O programapanico e o falecido mrmanson

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Hoje em dia o @mrmanson é um empresário tão respeitável que preza pela imagem e evita ser visto em eventos ao lado de gente como eu, mas nos velhos tempos ele foi dotado (epa!) da maior arma que um humorista pode ter: Imprevisibilidade.

Eu já vi, meninos eu vi o MrManson destruir a crença de um garoto ao afirmar que seu livro contando a famosa Viagem ao Piauí não havia passado de um delírio, que ele jamais havia estado no Estado. (viu, fessora Aprendi!)

Ele foi tão cara-de-pau que até eu por um segundo acreditei.

Essa imprevisibilidade eu não acho em lugar quase nenhum. Não existe no “humor” troll da Internet, não existe no StandUp. “O Trânsito do Feriado…” e não existe na televisão desde o tempo em que o Marcelo Tas perguntou se Maluf era ladrão. O único lugar onde acho isso, de vez em quando é no Pânico.

“Ah que absurdo, elogiando o Pânico, que merda! É um idiota mesmo”

Obrigado pela brilhante argumentação, mas deixe-me prosseguir:

Existem dois grandes diferenciais ali, escondidos debaixo do humor jackass e das imitações mal-feitas (Não que imitação bem-feita seja mérito por mais de 15 segundos). Primeiro são as referências, boa parte delas crias da mente distorcida do André, editor do programa, fã de Family Guy, piranha de cultura pop igual ao Seth McFarlane (e a mim) e que não tem problema nenhum de enfiar uma piada obscura que só ele e mais 2 espectadores acharão graça, desde que não comprometa o ritmo principal.

Ontem resolveram invadir o quarto de hospital onde convalescia o Bolinha, diretor argentino do programa, “odiado” por todos. Enquanto andam pelos corredores André taca a trilha Twisted Nerve, aquela música assoviada de Kill Bill. O programa é cheio dessas pequenas pérolas, mas o ritmo é MUITO rápido para quem está acostumado a humor de bancada, onde vendedores entregam a piada, ensinam como funciona e perguntam se quer que embrulhe.

O outro diferencial é a metalinguagem. O Pânico adora quebrar a quarta parede, lembrar que é um programa de TV, mesmo quando em teoria isso estraga a piada.

Contarei um segredo: Em TV tudo é armado, inclusive o improviso. NADA se faz em 5 minutos em TV. Por isso, a sacanagem de invadirem a casa do Bolinha, mostrar o quarto dele e estar cheio de camisa da Argentina, poster do Ricky Martin na parede, foto da Nany People na cabeceira da cama é fake.

A graça é que durante a “invasão” o Emílio Surita falava toda hora “Gente, vocês armaram, isso não é verdade…”

SIGNIFICA: Você está contando o segredo, “estragando” a piada e ainda assim ela funciona. Sendo realista (ou cruel, se você for Polyanna) boa parte do público não pega essa sutileza mas a parte que pega TAMBÉM continua gostando.

Motivo? Para nós a METApiada é mais importante, a ousadia de explicar a CONSTRUÇÃO da piada (e não seu entendimento, como faz o Kibeloco) supera a demolição da situação que já tínhamos como falsa.

É uma ousadia que se vê não em comédia de fórmula, mas em gênios como Andy Kaufman.

Neste ponto os histéricos do Twitter provavelmente sairão gritando “cardoooso comparou Pânico a Andy Kaufman, que absurddddo”. Sendo que enquanto eu vi todas as temporadas de Taxi eles só conhecem Kaufman por ter sido cool por alguns dias falar que assistiu Man On The Moon.

É por isso que o Pânico na TV está no ar desde 2003 e eles só conseguem xingar muito no Twitter.

 

 


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