O abominável texto do Polzonoff acertou onde não viu: Super-Heróis são os novos santos

O abominável texto do Polzonoff acertou onde não viu: Super-Heróis são os novos santos

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Essa semana o Polzonoff, a Dercy Gonçalves da blogosfera (pelo número de vezes que abandonou o blog) publicou um artigo no Gazeta do Povo com um chilique que causou vergonha alheia quase unânime na Internet. Ele basicamente acusou Vingadores: Guerra Infinita de ser um filme niilista, materialista e onde “não há nenhuma possibilidade de Deus”. 

Você sabe, o filme daquela franquia onde a Viúva Negra diz de Thor e Loki “Eu ficaria de fora dessa, Capitão. Esses caras vem de lendas, eles são basicamente deuses” ao que Steve Rogers responde “Só há um Deus, senhora, e eu tenho quase certeza que Ele não se veste desse jeito.”

Claro, nada mais materialista do que um filme onde uma das entidades mais poderosas é o Mago Supremo e a outra é o Deus do Trovão. Se pesquisasse ele descobriria que a Saga de Thanos é povoada de discussões metafísicas e teológicas. Ficaria horrorizado ao saber a verdadeira origem das Jóias do Infinito:

Screenshot-08_05_2018-11_03_14 O abominável texto do Polzonoff acertou onde não viu: Super-Heróis são os novos santosScreenshot-08_05_2018-11_03_32 O abominável texto do Polzonoff acertou onde não viu: Super-Heróis são os novos santos

Em resumo, bilhões de anos antes da criação do próprio Tempo havia uma entidade que existia em todas as realidades e todos os universos. Ela era terrivelmente solitária, um dia resolveu por fim à própria existência. Isso gerou um cataclismo que resultou na criação do multiverso. O núcleo dessa criatura, que só poderia ser chamada de Deus se dividiu nas 6 jóias do Infinito.

UAU.

Mas chega, não vou perder tempo com um sujeito que escreve

“Por outro, eu parecia evocar absolutamente tudo o que aprendi na vida (o que não é pouca coisa, modéstia à parte)”

A parte que nos interessa está neste outro trecho do infeliz artigo:

“Então vamos lá: super-heróis são o equivalente contemporâneo dos santos. Só que, veja só, os santos venciam o mal usando de poderes morais, por assim dizer. Honestidade, compaixão, humildade, aquelas coisas que a gente aprende na aula de catequese, até mesmo os que, como eu, nunca fizeram catequese. Enquanto os super-heróis combatem o mal com força, tecnologia e intelecto. Isto é, aquelas coisas que por algum motivo aprendemos a admirar sempre à custa de Deus.”

Ele em sua infinita arrogância diz que não fez catequese mas sabe como os Santos funcionavam. E sim, eu percebi a parte onde ele usa a Internet pra dizer que tecnologia e intelecto são coisas ruins. Nem é o mais errado, isso foi ofuscado pela IMENSA bobagem de achar que santos eram figuras gandhiescas vivendo em paz não-violência e harmonia.

O que ele acertou sem-querer (afinal até um relógio quebrado está certo duas vezes ao dia) foi em dizer que os Santos eram o equivalente dos super-heróis.

Milênios depois da invenção da escrita o grosso do conhecimento humano ainda era passado por via oral. Viajantes entretinham seus anfitriões com histórias de terras distantes, crianças que nunca pegariam em um lápis ou uma pena aprendiam desde cedo as tradições de seus povos através de antigas epopéias, onde o fato e a lenda há muito eram indistinguíveis.

Como é natural as histórias se tornam mais e mais complexas, os feitos dos heróis se tornam sobre-humanos. Um raro exemplo bem documentado é a história de São Bonifácio vs Odin.

