Diário de Classe fazendo escola: Guri gringo cria vídeo denunciando merenda fajuta

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Ano passado tivemos um raro caso de uma celebridade de internet que ficou famosa sem mostrar a bunda, rebolar, falar sacanagem ou fazer merda. Não que o fato de ter 13 anos a impedisse de fazer essas coisas, o funk é bem inclusivo. Isadora Faber criou a página Diário de Classe, no Facebook, onde denunciava o estado lastimável de sua escola.

Isadora ganhou notoriedade nacional, sofreu retaliação por parte da direção da escola, foi ameaçada de morte e acabou virando objeto de ódio da Internet. Parte desse ódio veio de gente ligada ao PT, incapaz de perceber que há sim problemas na educação básica e mais acostumados com uma política stalinista de não-contestação, xingaram e ameaçaram a menina.

Outro grupo foi a invejosfera. Um monte de gente que nunca produziu nada na vida além de memes idiotas se indignou ao ver uma guria de 13 anos ganhando os holofotes que deveriam (em suas mentes distorcidas) ser deles.

Mesmo assim Isadora continua como um exemplo, e mesmo que seus vários imitadores queiram apenas a “fama” que ela conquistou, acabam sendo úteis, sem perceber.

O modelo de Isadora, claro, não é único, ele é fruto da sociedade de informação dos últimos anos, onde todo mundo é famoso por 15 minutos e gerador de conteúdo 24/7. Só somos testemunhas passivas (ui!) se quisermos, temos as armas para nos tornarmos agentes ativos (coça o saco e cospe no chão) de nossas vidas.

O Big Pequeno Brother

Como Zachary Maxwell, um guri de 11 anos de Nova York.

Em 2011 ele começou a encher o saco de seus pais moderninhos, dizendo que queria levar lanche pra escola, ao invés de comer a merenda oferecida pela rede pública. Os pais não concordaram, afinal a cidade havia reformulado os menus, cozinheiras famosas de TV haviam criado receitas gostosas e saudáveis para os pimpolhos.

O cardápio parece delicioso, ainda mais para quem ainda não tomou café, como eu. Nas sextas por exemplo as High Schools de NY servem:

  • Almôndegas Napolitanas
  • Macarrão de grão integral
  • Moro marinara com ervas
  • Feijão verde com alho
  • Sanduíche de pasta de amendoim e geléia
  • Sanduíche de queijo

Dá pra ser feliz com um menu assim, não? Não se as tais almôndegas com macarrão de grão integral se pareçam com isto:

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Como os pais não tinham noção da comida de quartel servida no colégio, Zachary pegou uma câmera e começou a filmar discretamente as refeições. Acumulou seis meses de exemplos, até mostrar tudo aos pais, com a idéia de transformar aquilo em um filme.

Ao contrário de tantos outros casos, onde os pais mandam o moleque ir jogar bola como as crianças normais, ou não prestam atenção afinal ele é só uma criança, ou mandam parar de arrumar briga com a Diretora, os pais de Zac compraram a idéia, montaram uma estrutura de produção na sala e viabilizaram o projeto.

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O resultado foi Yuck – O Filme, um documentário de 20 minutos sobre o triste estado da merenda escolar no Estado de Nova York. Zac está sendo chamado de O Michael Moore da Escola Primária, e o filme já ganhou dois prêmios, além de ter sido selecionado pro Festival de Cinema Independente da Cidade de Nova York.

Aqui a Pizza de Forno com Salada Tricolor, com Brócolis, Couve-Flor e Pimentão Vermelho:

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Um clipe do documentário:

O trailer oficial você acha neste link aqui.

A Secretaria de Educação se manifestou, disse que Zac talvez tenha escolhido as opções sem salada, mas imagens não mentem. Agora o maior problema são os chatos, reclamando por ele ter feito alguma coisa, ao invés de ficar calado, como boa ovelhinha.

Zachary Maxwell é o pesadelo não só da Secretaria de Educação de NY, mas de todo mundo que presta serviços achando que está fazendo favor. As novas mídias sociais têm o poder de ampliar a voz dos idiotas, mas também conseguem ampliar o grito dos excluídos mas criativos. Ser ouvido não depende mais nem da sua causa, mas da forma com que você a apresenta.

Zac poderia apenas reclamar, mas preferiu ser criativo, preferiu ser um rebelde, um desajustado, uma peça redonda em uma cavilha quadrada. Ele representa o ideal de Steve Jobs, no clássico comercial “The Crazy Ones”, aqui narrado pelo brilhante Guilherme Briggs.



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