Marketeiros de Guerrilha, conheçam seu avô

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O pessoal que faz viralzinho (já falei que adoro o slogan da Espalhe?) costuma entrar numa trip de que estão revolucionando o mundo da propaganda, mas muitas vezes escorregam naquilo que falei no post passado (acho): os clientes querem “viral no Twitter” porque leram na Época que o Twitter é a onda do momento, querem “ação no YouTube”, mas não se interessam pela idéia.

Ao invés de boas idéias, vendem modernidade, mas uma modernidade vazia, sem conteúdo. E nós consumidores queremos conteúdo, pertinência, boas idéias. A modernidade que se dane. Na maior parte das vezes ela não existe. Vejam por exemplo as ações que William Castle fazia para promover seus filmes, nos anos 50/60:

William Castle era um produtor de filmes B de terror, especializado em lotar as platéias. Seus filmes não tinham nada demais, exceto que suas “ações de guerrilha” atingiam em cheio o público. Exemplos:

Em Macabre, de 1958, cada membro da platéia recebia uma apólice de seguro da Lloyd’s de Londres, no valor de US$1.000, uns US$7.000 corrigindo pela inflação. A apólice seria paga caso o sujeito morresse de susto, durante a exibição do filme.

Macabre – aviso do seguro de vida

Para aumentar o clima, os bilheteiros e assistentes do cinema vestiam roupas de médicos e enfermeiras, e uma ambulância ficava na porta do cinema.

Em The Tingler, 1959, ele instalava vibradores (no bom sentido) no assento de alguns lugares da platéia, no auge do filme um cartaz pedia para as pessoas gritarem pois o monstro estava solto no cinema. Os vibradores eram acionados, as pessoas gritavam de verdade, era uma farra.

Em outro filme William Castle contratava atores para se misturar na platéia, e nas cenas assustadoras levantar gritando e sair correndo do cinema.

Em Homicidal, de 1961, a 45s do climax do filme um relógio aparecia na tela, quem estivesse com muito medo poderia sair e pedir o dinheiro de volta. Quando 1% dos espectadores saiu, Castle mudou a tática:

Havia uma passagem especial, com iluminação amarela, levando até o Canto dos Covardes, onde uma enfermeira oferecia para medir a pressão do sujeito. Uma gravação chamava o cara de covarde, e na bilheteria ele assinava uma declaração de “covarde certificado”. As devoluções caíram a zero.

Em Sardonicus, de 1961, a platéia recebia cartões fosforescentes com polegares, onde votariam no final do filme, se o vilão seria punido ou não. “aparentemente” nunca escolhiam salvar o vilão, então o final alternativo jamais foi mostrado.

Isso mesmo. “Você Decide”, e igualmente maceteado.

O grande Chacrinha já dizia: Na televisão nada se cria, tudo se copia. Já eu digo que os que se esquecerem da História estão condenados a repeti-la e se achar geniais por isso.

Dica: Spine Tingler: The William Castle Story, um documentário de 2007 contando a história desse grande marketeiro que só queria promover seus filmes:

Fonte: Wikipedia de verdade


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