São Bonifácio (675-754) era um missionário que foi levar o cristianismo aos pagãos da Alemanha, que provavelmente tinha outro nome na época. Ele pregou na região de Hesse por um tempo, e foi bem-sucedido aparentemente. Voltou para Roma para prestar contas ao Papa Gregório II, curtiu umas férias e retornou para a Alemanha, só para descobrir que o paganismo estava em alta de novo.

Ele chegou logo antes de um jivem ser sacrificado a Odin. Amarrado a uma velha árvore, chamada de Carvalho de Odin, o destino do coitado estaria selado, se não fosse São Bonifácio, que chegou metendo moral, soltou o moleque e com um machado cortou a árvore. Essa é a versão histórica.

Com o tempo as versões foram mudando. Em uma delas São Bonifácio começou a cortar a árvore e uma rajada de vento a derrubou, mostrando que Deus estava do lado dele. Na versão final imbuído de poderes divinos, São Bonifácio ergueu o machado e com a força de mil homens cortou a árvore com um único golpe.

Isso é super o bastante pra você, Polzonoff?

Santos eram tudo, menos santos. Muitos eram pessoas horríveis, como São Vladmir (956-1015), Príncipe de Kiev. Título esse que conseguiu depois de matar o irmão. Caminho livre, estuprou a cunhada, e para não deixar a moça viúva e desamparada a colocou no harém real. Durante uma cerimônia de consagração de um templo, ele matou um pai e um filho em honra aos deuses locais. Para se aliar a Constantinopla durante uma revolta, ele exigiu a mão (e todos os órgãos anexados) da irmã do imperador, que virou sua oitava esposa. A oferta foi aceita, mas pediram que ele se convertesse ao cristianismo. Ele o fez, ninguém acreditou mas o sujeito depois fechou o harém, destruiu os templos pagãos e demitiu as outras 7 esposas.

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CHEGAMOS AO PONTO

Santos tiveram suas histórias exageradas modificadas ou francamente inventadas, o ponto do santo é ser super-humano, eles sobreviveram tantos anos no imaginário popular por seus feitos, seus poderes e suas histórias repletas de arquétipos. Joseph Campbell sabia do que falava. Vejamos então alguns santos que poderiam perfeitamente estar em um filme ou gibi de super-heróis:

1 – Invulnerabilidade a fogo: São Lourenço

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São Lourenço (225-258) nasceu no que hoje é a moderna Espanha, e cresceu dentro da hierarquia católica até se tornar Diácono de Roma, responsável pelo gerenciamento dos bens materiais da Igreja. Reza a lenda que ele distribuía tudo que conseguia aos pobres, então no dia em que o Prefeito de Roma exigiu os tesouros da Igreja, São Lourenço enfileirou um monte de pobres beneficiados com sua caridade, dizendo “Estes são os verdadeiros tesouros da Igreja”.

O Prefeito ficou puto, mandou montarem uma grelha, na qual São Lourenço foi amarrado para ser assado vivo. Dizem que ele ficou por horas no fogo, sem sentir dor alguma. Ao final ele teria pedido para que o virassem pois “já estava bem passado daquele lado”. Por isso ele teria se tornado padroeiro dos cozinheiros e comediantes.

2 – Poder de Vôo – São José de Cupertino

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Voar é um dos superpoderes mais comuns, é algo que qualquer criança associa com o Super-Homem, mas o bom menino católico de 100 anos atrás associaria com São José de Cupertino (1604-1663), que ficava na Itália, não na Califórnia. Ele tinha visões místicas desde criança, o que o levou a uma vida religiosa. Ordenado padre, começou a ter mais visões e momentos de êxtase religioso, Algo perfeitamente aceitável se não há sacristões envolvidos. Durante esses momentos as pessoas repararam que ele começou a levitar.

Logo São José voava pelas igrejas e até ao ar livre, durante procissões. Chegou ao ponto de ser confinado pelos superiores a uma pequena cela, estava distraindo a congregação. Ele foi investigado pela Inquisição, afinal voar era coisa de bruxas, mas foi inocentado. Entre outros ele é o santo padroeiro dos aviadores, astronautas e doentes mentais, não necessariamente nessa ordem.

