Um dos Grupos de Ódio mais exagerados nos EUA, que colocam a Ku Klux Klan no chinelo em termos de discurso, é a Igreja Batista de Westboro. Eles são basicamente uma família que perpetua internamente suas crenças insanas, com ataques abertos a gays, mulheres, veteranos… basicamente todo mundo que não seja da igreja.
Curiosamente eles tiveram zero efeito sobre a imagem de outras seitas cristãs, não respinga nem na Igreja Batista de verdade. Qual o motivo? Algo que eu sempre recomendo: Cuide do seu próprio lixo.
Toda, TODA entidade religiosa nos EUA, todo mundo denuncia a Igreja Batista de Westboro. Ninguém passa pano, ninguém prefere ficar quieto pois “apesar de discordar dos métodos, o coração deles está no lugar certo”.
Esse é o meu grande problema com militâncias em geral, do FEMEN aos fanboys de políticos que defendem ardentemente uma posição até seu “mito” mudar de idéia, repetem o mantra “condenado sem provas” pra um sujeito condenado por uma montanha de provas, pedem asilo político mesmo estando no poder (essa vale pro Dirceu e pro Queiroz) ou defendem aquela bobagem sem-tamanho de “Dilma sitiada”.
Ao se calar diante de uma bobagem que alguém ligado a seu movimento fez ou falou, você não está ajudando ninguém exceto seus opositores. Que flexibilidade moral é essa de quem se considera paladino da Virtude, mas aceita verdadeiros absurdos, para não “enfraquecer a causa”?
Eu sou plenamente a favor das causas sociais, o que é diferente de fechar os olhos pras bobagens feitas pelos movimentos sociais, que na melhor das hipóteses são fontes de ótimas risadas, como nos casos abaixo. Então, sem mais delongas…
1 – A Estranha Ciência das Feministas Radicais
Não estou falando da Marie Curie fazendo Cooper. Nem mesmo das bobagens como “Biologia é coisa do Século passado” ou o inacreditável vídeo de estudantes sul-africanos afirmando que magia tribal existe e que um feiticeiro pode matar alguém com um raio, e se você não acredita é um branco colonizador.
O caso aqui é mais divertido, e envolve esta dona:
Ela se chama Luce Irigaray, é uma filósofa -ou seja, palpiteira- belga e como toda filósofa, adora falar bobagem sobre áreas que não entende. No caso, ciência.
Entre as muitas bobagens que ela falou, podemos destacar uma fala, popularizada em 1998 em um artigo da Nature assinado por Richard Dawkins. Provavelmente chapada de erva de artista, ela disse:
“E=mc2 é uma equação sexista? Talvez seja. Criemos a hipótese de que ela privilegia a velocidade da luz, sobre outras velocidades que são vitalmente necessárias para nós. O que me parece indicar a possibilidade da natureza sexista da equação não é diretamente seu uso por armas nucleares, mas ela privilegiar o que anda mais rápido”
Entendeu? OK, eu sei, a equação não faz nenhuma afirmação sobre a velocidade da luz em si ser mais rápida ou mais lenta, mas o que ofendeu a floquinha foi seu conhecimento nível Superinteressante das idéias de Einstein, e ela não para por aí.
Falando sobre livro The Sex Which Is Not One de Irigaray Dawkins escreve:
“O privilégio dos sólidos sobre a Mecânica dos fluídos, e a incapacidade da ciência de lidar com fluxo turbulento é atribuído por ela à associação entre fluidez e feminilidade. Enquanto homens têm órgãos sexuais protuberantes e que se tornam rígidos, mulheres possuem aberturas que vazam sangue menstrual e fluídos vaginais… Por essa perspectiva não é surpresa que a ciência não tenha tido sucesso em achar um modelo para o fluxo turbulento.”
Isso mesmo. A dona leu “Dinâmica dos fluídos”, “Física dos Sólidos”, fez uma associação com piroca e decidiu que cientistas batem cabeça pra entender turbulência porque isso lembra ppk e eles não gostam.
Sandra Harding, outra “filósofa feminista” publicou um artigo aonde filosofava sobre Isaac Newton, e como seu seminal livro Principia descrevia as Leis Fundamentais do Universo. Sua conclusão?
“Por quê não é tão esclarecedor e honesto se referir às Leis de Newton como “Manual de Estupro de Newton” como é chamá-las de Mecânica Newtoniana?”
Basicamente ela quer dizer que um conjunto de Leis da Física, que dizem como o Universo funciona, sem aceitar objeções ou alternativas é o mesmo que um estupro, violência sem chance de escolha.
Resultado? Sandra Harding é reconhecida e premiada. Muito tem sido dito e escrito para defender as afirmações idiotas dessas duas, e mesmo seus artigos na Wikipedia foram devidamente sanitizados, omitindo as afirmações inconvenientes.
2 – Morte Aos Predadores
Existem várias categorias de ecochatos, quem acha que os vegans são ruins, não conhece da missa um centésimo. Eu já escrevi aqui sobre o Deep Green Resistance, um grupo que quer apenas destruir a sociedade industrial, segundo eles devemos voltar ao tempo dos caçadores-coletores, pois mesmo a agricultura é prejudicial ao meio-ambiente.
