Que ninguém nos ouça (e nesses dias de feriadão ninguém vai ouvir mesmo) mas 90% do chamado “Marketing Online” é um lixo.
Longe de mim reclamar, quero mais é que gastem dinheiro no AdWords com seus “Compre Enfeites Natalinos”e outras chamadas inspiradas, mas a triste constatação é que mudou-se a mídia, mas manteve-se a falta de criatividade. Os SPAMs que recebo são reproduções fiéis das malas-direta de 50 anos atrás. Em alguns casos o spammer realmente ESCANEIA a mala-direta, ou manda um JPEG do site. Sem área clicável.
Os mais criativos são os picaretas estelionatários, esses ao menos usam de meios de convencimento eficazes para que o corno de pau pequeno ou o esperto que vai ver as fotos que a gatinha mandou por engano cliquem nos links. Nas agências, a mesma coisa. Existem cases excelentes, como o da Axe com as blogueiras, ou o da Gossip Girl, onde a agência contactou blogueiros pedindo “informações pessoais semi-constrangedoras” e usaram na campanha, gerando um buzz legal.
Mas isso é a exceção. O normal é o blog ser tratado como no máximo mídia convencional. “Oi, tome dezreau para falar desse produto aqui”. Em alguns casos o cliente sequer aceita que a propaganda seja anunciada como tal. Curioso. Ele pede pra Rede Globo não passar o Plim-Plim quado o comercial dele abre o break?
Algumas atitudes são extremamente simples, óbvias mas ainda são raras. Por exemplo: Eu recebi um Grill do George Foreman para testar. Com certeza saiu mais barato do que um post pago, mas muito provavelmente eu não aceitaria fazer, se assim fosse. Fica complicado falar de um produto que não conheço, ficaria falso e artificial. Ao me oferecer o Grill a agência “teve trabalho”, enviando o negócio, eu me senti bem (adoro receber pacotes) e pude colocar a mão na massa. O resultado ficou bem melhor do que um post “compre, dizem que é bom”. Eu saí perdendo por ter recebido um produto mais barato que um post pago? Acho que não. Nem tudo são números frios.
Jáa Intel preferiu seguir uma linha completamente tradicional. “fale aí do nosso comercial”. Fiz o post, recebi, mas faltou tesão. Melhor ficou o post que fiz depois, quando achei fotos semi-nuas das gêmeas do comercial.
Não faria mais sentido oferecer algo como “Cardoso, aqui está o $$ de um post pago. Queremos que você fique com este notebook por um mês e depois escreva um texto sobre o que achou do novo chip Intel MegaPentium XV”? Blogueiros gostam de gadgets, uma oferta dessas garantiria pelo menos uns três posts, pois se conheço minha raça, adoraríamos contar pra todo mundo que estamos testando um mega-notebook da Intel.
É fácil mandar um DVD ou um press release ou então pagar pra que um blogueiro fale de um filme. Mas não seria muito mais eficiente chamar um grupo de blogueiros locais para acompanhar um dia de filmagens? Garanto que o buzz seria bem maior. Só que para isso é preciso ser criativo. A Riot, com a influência do Ian (e agora da Mírian) tem se saído com propostas interessantes, mas a resistência dos clientes me parece muito grande. As verbas também não são isso tudo.
Quando os anunciantes começarem a se interessar mesmo por essa Mídia 2.0, as agências mais criativas terão caído na graça dos blogueiros. E como o espaço para mídia é limitado, Se tivermos que escolher entre um post-propaganda padrão e uma idéia criativa, diferente, curiosa, ficaremos com a segunda, pois com isso faremos posts criativos, diferentes, curiosos, e é isso que nosso leitor quer, seja pago ou não.