Examinemos a imagem acima, escolhida aleatoriamente na Internet. Essa moça cujo nome me foge é, segundo os padrões estabelecidos pela mídia machista piroco esTRUpadora, bonita. É consenso. Mas será mesmo culpa da mídia?
É comum o discurso que aprendemos o que é bonito e o que não é, que isso é totalmente ensinado. É cultural, não genético. Faz sentido, qual a vantagem genética de beleza? Nossa ela tem olho claro deve ser boa caçadora? Não funciona assim.
Na verdade funciona. Rhee Seungchul, Professor de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva no Hospital da Universidade Dngguk, Coréia fez uma pesquisa sobre beleza, raça e etniafonte.
Ele criou uma amálgama fundindo rostos de celebridades negras, caucasianas e orientais, chegando a uma média do que é considerado bonito em cada um dos grupos:
Você pode ter suas preferências, eu mesmo tendo para as japinhas, mas é unanimidade que todos os rostos são percebidos como bonitos. A principal causa disso é… simetria. O rosto da moça da abertura é extremamente simétrico, e nosso cérebro está programado para procurar essas características.
Soa fútil, não? Mas tem razão de ser. Nós humanos somos dotados de simetria bilateral. Um humano saudável tem o mesmo número de apêndices e órgãos externos dos dois lados. Um sujeito que nasce sem perna ou sem olho não tem grandes chances de sobreviver na floresta, mesmo que consiga, sua prole sofrerá do mesmo problema.
Esse tipo tende a ser ignorado como parceiro reprodutivo. E não é só entre humanos. Animais com defeitos genéticos evidentes raramente se reproduzem. É preciso estar com tudo em cima para atrair parceiras, e alguns chegam a extremos.
A cauda do pavão é algo totalmente impraticável. Tem função meramente estética, consome uma enorme quantidade de energia e atrapalha até na hora de andar, mas eles insistem. Motivo? Um pavão que consegue manter uma cauda exuberante é um pavão macho alfa provedor safadão. Ele é inteligente para fugir de predadores e consegue arrumar comida suficiente para manter essa rabiola. Essas características são positivas, e as fêmeas as querem em seus filhotes.
Claro que em humanos o conceito de beleza com base biológica não funciona sozinho. O fator ambiental é bem forte. Em épocas de escassez os biotipos mais cheinhos fazem sucesso. Mas pensando bem, o imperativo biológico continua falando mais alto. Se alguém tem acesso a muita comida é sinal de sucesso.
Ao contrário do que prega o Tumblr, quem não tem o que comer não engorda, então as gordinhas de Peter Paul Rubens (1577-1640) são um sinal de fartura e riqueza.
Na imagem acima, A União Da Terra E Da Água (circa 1618) os sites lacradores gostam de apontam que a mulher retratada é goooooooorda pelos padrões atuais, mas o buraco é mais embaixo. Ela ter um biotipo mais cheinho não é o importante. Não é o que torna a imagem atraente. É uma vantagem, sim, da mesma forma que a Luciana Vendramini era bonita quando franjinha estava na moda, mas mesmo hoje a imagem (e ela) continua bonita.
As personagens de Rubens apresentam rostos simétricos, número correto de olhos e narizes, sem marcas ou defeitos de nascença. São traços suaves indicando bastante carne sobre os ossos. As chances de você ter filhos esquisitos é menor, seu cérebro sabe disso.
Simetria é um componente essencial, mesmo fora do “padrão”. Veja a top model Katherine Roll. Tecnicamente ela é “gorda”, não deveria ser sexualmente atraente, certo?
É, eu também ia fácil. A moça é linda, e a programação genética fala mais alto que a cultural, o padrão Panicat que infelizmente tomou conta da mídia não favorece mais mulheres-violão como Luiza Brunet nos Anos 80, mas padrões de mídia são apenas sugestões, e nenhuma musa fitness por mais que se esgoele vai convencer alguém que a Katherine não é linda. Está nos genes, nos nossos e nos dela.
Você deve estar imaginando que essa programação genética é de mão-única, machos atrás de fêmeas, mas não é bem assim. Fêmeas possuem programação genética da mesma forma que os machos, mesmo que os parâmetros sejam diferentes. Mulheres não procuram ancas avantajadas. Mas olhe uma foto dos heróis da Marvel, naquelas cenas absurdas apelativas imorais e desnecessárias colocadas para agradar a platéia feminina:
Exato: Simetria.
