A rigor não tenho nada contra a data. Pra mim não fede nem cheira. Eu já não ligo quase nada para aniversários, natal, essas coisas, e dia dos namorados é algo que nunca vivi.
Por uma ironia estatística eu tenho uma -ia dizer maldição, mas seria melodramático demais- peculiaridade: Praticamente todos os Dias dos Namorados de minha vida, ou eu estava solteiro, ou estava brigado, ou estava morando junto pra mais de ano. Houve uma época em que era batata: Ia chegando a época, sabia que iria rolar alguma briga.
O único dia dos namorados que passei efetivamente namorando, bem… depois eu descobri que só eu estava namorando, a cidadã me via apenas como alguém que pagava os jantares, e negava para os amigos em comum que a gente tivesse qualquer coisa. Punk, como diriam alguns.
Essa experiência traumática não foi suficiente para dar significado à data, para mal ou para bem, então eram brancas nuvens para mim. Até hoje.
Saí para tomar uma sangria (resolvi variar) no bar aqui atrás de casa. Eis que chego na esquina, carro para tudo que é lado. Um monte de garçons desconhecidos, somados à trupe de sempre. Mesas, mesas e mais mesas, TODAS lotadas. Algumas com famílias a maioria com casaizinhos. Já dizia Nelson Rodrigues: "Nada mais ridículo que casalzinho apaixonado". Eu concordo. Não como crítica, é excelente pagar mico assim, é excelente fazer besteiras homéricas (mas nunca se arrependa) em nome de um desequilíbrio químico (onde li isso?) cerebral.
O meu problema é que esse monte de pombinhos violou a Regra Número 1: Invadiram meu espaço. O MEU bar, a MINHA mesa. E se você acha que estou soando como Jack Nicholson, no Melhor Impossivel, eu agradeço o elogio.