TREMEI! Jornalismo ameaçado pela Internet! (ou não?)

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Jean-Francois Fogel tem credenciais. Já escreveu pra veículos como Le Monde, Liberation, Le Point, Agência France Press, etc. Também é co-autor do livro “Uma Imprensa Sem Gutemberg”, sobre a nova realidade do jornalismo em tempos de Internet.

Em uma entrevista para o site di-ve, ele fala:

“Jornalistas perderam a platéia silenciosa e admirada, desejosa de confiar em tudo que dissessem. A imprensa hoje é recebida com suspeita. A audiência prefere procurar pela informação por conta própria, usando sites e ferramentas da Internet para construir sua própria visão do que deveriam ser as notícias do dia”

“A Internet permitiu à audiência se tornar o jornalista, através de blogs, por exemplo. (…) Eu não acredito que o jornalismo seja tão importante que tenha que ser deixado nas mãos dos jornalistas. Isto é, mais ou menos, o que as pessoas que apóiam o “jornalismo cidadão” estão dizendo. Jornalismo é um negócio sério, sim, mas jornalistas e leitores atuam de formas diferentes. O problema para a imprensa agora é que ambas as partes são importantes. Imprensa e leitores estão casados e não podem se divorciar”

Se você se contenta com o discurso básico “chupa grande imprensa blogs são o futuro PNC do Roberto Marinho”, recorte o texto acima e faça um post mostrando o quanto o mega-jornalista francês garantiu que o Estadão fecha em 3 dias.

Já eu, bem…

Na Internet vivemos a regra do 1%. 1% geram conteúdo, 1% dos que consomem o conteúdo comentam, 1% clicam nos banners do Google, a minha chance de sair com a Luciana Vendramini é de 1% (num dia especialmente bom).

Dado exemplos como os fiéis rezando e recolhendo dinheiro pra igreja renascer, depois do desabamento, dado o convívio com gente normal nas ruas, fica difícil acreditar nesse futuro maravilhoso de jornalismo colaborativo.

As pessoas não querem pensar, não querem questionar. Um dos comentários-padrão que recebo sobre quase tudo é:

“Se você não gosta não assista/use/coma/beba/ouça. Não precisa escrever falando mal”

Isso tem muito a ver com aquele ditado idiota, “se você não tem algo de bom a dizer sobre alguém, não diga nada”.  Funcionou muito bem na Alemanha de 1936 a 1945.

Eu vejo essa sede de informação, essa vontade de querer saber mais, essa capacidade de questionamento em uma minoria. A boa e velha elite de sempre, nós. Não vejo isso aumentando. Não vejo uma horda de estudantes abrindo comunidades no Orkut discutindo o verdadeiro papel da Igreja na escravização dos índios no Sul do Brasil. O que vejo é comunidades de comedores de meleca.

O Jornal Nacional continua firme e forte. A grande maioria das pessoas quando vê um ato de “jornalismo cidadão” ainda por cima critica. O sujeito que ficou twittando o pouso do avião no Rio Hudson foi chamado de idiota por um monte de gente.

A plebe ignara, o populacho, a massa não quer pensar. Não quer questionar. Esse povão não tem o menor interesse nesse novo jornalismo colaborativo cidadão 2.0.

O que vai acontecer é que nós, blogueiros, digerattis, vanguardistas, os 1% iremos produzir conteúdo, colaboraremos com nossos pares e no final a massa nos consumirá da mesma forma passiva, aceitando sem questionamento e pedindo opinião, não dúvida.

Para eles fará pouca diferença se a “Verdade” vem do Jornal Nacional ou do Blog do Cardoso. Uma vez estabelecida a relação de confiança, a informação é engolida.

Isso nos traz uma responsabilidade muito além da que um reles blog deveria ter. Não sei se quero esse cálice.

O problema não são os blogs, é o público. É hora de mudar o público, mas isso não é trabalho de blogueiro, é trabalho de professor.

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