O Garfi chegou a achar que eu estava retido em Buenos Aires, mas gostaria de esclarecer que os boatos de minha assimilação e transformação em argentino são um tanto exagerados.
Se bem que foi por pouco. Antes de ir para o Aeroporto decidi esperar a Mari Jô, do Nomadismo Digital voltar de sua compra de alfajores para subornar as filhotas e poder viajar sem chantagem emocional. Claro, chegamos em cima da hora. Aí descobri que o check-in da Aerolineas Argentinas ficava em outro terminal (como um aeroporto vagabundo daqueles tem DOIS terminais?). Despedi-me da MJ, saí correndo e CLARO, cheguei com menos de meia-hora. E CLARO, não consegui embarcar.
CLARO, era uma sexta-feira. CLARO, início da temporada de férias na Argentina. CLARO, início do Caos aéreo lá. Filas, filas, todos os vôos lotados.
Uma passagem EZE-GRU de menos de US$400 estava sendo vendida por US$800. Portanto tive que usar de toda a simpatia que economizei respondendo leitores para conseguir convencer as moças do balcão que eu embarcaria como fosse, e que a solução que achassem eu ficaria feliz.
Toda hora passava uma por mim, olhava, falava no rádio, a moça do balcão quando não atendia outro passageiro olhava pra mim e digitava. Parecia cyber-sexo de mão-única.
Um brasileiro babaca começou a discutir com elas, depois ficou esbravejando “país de merdaaa…” em frente ao balcão. Eu saí 21:16, ele ainda estava por lá. E foi ficando.
No final um vôo de 20:30 atrasou, foi sair 21:50. A moça bonita conseguiu me encaixar (no bom sentido) e me mandei. Quando entrei no avião, sem deu pra acreditar. Não só eu estava voltando para o Brasil como ela havia me encaixado em uma vaga na classe executiva. Isso mesmo, com direito a talher de verdade e refeição com vários pratos.
Claro que cheguei em Guarulhos no fiofó da madrugada. Nenhum vôo pro Rio e pegar táxi para Congonhas ou Rodoviária não adiantaria. Acionei meu modo maníaco, liguei o iPod e fiquei vendo Big Bang Theory até cinco da madruga. De lá, Bus Service para o Tietê, 1001 pro Rio e cama.
Valeu cada minuto.
E a Argentina?
Meus amigos, eu tenho que revelar. Buenos Aires tem motoristas mal-educados, pivetes nas ruas, malabaristas de sinais, carros velhos, barbeiros, crime e favelas. Buenos Aires é igual a qualquer grande cidade brasileira. Sim, é ruim desse jeito mesmo. Montevidéu é muito, muito melhor em termos de qualidade de vida e população em geral, o argentino é parecido demais com o brasileiro para nosso gosto.
Isso não é São Paulo?
Claro, a Nokia não iria levar a gente para uma roubada, então fomos para a área chique da cidade, Porto Madero ou algo assim.
Porto Madero ou algo assim.
Na fila da aduana (hehe), enquanto os fiscais verificavam se ninguém estava trazendo nada ilegal como fotos do Pelé puxei papo (e eu costumava ser tímido) com a Mariella, repórter do Diário de Pernambuco, filha de carioca, neta de gregos e nascida em Pernambuco. Uma moça globalizada. Pegamos um Remis, e não, não tentei dar uma idéia na menina oferecendo um St Remy. Eu tenho critérios na seleção de minhas Bebidas de Abate. Remis é o nome que dão lá para carro fretado, ou táxi particular.
Chegando na cidade, uma retenção. Um idiota queria entrar à esquerda em uma rua de mão-dupla, mas ao invés de se encostar, fechou a pista inteira. Nosso motorista passou do lado, abaixou o vidro, ergueu o dedo médio e soltou: “Corno hijo de una puta!”.
Definitivamente, me senti em casa.
Mas em casa não tem Mariella
Chegamos no hotel, o Hilton Buenos Aires. Como direi? Acho que há boas evidências de que a Nokia tem dinheiro.
A portaria, vista de meu andar
Isso que é lobby, não aquelas porcarias que fazem em Brasília.
Não é a piscina, é só um laguinho na base dos elevadores.
Incrível como todo mundo que trabalha em hotel chique consegue ser educado ao extremo. E incrível como um Hilton de verdade é bem melhor que o Hilton da campanha Hilton Popular, em Las Vegas.
