Em 13 de Setembro de 1942 uma esquadrilha de bombardeiros alemães atacava Stalingrado. Escoltando os bombardeiros Junker 88 estavam vários excelentes caças Messerschmitt BF109.
Defendendo a cidade russa, uma esquadrilha de YAK-1s. No papel era covardia. Os BF109 eram mais de 100Km/h mais rápidos que os russos. Seus motores de 1455HPs riam da cara dos patéticos motores de 1180HPs dos YAKs.
No armamento, nem se fala. Mesmo assim os russos não pensavam duas vezes e partiam pra cima dos alemães na base da dentada.
Quando um JU-88 caiu em chamas metralhado isso só serviu para aumentar a fúria de um dos pilotos alemães, que partiu atrás do líder da esquadrilha inimiga. Vendo o avião amigo em apuros, o YAK que derrubou o Junker partiu em sua defesa.
O alemão notou que aquele piloto russo era bem agressivo, mas ele também não era nenhum novato. Voando sob o comando do General Wolfram Freiherr Von Richthofen, um parente do Barão Vermelho, o Sargento Erwin Maier por si só era um ás, condecorado, com nada menos que 11 vitórias em combate aéreo.
Se tivesse tempo de desfilar o currículo talvez a História tivesse sido diferente, mas o caça russo não quis saber. Partiu pra cima do nazista, sentando o dedo no canhão de 20mm até que, com o avião em chamas, o pobre Sargento Erwin teve que engolir o orgulho e saltar de paraquedas.
Capturado pelas tropas russas, pediu para conhecer o piloto que o havia derrotado. Quando se encontraram ele riu, achou que era brincadeira, até o piloto russo descrever em detalhes as manobras do combate. Nesse momento Erwin Maier descobriu que havia sido derrotado por uma mulher.
Uma jovem de 21 anos chamada Lydia Litvyak. Aquele era seu terceiro vôo em combate e o Messerschmidtt do Sargento Maier foi o primeiro caça derrubado por uma mulher na história do combate aéreo.
Com 14 anos Lydia, que sempre amara aviões, entrou em um curso de pilotagem. Fez seu primeiro vôo solo aos 15 e se tornou instrutora. Com o início da guerra, ela tentou se alistar, mas exigiam horas de vôo além do que tinha em registro. Então, obviamente ela mentiu.
Lydia amava flores, plantava pequenos jardins nas bases onde servia e sempre voava com um buquê na cabine de seu caça, para desespero dos pilotos homens com quem dividia o avião. Para manter os cabelos bem loiros, pedia para uma amiga roubar água oxigenada no hospital.
Mesmo assim no cockpit ela se transformava. Tida como piloto nato e extremamente agressiva, em 22 de Março de 1943 ela atacou junto com outros cinco YAKs uma força inimiga de 12 JU-88s, mais escolta. Depois de derrubar um deles, seu avião foi atingido e ela foi gravemente ferida. Provavelmente rangendo os dentes Lydia derrubou um Messerschmidtt e rumou para a base, com muita dor e sangrando bastante.
Em 16 de Julho, ela repetiu a dose. Desta vez eram 6 YAKs contra 30 bombardeiros e 6 caças de escolta. Ela derrubou um bombardeiro, ajudou na eliminação de outro, foi atingida e fez um pouso de barriga. Lydia se recusou a receber tratamento médico e no dia 19 derrubou mais dois Messerschmidts.
No dia 1o de Agosto de 1943 ela voava a 4a missão do dia, tendo derrubado 2 caças alemães. Lydia estava exausta mas cumpria seu dever de proteger uma força de bombardeiros soviéticos. Talvez fosse a exaustão, talvez o Sol tenha atrapalhado, mas ela não viu dois caças inimigos descendo das nuvens em direção a seu avião.
Seu colega Ivan Borisenko conta que viu Lydia e os dois alemães entrando em uma nuvem. Depois por um momento vislumbrou o avião dela soltando fumaça e perseguido por oito Messerschmidts. Oculta de novo pelas nuvens, Lydia nunca mais foi vista. Procuraram em vão por explosões, para-quedas, inutilmente.
36 anos depois, após muitas investigações, a verdade apareceu. Foi preciso oito pilotos nazistas em aviões muito superiores para derrotar Lydia Litvyak, a Rosa Branca de Stalingrado. Com 21 anos, em sua breve vida ela voou 66 missões, derrubou 12 inimigos, auxiliou em outros tantos ataques e foi uma das duas únicas mulheres a se tornar um Ás em toda a Segunda Guerra Mundial.
Em 1990, corrigindo um erro histórico, o então Presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev agraciou postumamente a Tenente Júnior Lydia Litvyak com a medalha de Heroína da União Soviética, a mais alta condecoração do país.
Se você não fala alemão, ou fala por opção, junte-se a mim e erga um brinde. спасибо, pequena Lydia. Obrigado por ter feito o sacrifício maior, e também por comprovar mais uma vez que a única forma de derrotar uma grande mulher é na base da covardia.