Vilões não são simétricos. A quebra de simetria agride o cérebro e faz com que a gente fique desconfortável.
Quando há simetria no rosto do vilão ela é para realçar defeitos e deformidades, que causam repulsa interna. Nós sabemos que eles são malvados, pois tem cara de malvados.
EU SEI, eu vi Shrek, não se julga um livro pela capa, etc, etc, mas estamos falando de reações guturais, não de racionais. O racional é o que faz você não meter a mão no churrasquinho do camelô e sair correndo. Ele não está em discussão aqui.
A questão é que como a mídia tem que nos manipular (no bom sentido) de todas as formas, é mais fácil usar esses instintos básicos. Mocinhos são bonitos e atraentes, vilões são feios e assimétricos. Não é algo feito por maldade, é feito para viabilizar a peça de dramaturgia. Sim, eu vi Goonies, sei que o Sloth é um cara legal mas você acha mesmo que A Bela e a Fera ou o Fantasma da Opera dariam certo com ele no papel principal?
Essa preferência pela beleza simétrica e outros elementos sutis é uma característica de humanos, mas descobriu-se que está presente também em outros grandes macacos.
Bonobos são os Primos Legais dos chimpanzés. São pacíficos, vegetarianos, não brigam por território nem matam os filhotes de outros machos. São quase idealizados de tão gente-boa. É comum Bonobos apresentarem comportamento homossexual, formando casais gays ou lésbicos. Também praticam prostituição, com fêmeas trocando sexo por comida ou presentes. Bonobos vivem numa boa, só querem relaxar. Eles são os maconheiros do Tumblr do mundo dos primatas.
Ah sim, Bonobos são os únicos primatas não-humanos que fazem sexo um de frente pro outro, e a sociedade á matriarcal. As fêmeas escolhem os machos, e ao contrário dos chimpanzés não há estupros, embora isso seja antropomorfizar demais a situação.
Aqui entra uma pesquisa publicada no jornal Current Biology, de título Male reproductive skew is higher in bonobos than chimpanzees.
Os cientistas sabiam que entre os chimpanzés as fêmeas eram restritas aos machos-alfa, que transavam com todas elas, mas não permitiam que outros machos chegassem perto. Como na sociedade dos Bonobos as fêmeas é que escolhiam os machos, e eles são macacos-gente-boa, era natural imaginar que elas seriam generosas e dariam mole pros macacos menos favorecidos pela natureza, que não se pareciam em nada com o Macaco-Pitt, e passavam a maior parte do tempo escrevendo em seus blogs.
A observação derrubou essa hipótese.
As fêmeas bonobas, que de bobas não tem nada, se restringiam a oferecer seus favores sexuais aos mesmos machos que na sociedade dos chimpanzés seriam alfas. Toda aquela história de te considero muito, você é um macaco legal, etc era conversa pra boi dormir.
Os Bonobos amigões com grande personalidade ficavam chupando dedo, enquanto as fêmeas corriam pros Macacos-Flash Thompson, Macacos-Biff Tannen e Macacos-todos os namorados da Ramona Flowers em Scott Pilgrim Kick-Ass.
É claro que isso não é grande consolo para quem ganhou uma banana e ficou na Árvore da Amizade, mas é fascinante ver comportamentos que considerávamos essencialmente humanos sendo reproduzidos por outros animais.
Por isso também todo aquele papo de “desconstrução” é uma imensa bobagem. Você pode se livrar de preconceitos mas não consegue mudar a sua essência genética. Seja você a mais fútil das periguetes ou a mais engajada das feministas, no fundo você vai preferir o Chris Hemsworth ao Pedro de Lara.
Óbvio que sempre dá pra subverter a programação genética, uma das poucas vantagens de ser humano é que a gente baseia a maior parte do nosso comportamento no racional, e sempre dá pra compensar alguma deficiência física grave (como não se parecer com o George Clooney ou a Scarlett Johansson) com um bom papo. Aí entra o que eu sempre digo: Não existe mulher feia, existe mulher chata.
Claro, se você além de feio for chato e sem papo, minha única dica é ir no mercado, comprar um cacho de bananas e procurar uma bonoba ajeitadinha e pouco exigente.