Outro dia logo antes de descer do ônibus no Rio Sul tive uma Dúvida: Qual o nome da loura bonitona que participava d’O Povo na TV? Foi branco total, mas eu sabia que sabia.
Automaticamente a mão foi atrás do celular. Nada que uma visitinha ao Google não resolvesse. Só que eu estava na porta, não iria puxar um telefone no meio da rua no Rio. Decidi então usar o plano B: deixar os mecanismos de meu Cérebro agirem, procurando a memória esquecida. Eu sabia que cedo ou tarde eu lembraria, o nome da apresentadora estava no limiar da consciência.
Nessa hora um pensamento dominou todo o resto:
Onde fomos parar, quando usar o Cérebro se tornou Plano B?
O acesso ao conhecimento hoje é muito simples, a Wikipédia é o MacDonald’s da Informação. Tudo está lá, simples e acessível, e com isso estamos abusando de seus recursos como uma criança que descobre as calculadoras e não entende pra quê precisa aprender a fazer contas, se a máquina faz pra ela.
Houve um tempo em que eu não procurava o Google para qualquer coisa que eu tivesse esquecido. Uma coisa é usar um site de buscas atrás de conhecimento novo, outra é usar o Google como substituto do próprio Cárebro.
Hoje temos até Orkut para dizer quem são nossos amigos. Todos programa de Messenger e cliente de email avisa quando o aniversário de alguém está chegando. É incrivelmente patético receber mensagens de “feliz aniversário” de gente que não falou com você durante o ano todo, mas é o que mais acontece. Tende a piorar, quando os programas passarem a automatizar essas mensagens.
Eu não sou um ludita. Eu uso muito a tecnologia, nos anos 80 eu tinha uma calculadora com agenda (não, não era meu Palm) que comportava até 80 telefones. Nesse dia eu parei de tentar decorar os números de todo mundo. Hoje eu mal lembro do meu.
Será que estou abrindo espaço no cérebro para mais conhecimento? Não sei se decorar o elenco de todas as séries de Jornada nas Estrelas é mais importante do que saber de cor os telefones de meus amigos (resposta: sim, é). Também não sei se com 10^14 sinapses, meu Cérebro vai sentir falta de menos de 1K usados para guardar telefones.
Eu não prego a morte do Google (ou meu nome seria Steve Ballmer), apenas prego seu uso racional. De agora em diante vou usar o Google para procurar coisas que não sei, ou argumentos para corroborar algo de meu conhecimento. Nunca para buscar informações que eu sei que sei, só não me lembro. Isso já é preguiça mental.
Ah sim, logo depois eu lembrei. O nome da loura era Christina Rocha, essa da foto (de arquivo) ao lado. A quem interessar possa, não MILFou legal, não.