3 – Bilocação – São Gerardo Majella

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Um monte de gente encheu o saco quando Luke Skywalker usou o poder de Projeção da Força pra estar em Paquetá, ou seja lá qual o nome daquela ilha perdido no fim do mundo, e aparecer mudando o rumo da batalha entre Darth Emo e o que restou da aliança rebelde. (tem Leia são rebeldes, the end). A maioria calou a boca quando o diretor do filme mostrou um livro oficial de Star Wars de anos atrás onde o poder de Projeção da Força era devidamente detalhado, mostrando que não inventou nada pro filme.

Especialistas em mitologia cristã concordam, a bilocação, poder de estar em dois lugares ao mesmo tempo é um poder antigo e comum. Um dos maiores praticantes era São Gerardo Majella (1726-1755). Ele era conhecido por ter poderes de ressuscitar os mortos, multiplicar comida e até andar sobre a água, mas seu sucesso número um era a bilocação.

Segundo relatos uma vez ele precisou muito ir até Muro (Itália) e foi visto na cidade no dia seguinte, encontrou quem tinha que encontrar, resolveu o que tinha que resolver. Só que todo mundo no mosteiro sabia que ele não havia saído da propriedade.  Em outra ocasião o Reverendo Nicholo Fiore de Teora, impressionado com as histórias de São Gerardo, disse a um tal Dr Santorelli que gostaria muito de conhecê-lo. Santorelli disse que organizaria um encontro entre os dois. Dias depois o Padre Nicholo foi até o mosteiro para resolver outros problemas, encontrou o Dr Santorelli e explicou que não precisava mais organizar a apresentação, pois São Gerardo o havia visitado alguns dias antes.

Santorelli sabia que Gerardo não havia deixado o mosteiro. Pediu então que o Padre Nicholo apontasse quem era entre os monges São Gerardo, coisa que ele fez corretamente sem hesitar.

4 – Fator de Cura – Santa Cristina a Incrível

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Ela tecnicamente não é santa, mas Christina de Brustem (1150-1224) foi venerada até o Século XVIII, não foi incluída nas listas oficiais talvez por sua história ser inacreditável mesmo para os padrões católicos. Sua história começou com 21 anos, quando após uma convulsão foi dada como morta, apenas para levantar do caixão momentos antes de ser enterrada.

Christina então levitou para longe, dizendo-se enojada com o “cheiro do pecado”. Ela revelou que visitou o Céu, o Inferno e o Purgatório, foi oferecido para que ele ficasse no céu mas preferiu voltar e tentar livrar outros do pecado. Ela então passou a viver em extrema humildade, vestindo farrapos, sem casa trabalho ou comida. Basicamente uma freegan.

Não satisfeita, ela resolveu aumentar sua penitência, se jogando em fornalhas acesas, de onde soltava gritos terríveis enquanto era consumida pelas chamas, apenas para sair sem nenhuma marca ou queimadura. Ela mergulhava no rio Meuse por horas durante o inverno. No verão ela se deixava levar pela correnteza até um moinho próximo, onde era capturada pela roda e triturada, apenas para sair do outro lado sem nenhum arranhão ou osso quebrado.

Ela costumava correr por arbustos de espinhos e mais de uma vez se deixou atacar por bandos de cachorros selvagens, apenas para emergir inteira. Christina foi presa duas vezes por suspeitas de bruxaria e acabou se acalmando, indo para o mosteiro de Santa Catarina em Sint-Truider. Ela veio a morrer de causas naturais aos 74 anos, o que no Século XIII era basicamente o mesmo que ser imortal.