Acomodados (em quartos separados, mas não porque não confraternizo com jornalistas, mas sim porque a Mirella tinha namorado, e sou moço respeitador) nos encontramos no Lobby no final do dia para uma degustação de queijos, vinhos e belisquetes esquisitos em uma adega local, que em espanhol parece se chamar Winery. Mas foi fraco, só serviram vinho nacional.
Lá conheci a Mary Jô Zilveti, a jornalista-sem-fio que além do Nomadismo Celular e de mais uma penca de outros veículos, é ex-Folha, ex-Estadão, ex-Abril e fanática usuária de seu N73. Ficamos grandes amigos, até por questão de sobrevivência, somos imunes aos nossos venenos… ela inclusive participou da cobertura ao vivo que fiz pelo MeioBit.
Igualzinho ao Formule 1
Na volta pude apreciar melhor o quarto. Lembram do apartamento do Bender em Futurama? Pois é, dava para ser feliz só no armário. Um closet completo, com direito a uma bancada acolchoada que era melhor que muito lugar que já dormi. Mas no quarto de verdade… mesa com tampo de vidro, cadeira executiva e kit de escritório completo, tv de plasma na parede, uma mega cama que se você for fazer sacanagem vem dois atendentes pra ficar balançando, e no banheiro…
Sim eu cabeu ali.
Isso mesmo, uma banheira. E sim, fiz meu próprio tsunami particular. SEMPRE acontece. Quase deixei uma gorjeta para a Rosário, que iria secar aquilo, mas estava fora do meu orçamento.
No dia seguinte, trabalho direto. Apresentações começando dez da manhã, seguidas de entrevistas, entrevistas, entrevistas. Eu tive a feliz idéia de usar o Coveritlive para fazer uma cobertura ao vivo do evento, e sem avisar a ninguém chegamos a 2086 unique visitors acompanhando a transmissão.
Curiosamente a maior parte dos jornalistas presentes ainda usava caderninho e gravadores. Eu e a Mari Jô éramos uns dos poucos com notebooks.
Onde estão os laptops?
Era assustador, enquanto o pessoal anotava em bloquinhos eu filmava e comentava ao vivo. A Mari Jô twittava sem parar. Já é notícia velha nos blogs enquanto nem saiu na maioria dos veículos. Céus, eu amo tecnologia, apesar de ser meio esquisito, como quando o Saulo, da Nokia passou por mim e disse que estava acompanhando a minha cobertura via N95. Ainda bem que não falei muita besteira. Os leitores gostarem do lançamento do E71 e do E66 no Brasil, e eram bem pragmáticos: Quando e Quanto eram as perguntas mais enviadas.
Vão-se os fios, entram os carregadores. Wireless my Ass
O Saulo aliás é o responsável por essa integração entre blogs e a empresa, e está fazendo direitinho o dever de casa. Não houve qualquer discriminação, blogs são tratados como qualquer outro tipo de mídia, inclusive na hora de entrevistar os diretores e VPs da empresa. Isso é ótimo mas exige uma certa responsabilidade de nossa parte. Não dá para sair publicando tudo, OFF é OFF (ouviu, JM?) e conversa de bar não se cita.
Havia gente da América Latina inteira, inclusive blogueiros colombianos e mexicanos, e gente de veículos normalmente não muito ligados em tecnologia, como uma moça da revista DOM.
Sim, bebi no bar be Jesus. Só achei o vinho aguado.
Blogueiros, Jornalistas e Nokeiros
No final fizeram um sorteio. Quem lembrasse da cor dos olhos do David Petts, VP de Business Mobility ganharia um celular. Só que todo mundo entrevistou o David Petts, então todos saíram de lá com um Nokia E66 zero KM, exceto os blogueiros brasileiros, que ganharam um E71. Deliciosamente exclusivo, 5 semanas antes do lançamento…
my… precious…
Lindo, eu sei. E não tem problemas de velocidade como o HTC Touch. Se eu tivesse um Prism ou algo assim não sei se mudaria, mas com o HTC lento e o E71 tão redondinho, com GPS, etc, etc, eu migrei. Aguardem resenha completa no MeioBit.
É bom que fique claro que esse tipo de evento não é exceção, é regra. faz parte da estratégia de comunicação de grandes empresas, e ninguém, ninguém reclama de blogs começarem a ser convidados, no máximo os jornalistas que não são mais chamados para esse tipo de eventos e preferem culpar a blogosfera, ao invés de assumir a própria incompetência.
Para Saber Mais:
Estude, oras.
Recursos:
Post do MeioBit sobre o evento
Set do Flickr com todas as fotos
Resenha do E71 (em breve)