Outros vão mais além. O Movimento Voluntário de Extinção Humana é um grupo fundado em 1991 pelo eco-ativista e dublê de Tim Cook Les U. Knight.
A argumentação deles é que a Humanidade como um todo gera danos irreparáveis ao meio-ambiente e é insustentável em qualquer escala; para o bem do planeta, devemos todos parar de ter filhos e deixar a Humanidade acabar.
MESMO ASSIM eles não são os mais malucos do pacote. Esse prêmio vai parar nas mãos de um pessoal doido de carteirinha que quer acabar com… predadores.
O conceito em si é bonito. Ressoa profundamente em nosso cérebro primitivo. A verdade é que nós não somos predadores, humanos descendem de uma longa linhagem de presas, só nos libertamos depois que aprendemos a dominar o fogo e usar ferramentas, mas jogue o mais avançado humano moderno numa floresta do Alaska e ele sai rolando do topo da cadeia alimentar.
Por isso sempre torcemos pelas presas, adoramos vídeos aonde gazelas escapam dos leopardos, focas fogem de orcas.
Isso é a exceção, claro, na Natureza é comer ou ser comido. Mas há quem não concorde. Um grupo de filósofos (sempre eles) e ecochatos argumenta:
“Se nós não queremos que animais sofram em matadouros ou gaiolas apertados, por que não iríamos querer acabar com seu sofrimento na natureza também?”
Eles acham que animais sendo caçados por outros animais é algo cruel e desumano, e tem que acabar. São propostas duas soluções:
- Modificar geneticamente todos os membros das espécies predadoras, transformando-os em herbívoros
- Eliminar todos os animais predadores, caçando-os até a extinção, em nome de um bem maior.
Qualquer um que já estudou 3 minutos de equações diferenciais rodou o clássico algoritmo das raposas e coelhos, e sabe que uma espécie sem predadores se reproduz até eliminar toda a fonte de alimentos locais. Mesmo ignorando a impossibilidade prática e científica de se conseguir eliminar ou modificar todos os predadores do planeta, isso seria CATASTRÓFICO, um desequilíbrio ambiental que nem dá pra começar a descrever.
3 – Morte aos Homens! (ok, 90% deles)
Você já viu esse filme. Uma feministeen leva um pé na bunda do namorado, entra em modo revolt, vira lésbica por uma semana (apenas no plano teórico, claro) e posta milhares de mensagens “Morte aos homi”, “homem tem que acabar” etc.
Todo mundo ignora, corretamente, mas ela sem perceber está repetindo uma argumentação de Valerie Solanas, autora, militante feminista radical e famosa por duas coisas que a militância adora varrer para debaixo do tapete: Ter tentado matar Andy Warhol e ter produzido o Manifesto SCUM.
Publicado em 1967, o tal manifesto é algo digno da Alemanha Nazista, os ecos são assustadores.
Solanas defende que o homem foi um erro. O ser masculino é uma “mulher incompleta”, o cromossomo Y é um cromossomo X defeituoso. Isso gerou o comportamento masculino e todas as coisas ruins derivadas dele, como guerras, violência, prostituição, dinheiro (sim, claro que Solanas é comunista até o osso), doença, morte, etc.
Ela propõe a solução final para esse problema, e trata como “imperativo moral” ELIMINAR o sexo masculino da face da Terra, o que geraria uma utopia aonde a automação total substituiria o dinheiro e os governos, e mulheres viveriam em paz e harmonia.
Não, não sei se alguém explicou pra Solanas de onde vêm os bebês, ou se a utopia dela só iria durar uma geração, mas a turma da passada de pano já chegou até a puxar a Carta da Ironia.
Felizmente a gente mais razoável, como essa moça aqui:
Ela é uma estudante de 22 anos, mãe de um filho de 3 anos que em 2012 publicou um site promovendo o “dia internacional da castração”, aonde homens seriam caçados e castrados indiscriminadamente.
Como não podia deixar de ser, ao invés de ser vista como uma louca e ignorada, ela foi atiçada pela mídia e protegida pelas alas mais racionais do Movimento, que mesmo vendo sua loucura a viam como parte do grupo e portanto digna de proteção.
Em uma entrevista para a Vice, a moça, que atende pelo pseudônimo “Femitheist” explica seu plano revolucionário, detalhado em um manifesto de 700 páginas.
Ela está insatisfeita com a proporção 50/50 entre homens e mulheres no planeta. Em sua utopia particular ela quer reduzir isso a um número mínimo de homens, formando só 10% da população.
Como boa humanista ela não fala em extermínio sistemático, os homens seriam responsáveis pela própria redução nesses números, pois somos a maioria das mortes em crimes violentos e em guerras. Abortos seletivos e fertilização in vitro evitariam o nascimento de novos homens, exceto para repor os estoques.
Os 10% restantes seriam usados como reprodutores, somente os espécimes mais qualificados física e mentalmente seriam selecionados. Todos esses homens seriam mantidos em reservas naturais, longe do convívio com a sociedade.