5 – Comando de Animais – São Columbano

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Primeiro de tudo, nem todo super-herói que fala com peixes é inútil como o Aquaman. Alguns, como o Homem Animal de Grant Morrison são protagonistas de histórias incríveis. Como foi São Columbano (543-615), que saiu da Irlanda para fundar monastérios pela Europa.

Ele era meio bicho do mato, adorava passear pelas florestas, onde era acompanhado por pássaros e esquilos, uma mistura de São Francisco com Branca de Neve. Em um desses passeios ele se viu cercado por 12 lobos. Usando seus poderes animais, ele apenas saiu andando e eles o deixaram passar.

Quando não estava fazendo cegos enxergarem de novo, curando monges doentes ou fazendo nascentes de água surgirem do nada, ele estava na floresta. Uma vez decidiu se isolar em uma caverna para meditar, mas a caverna era lar de um enorme urso. Contra todos os conselhos dos moradores da região ele entrou na caverna, conversou com o urso e o animal foi embora, deixando o local para seu novo habitante.

Um de seus feitos mais impressionantes foi quando o mosteiro precisava ter suas terras aradas, para a semeadura. Passavam necessidades, não tinham animais para o serviço. São Columbano invocou um urso, atrelou-o ao arado e o serviço foi feito.

6 – Basicamente Wolverine – Santa Margarida de Antióquia

daisydaisy O abominável texto do Polzonoff acertou onde não viu: Super-Heróis são os novos santos

Margarida era filha de um sacerdote pagão. Órfã de mãe, como todo bom super-herói, ela foi expulsa de casa quando se converteu ao cristianismo e escolheu uma vida de celibato. Vivendo como pastora e pregadora no que seria hoje a Turquia, ela devia ser bem ajeitadinha, com um razoável número de dentes remanescentes, pois atraiu a atenção do Governador Romano da região.

Como bom incel (bota no Google) e membro daqueles grupos de PUAs, o Governador ficou puto quando a moça disse que não queria se casar com ele, ainda mais com a imposição de abandonar o cristianismo. A resposta foi proporcional, ao menos na cabeça desses caras doentes. Ele mandou que ela fosse presa e torturada.

Margarida foi afogada, ou ao menos tentaram mas ela rezava e permanecia intocada. Mudaram para fogo, mas as chamas não a atingiam. Jogada em uma cela, enquanto deliberavam sobre como matar alguém que se recusava a morrer, ela foi visitada por Satã em pessoa. Na forma de um dragão.

Ela foi engolida pelo monstro de uma bocada só, mas dentro da barriga do bicho a cruz que ela usava cresceu miraculosamente, tornando-se tão grande e afiada que rasgou a barriga do dragão permitindo que ela saísse sem um arranhão. Por isso ela é padroeira dos partos.

Sem paciência para mais sutilezas, o Governador apelou e mandou que cortassem a cabeça de Santa Margarida, que como boa Highlander, bateu as botas.

Assim como o Universo dos Super-Heróis, a lista de Super-Santos é imensa. Temos São Pantaleão (275-305) que foi salvo por Jesus em pessoa e congelou um caldeirão de chumbo derretido onde Pantaleão seria jogado, mais tarde atirado ao mar amarrado a uma pedra enorme a pedra flutuou. Dotado de poderes elementais, São Pantaleão se tornou tão denso que as cordas da roda de tortura arrebentaram. A espada do carrasco que deveria cortar seu pescoço se curvou, e ele só morreu depois de pedir que seus assassinos fossem perdoados. Ele então desejou que seu corpo voltasse ao normal. Sua cabeça foi cortada, da ferida escorreram sangue e um líquido branco. Seria Pantaleão um andróide?

São Dênis teve a cabeça cortada; a apanhou e saiu carregando por vários quilômetros, proferindo um sermão enquanto procurava um bom lugar para seu descanso final. Santa Olívia de Palermo (448-463) com 13 anos foi capturada por Vândalos, invasores que ela costumava caçar e escalpelar. Tal qual uma Arqueira Verde ela era uma mestre no combate armado e desarmado, além de ter quase um poder mental Jedi. Convenceu o líder dos vândalos a libertá-la, e quando voltou pra casa e descobriu que estava órfã, fundou um grupo de jovens vigilantes dispostos a patrulhar a cidade durante a noite, protegendo os inocentes dos vândalos pagãos.

