Se o Estadão daqui é assim, imagine o da Austrália

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Eu não tenho muitas ilusões quanto ao Jornalismo Especializado. Se o sujeito fosse um economista bom mesmo não estaria em um jornal, estaria dando aula, no máximo escrevendo artigos eventuais, ou quem sabe um blog. Isso vale para todas as áreas. Ciência, Medicina, Tecnologia. É uma questão de Economia, um bom profissional de outras áreas ganha mais que um jornalista especializado comum. Portanto, vamos assumir que quem escreve sobre determinados temas não é necessariamente especializado, mas conta com bom-senso e percepção do mundo que o cerca, correto? Você pode não saber os intrincados detalhes da política brasileira, mas se cobre o Brasil pelo New York Times sabe que o Presidente é o Lula.

Detalhes desse nível não deveriam ser exigência, do mesmo jeito que hoje em dia profissionais de informática não são mais questionados se conseguem ler textos em inglês (é algo tão essencial que quem não tem essa capacidade acaba excluído do Mercado). Jornalistas, por definição, deveriam gostar de ler, acompanhar o máximo de informação possível e estar por dentro das tendências e discussões do mercado que cobrem, correto?

Então me expliquem: Como diabos alguém faz isso?

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“HACKERS have unlocked Microsoft´s new iPhone…”

Sério. Não saiu no Estadão, que já demonstrei aqui não se preocupar muito com pesquisa e precisão dos fatos, saiu no Herald Sun, um jornal australiano respeitado, e o mais vendido. Saiu inclusive na versão impressa. Na online o artigo foi apagado, mas uma busca no Google entrega, no primeiro link o texto comprometedor.

iPhone. A blogosfera chiou, vários sites boicotaram, ninguém aguentava mais tanto ouvir falar do iPhone e da Apple. É um nome que está nas TVs, nas revistas, foi capa da Time, foi um dos maiores hypes de todos os tempos. Como um ser consegue ser tão alienado a ponto de dizer que ele é da Microsoft?

Mais uma vez eu pergunto: Onde estão os redatores, editores, chefes de redação, revisores? Será que TODOS que leram o artigo não sabiam que o iPhone era da Apple?

A conclusão que estou chegando é:

A credibilidade e compromisso com a verdade de um blog é equivalente a de um jornal impresso, pois se o jornal tem uma equipe muito maior para evitar esse tipo de erro, e essa equipe não funciona, terminamos em condições iguais: Um sujeito escrevendo um texto, da melhor forma possível, dentro de suas limitações. A diferença é que se o Herald Sun faz uma cagada, ele apaga o artigo do site. Se eu faço eu assumo, meto um overstrike, agradeço quem indicou o erro, e sigo com a vida.

Os veículos cada dia se tornam mais irrelevantes, ao mesmo tempo que as pessoas retomam seu lugar de destaque. Se por um lado isso é excelente, dando autonomia a muita gente boa, muito mais gente ruim, que não sobreviveria sem uma redação pra se encostar, vai começar a ficar com medo. Não duvidem se as campanhas antiblogs mais fortes não vierem da direção, mas dos escalões inferiores das redações.

Só não se preocupem, pois se tudo que tivermos a temer é gente que não sabe nem que o iPhone é da Apple, nós já vencemos.

Fonte: Fake Steve Jobs


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