Não pergunte o que seu político pode fazer pela blogosfera

Spread the love

Mas o quê a blogosfera pode fazer por seu político. (plagiando JFK)

Estava lendo este texto no Tech Letters, basicamente fala sobre a Malásia implantando uma Lei para controlar os blogs. (calma, companheiro, segure a bandeira) Escrever em blog, como qualquer atividade, envolve responsabilidade. Aqui nós estamos sujeitos a processos, se você disser algo no blog é bom que saiba do que está falando. Eu concordo, é muito fácil para um blog de alta visitação iniciar um meme (no sentido original do termo) prejudicial a um indivíduo ou empresa.

Assim como aqui, na Malásia o maior problema são os comentários, que provocam a maioria dos processos, caindo em cima dos blogs.

Se O Globo publica uma carta com uma informação errada, ou uma declaração de um entrevistado recebida em boa-fé, no máximo ele é obrigado a publicar um direito de resposta. Não há a presunção de má-fé por parte do veículo de imprensa.

Já casos onde é praticado o mau jornalismo, como o caso da Escola de Base, merecem todo o rigor da Lei, sejam publicados em jornal, sejam em blogs.

Aqui entra o problema: Nossos políticos não entendem os blogs. Não entendem a Internet.

Não é culpa deles. Nos EUA o Senador Ted Stevens, líder do Comitê do Senado para Transportes, Comércio e Ciência (grifo meu) definiu, em uma entrevista, a Internet como “uma série de tubos“. Larry King, um dos mais famosos e respeitados jornalistas da CNN nunca mandou um email na vida.

contraditorium-congresso-tn Não pergunte o que seu político pode fazer pela blogosfera

Poderíamos fazer blogs e blogs demonstrando o quanto somos mal-compreendidos, como somos coitadinhos, como deveriam nos tratar melhor nos corredores do Legislativo. E seríamos apenas mais um grupo de pedintes.

Acredite, políticos, como todo mundo odeia pedintes. Políticos, como todo mundo, adoram cobrir a retaguarda. Se o sujeito tiver uma carta assinada de Deus ACM dizendo que ele está coberto para votar em um determinado projeto, ele fica muito mais tranquilo.

A maior parte dos que votarão e/ou proporão projetos sobre Internet não entendem nada dela. No máximo estarão pessimamente assessorados, como o último grande projeto de regulamentação de Internet, cujo “mentor intelectual” foi um funcionário do SERPRO que pelo texto nunca viu um modem ADSL na vida. Como podemos querer que os políticos entendam nossas necessidades assim?

A proposta:

Eu sugiro que seja criado um movimento/organização/blog/qualquer coisa apartidário, sem NENHUMA orientação política, que desenvolva materiais de orientação voltados para a classe política, em todos os níveis.

Vamos ensinar o que sabemos, vamos mostrar o nosso dia-a-dia. Há muito pouco sendo feito para dificultar a vida dos scammers com seus emails falsos de fotos de acidentes, passagens da gol para Porto Alegre, débitos no SPC/SERASA, etc. Esses mereciam muito mais atenção. Mas quem efetivamente escreveu para um político pedindo uma legislação específica?

Na parte de jogos, há a clara (e errada) percepção que jogos estimulam a violência. Demonstrar através de estudos independentes e boa argumentação que isso não é verdade é muito melhor do que dizer “que idiota!”.

Imaginem isso como um canal de mão-dupla. Políticos podem usar esse site/blog/serviço para expor idéias de projetos, e ter um retorno de quem efetivamente será afetado pelo projeto. A regulamentação dos Profissionais de Informática por exemplo ganharia muito se tivesse passado por isso.

Esse tipo de projeto, entretanto, tem que ser controlado com mão-de-ferro. Um vereador do PCB tem que receber o mesmo tratamento que um senador do PFL, não importando que quem responda seja um cripto-militante do PV. De preferência respostas mais complexas deveriam ser aprovadas por um grupo.

Graças à ferramentas de monetização teríamos verba para produzir cartilhas e outros materiais “analógicos”, que podem fazer toda a diferença, quando lidos em uma viagem de avião, por exemplo. Imaginem um deputado fechando uma cartilha simples, direta e objetiva, e dizendo “ah, agora entendi esse tal de P2P”. A própria questão de música online já poderia ter sido resolvida, com incentivos para projetos de venda via Internet, sem DRM. Mas há alguém falando com os políticos sobre isso? No máximo as gravadoras.

Tenho contato com alguns políticos, vou fazer uma consulta sobre a receptividade desse tipo de iniciativa. Quem conhecer algum também, peço que faça o mesmo. Vamos ver se com isso protegemos o nosso traseiro de um futuro que não será bom para ninguém.

NAOTAFACIL2 Não pergunte o que seu político pode fazer pela blogosfera