Das Salsinhas, Peixinhos Dourados e GoogleBombs

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Você lembra da Cicarelli? É, nem eu. Todo mundo pediu-lhe a cabeça (tolinhos, eu pediria seus magníficos peitchos) na época em que ela fechou o YouTube. Hoje ela apresenta prêmios da MTV, vai ganhar mais um programa e todo mundo continua assistindo normalmente a MTV (na medida que alguém ainda assiste a MTV).

Todo mundo ficou indignado, xingando, mandando emails de protesto. Depois que a poeira abaixou, não vi nenhum blog reclamando dela. Ninguém mantendo um plantão-cicarelli (que não seria de todo ruim) mandando emails, simplesmente mantendo viva a indignação. Nem eu, que sou chato, fiz isso.

Quando começou o hype de protestar contra a absolvição do Renan Calheiros nem me dei ao trabalho.

Primeiro, eu acho mesquinho demais alguém se orgulhar de um “protesto” que se resume a uma busca no Google. É o cúmulo do comodismo. Cara-pintada de sofá ninguém merece. Quer protestar mande emails, organize eventos, mobilize. Google Bomb não é nada mais que uma brincadeira boba, seja você um Fracasso Miserável, um Déspota Cachaceiro ou mesmo o Homem que Nunca Broxou.

Segundo, na semana seguinte ninguém mais vai estar falando do Renan Calheiros e sua corja. (mas falarão de sua amante bonitona. OK, concordo, eu também falarei)

Outro hype surgirá, outra tragédia, outro avião cairá, outro momento de indignação nacional unirá a blogosfera em torno de um objetivo (efêmero) comum e teremos até selinhos da campanha Blogs Contra XXX.

Pelo visto essa percepção da memória curta dos blogueiros (igual a dos peixinhos dourados, 5 segundos, exceto no Myhtbusters) não é só minha. Vendo o blog do Borbs hoje vi que o Estadão fez uma matéria só com blogueiros. Curioso é que mantiveram a “coerência”. O Borbs se arrependeu da foto, pediu para que não a usassem, e claro, foi a foto utilizada na matéria.

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Vejamos: A blogosfera em peso fica indignada, faz, acontece, xinga, briga, mas agora passou, somos todos amiguinhos, vamos passear no bosque?

Não tenho estômago pra isso.

Me reservo ao direito de deixar minha posição sobre um tema independente de hypes, mas também me reservo ao direito de manter a posição, enquanto me parecer a coisa correta a fazer. Na posição de Blogueiro Contraditório mas Coerente, deixo aqui minha posição: Estadão Nunca Mais. Nem links, nem entrevistas, nem fotos pagando mico.

Sei que é irrelevante, sei que sou insignificante para eles (talvez seja até para o Jornal de Uberaba), mas mesmo enquanto dono de um reles blog, tenho uma preocupação com meu nome e minha imagem, sendo que ambos derivam de minhas opiniões e minha capacidade de manter os valores que defendo. Estar associado ao Estadão, hoje, me é prejudicial.

Por mais que eu precise aparecer (não é questão de gostar, cambada anti-probloggers, é business) eu prefiro colocar a coerência antes dessa necessidade. Seria um mundo -ok, uma blogosfera- melhor se mais gente seguisse esse exemplo. Dinheiro é bom, mídia é bom mas se você não defende o que acredita, ou muda o que acredita a gosto do freguês, onde fica sua relevância?


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