Capturada de novo aos 15 anos, foi exilada no deserto para ser devorada por dragões leões e cobras, como isso não aconteceu um exército foi atrás dela. Tentaram queimá-la mas o óleo fervente não fazia nada em sua pele mutante. Santa Olívia como parece ser a regra, só morreu quando lhe cortaram a cabeça. Sua alma se transformou em uma pomba e voou ao Céu.

Saint-Olivia O abominável texto do Polzonoff acertou onde não viu: Super-Heróis são os novos santos

A única diferença entre santos e super-heróis é que a maioria dos santos não usa a cueca por cima da calça, mas os mitos são os mesmos, os arquétipos são os mesmos. O entusiasmo com que os fiéis recontam as histórias é o mesmo dos nerds de quadrinhos.

Ao contrário do que pensa o Polzonoff, super-poderes, feitos sobre-humanos, nada disso é problema e nada disso diminui a qualidade de uma história. Pelo contrário, vemos os feitos de gente super-poderosa como exemplos. Robin Hood poderia ser um grande ladrão mas só roubava dos ricos para dar aos pobres. Peter Parker ensina que grandes poderes trazem grandes responsabilidades. Super-Homem poderia dominar e escravizar a Terra, mas seu código de moral torna isso impossível.

Há muita sabedoria nas histórias romanceadas dos santos, assim como nas histórias em quadrinhos. Ambos os estilos nos ensinam a pensar grande, a acreditarmos em nós mesmos. Essas histórias terem acontecido ou não, para o Grande Esquema Das Coisas é irrelevante.

James Doohan, o Scotty de Jornada nas Estrelas conta de uma fã que escreveu para ele o que basicamente um bilhete de suicídio. Ele respondeu dizendo para ela não fazer nenhuma besteira, que havia muito pela frente, e que ele exigia que ela aparecesse na convenção agendada para dali a uma semana. A jovem apareceu, estava um caco, mas ele a recebeu, deu atenção, e marcou um novo encontro, em outro convenção, 15 dias depois.

Eles ficaram se correspondendo, Scotty sempre mantendo a menina pra cima, sempre dando uma meta, um objetivo. Foram 2 ou 3 anos disso, até que ela sumiu. Ele temeu pelo pior. 8 anos depois, uma nova carta. Ela agradeceu por ele ter sido a única pessoa presente quando ela mais precisava, que não estava mais naquele lugar ruim. A carta especialmente era para avisar que ela havia acabado seu Mestrado em Engenharia Eletrônica, inspirada no Engenheiro da USS Enterprise.

James Doohan graças a seu personagem de ficção havia salvado uma vida. Se isso não é um milagre, não sei mais o que é. E em verdade você nem precisa ser de verdade para fazer milagres. Um texto antigo da Internet conta a história de uma jovem sofrendo de depressão, em fase suicida que recebeu um gibi do Super-Homem onde ele, morrendo de envenenamento radioativo ainda assim pára pra ajudar uma jovem suicida, e ao invés de apenas retirá-la da beirada do prédio senta e conversa com ela.

A leitora disse que chorou horas, identificando-se com a personagem. Hoje ela tem as notas mais altas da sala, tem amigos, uma vida e “não importa que ele é um personagem fictício de gibis, ainda assim salvou minha vida”.

Escapismo? Niilismo? Histórias superficiais e descartáveis? Talvez, se você não se der ao trabalho de tentar entender. Afinal, pra mau entendedor caprichado na má-vontade, santos são sujeitos de vestido dizendo “seja bom” como uma espécie de ET travesti, e nada mais.

 

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