Na verdade essa discussão vem de berço. Nossa cultura do Maior do Mundo só admite que nos aliemos a campeões. Ronaldinho é o Melhor do Mundo? Beleza. Ayton Senna imbatível? Ótimo. Barrichello disputando junto com os cabeças, mas sempre atrás do alemão? Inconcebível, é um perdedor, um fracassado. Não basta correr na Ferrari. Tem que ser o máximo entre os maiores.
Sejamos realistas. Todo mundo só anda de Porsche, come no Fasano e namora a Luciana Vendramini? Uma Sarahyba também pode ser divertida. É vergonha ser visto do lado dela? Na Internet brasileira a cultura do Maior do Mundo achou terreno fértil (talvez abundância de adubo) para se desenvolver. “Eu uso YYY, dizem que é o melhor”. “Instalei o sistema YYY. Li que não há nada superior”.
As argumentações são várias, coloridas e emocionais, mas ninguém tem a decência, a hombridade, a humildade, a SIMPLICIDADE de dizer “eu sei que YYY é tecnicamente melhor, experimentei as alternativas e uso XXX porque gosto”.
Para alguém usar uma ferramenta ela precisa ser a melhor. É um atentado ao ego ser visto com algo de qualidade questionável (leia-se abaixo do líder). Assim como “gostar” de algo é argumento muito fraco para uma adoção.
Aqui na Matrix isso ocorre direto. As tribos de fanboys se digladiam o tempo todo sobre quem é o melhor seja lá do que for. Neste post artigo texto sobre o Debian ter sido hackeado, os comentários são sintomáticos. Ninguém discute o mérito da invasão, o grande tema é a suposta arrogância do pessoal do Debian, e como a tribo XXXX é melhor, junto com sua distro, bla bla bla.
O fanboy usuário dos “melhores programas e ferramentas do mundo” fica em uma posição confortável. Defende a liberdade de escolha desde que a opção escolhida seja a dele. Quem insiste em seguir outro caminho, é tratado de forma condescendente, como mais um dos pobres coitados que ainda não viram a luz. Como os OpenXiitas que acham que “Seja Livre, use Linux” significa que todo mundo que não usa Linux não é livre, não admitindo que alguém opte por uma alternativa.
Neste post do Web-Z, o Marcelo fala sobre Mitos do Firefox, que provam sua tese de que o Opera é o melhor navegador. Eu não discordo, tecnicamente ele é muito bem-resolvido, agora sem os anúncios irritantes está bem melhor, é o que uso no meu PocketPC inclusive. Só que a questão é:
Eu não gosto. Prefiro o Firefox. Em segundo, o Explorer. Não me adaptei ao Opera, em termos de recursos ele me atende, mas a filosofia do programa não me agrada, me sinto mais à vontade com o Firefox.
Deixo muita gente irritada quando revelo que não uso o Bloglines, o Outlook ou o Gmail. A solução de email que melhor me atende nem de longe é a melhor do mercado, é um programinha feito por um estudante japonês, que parou de ser desenvolvido em 2004, o Becky Internet Mail. Meus RSS são lidos via Omea, que não é web2.0, não é tagueável (inventei agora) e muito menos multiplataforma.
Não morri por causa disso.
Assim, fica minha recomendação: Use o que você achar melhor, não o que te disserem que é o melhor. Não há nada de errado em seguir tendências, mas isso é bem diferente de fazer parte de um rebanho.