Eu defendo que conteúdo é muito mais importante do que forma, no mundo dos blogs, mas nas últimas semanas descobri, pra minha surpresa, que há algo mais importante do que o conteúdo e do que a forma: A percepção de trabalho.
Estou falando das revistas eletrônicas. Não os sites que pegam um template safado do WordPress e dizem que são revista, mas da revista diagramada, organizada e distribuída em PDF, como a Feed-se.
Sobre revistas eletrônicas: Eu não acho que seja uma boa idéia, afinal levamos anos para chegar a uma plataforma estável de blogs, temos a liberdade que nenhuma outra mídia teve, nossos textos podem ser melhorados e corrigidos, nosso leitor interage na hora, não dependemos de “cartas da redação”.
Por isso achei que o projeto iria pro buraco.
Nunca me enganei tanto.
A recepção tem sido excelente.
Analisando a maioria dos comentários, percebi que há uma grande admiração pelo trabalho envolvido na criação de cada número. Uma revista devidamente editorada é muito mais “nobre” do que um blog onde os textos são jogados, nós só precisamos escrever e o WordPress faz o resto.
Fotos foram escolhidas, propostas de layout discutidas, uma programação visual foi criada, a revista “deu trabalho”.
Na percepção popular se deu trabalho merece automaticamente mais respeito do que algo feito “com facilidade”.
Uma revista se sustenta com esse “prestígio automático se não tiver conteúdo? Não. Mas o problema é se tiver. No momento em que uma revista, em PDF ou “de verdade” tem conteúdo em pé de igualdade com um bom blog, o blog perde. A revista tem muito mais status. Na cadeia alimentar dos veículos de mídia, os blogs estão lá embaixo. É tão fácil ter um blog que o fato em si não quer dizer nada. Até joga contra, em alguns casos.
É como a diferença entre meros podcasts e videocasts como o Attack of the Show do G4, ou o Galacticast. (mesmo assim o podcast comum já dá mais status que o blog)
Quanto mais difícil de fazer, quanto menos gente fazendo, mais “importante” é o trabalho.
Será motivo para abandonarmos os blogs? Não creio. Toda mídia nova é subestimada. Blogs são diários adolescentes, TV é moda passageira, rádio não vai pegar pois as pessoas gostam de ler, não precisamos de telefones pois temos muitos mensageiros… a lista é enorme.
Qual a saída para os blogueiros que não conseguem o mesmo prestígio que uma “revista digital online 2.0”? Senta e chora?
Talvez não. Tive uma excelente idéia, vamos ver se amanhã eu a detalho por completo. Sintonizem na mesma bat-hora, mesmo bat-blog…
PS: A metáfora da mulher de César será explicada na parte 2.