidores, sua audiência é maior que o número de mórmons no Brasil.
Para todos os fins práticos eu acredito que os mórmons mortos agora são judeus. E se reclamarem, lembro que pra maioria dos religiosos orientação sexual é uma escolha, pode ser modificada então mórmons mortos podem ser transformados em gays, através deste site.
Melhor ficarem como judeus, assim ao menos cultivam o hábito de não sair por aí convertendo presuntos à força.
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