Caso a automação (feministas radicais loucas adoram automação, pelo visto sonham com robôs para abrir lata de palmito trocar pneu e matar barata) não tenha avançado o suficiente alguns homens poderão sair das reservas para trabalhar, sem receber salário mas ela diz que não será como escravos, apenas trabalhadores sem remuneração altamente monitorados e regulados.
Sim, ela antecipou em décadas a piada do Thor Ragnarok com o Grand Master não gostando da palavra “escravos”.
A tal utopia também seria o fim da cultura heterossexual, e junto com ela desapareceria o conceito de família nuclear. Crianças seriam criadas de forma comunitária e pelo Estado.
“Meninas perfeitas seriam concebidas, desenvolvidas e engenheiradas em centros de criação pertencentes ao Estado”.
Pois é, a tal moça não só quer exterminar 90% dos homens como quer acabar com o conceito de família e criar um Admirável Mundo Novo aonde meninas são criadas pela Grande Irmã para servir ao Estado, mas você não vê NENHUMA MANA falando mal dessa idéia, a não ser quando muito confrontadas.
Quem diria que a turma que propõe -a sério- toque de recolher para homens durante a noite seria o mais razoável dos grupos radicais.
4 PIV Is Rape
Sexo é divertido. Não há nada de polêmico nisso, a imensa maioria da humanidade compartilha dessa opinião, se sexo fosse ruim, ou obrigatório, já teríamos desaparecido. E em geral todo mundo que pratica, gosta.
Claro, há quem polemize isso, e toda uma ala feminista radical problematiza o próprio conceito de heterossexualidade entre mulheres. Sim, eu sei, conheço o conceito de “mulher-espaguete” (Straight until wet) e a idéia de que toda mulher é secretamente bi, mas há quem fale isso a sério. Uma teoria muito comum no meio acadêmico-militante é que mulheres são naturalmente lésbicas, e que a idéia de relacionamentos heterossexuais é pura construção social, papel ensinado às meninas desde pequenas.
Sim, eu sei, o contrário não vale, dizer que uma pessoa gay foi ensinada a ser assim e que pode mudar se quiser é coisa do diabo heterocapitalista opressor homofóbico.
Calma que piora. Uma ala mais radical ainda não só abomina a heterossexualidade como considera todo e qualquer tipo de sexo envolvendo pênis e vagina… estupro.
Elas defendem que o ato em si é uma violência, que não há qualquer forma em que a mulher consinta em tal ato, muito menos tire algum prazer disso. As mulheres são apenas socialmente condicionadas a achar que gostam daquilo naquilo.
Vejamos alguns trechos de um manifesto clássico sobre o tema:
“o coito é inerentemente prejudicial às mulheres e intencionalmente, porque isso causa a gravidez nas mulheres. O proposito dos homens praticarem o coito regularmente (mais de uma vez por mês) nas mulheres é porque este é o modo convicto de causar gravidez e forçar a fertilidade contra nossa vontade, e desse modo ganham controle sobre nossos poderes de reprodução.”
Ou então:
“PIV é um homem montando em uma mulher para introduzir um largo membro dele dentro das partes mais intimas dela, frequentemente forçando ela a estar inteiramente nua, batendo-se contra ela com todo peso de seu corpo e quadris, sacudindo ela como ele encheria um cadáver, em seguida, usando ela como um receptáculo para seus dejetos penianos.”
E essa aqui, mostrando mais uma vez que quanto mais radical a militante menos sabem biologia:
“O fato do coito causar tantas infecções e lágrimas e verrugas atesta a não naturalidade do coito, o que não devia ser. A função primária da vagina não é ser penetrada por um pênis mas ejetar um bebê que nasce. Há dois tecidos/esfíncteres pressionados um contra o outro para ajudar o bebê a ser empurrado para fora. A penetração do pênis na vagina é completamente desnecessária para a concepção.”
5 – A Escrita foi inventada para oprimir as mulheres
A idéia é de um tal de Leonard Shlain. Ele escreveu um livro inteiro sobre o tema, espero sinceramente que tenha conseguido comer alguém graças a isso. A obra é The Alphabet Versus the Goddess: The Conflict Between Word and Image, aonde ele defende que antes da invenção do alfabeto, as sociedades humanas eram igualitárias e bondosas.
“De todas as vacas sagradas permitidas a vagar desimpedidas por nossa cultura, poucas são reverenciadas como a alfabetização. Seus benefícios têm sido tão incontestáveis que nos cinco milênios desde o advento da palavra escrita numerosos poetas e escritores exaltaram suas virtudes. Poucos pausaram para considerar seus custos… um efeito pernicioso da alfabetização tem passado basicamente despercebido: Escrever subliminarmente promove um ponto de vista patriarcal. Escrita de qualquer tipo, mas especialmente de forma alfabética, diminui os valores femininos e com eles o poder das mulheres na cultura.”
Obviamente ele reserva para a Cultura Ocidental o grosso da culpa, sociedades orientais não são tão misóginas mesmo tendo desenvolvido a escrita. Aham.
“Alfabetização tem promovido a subjugação das mulheres pelos homens através de quase toda a história do Ocidente. Misoginia e crescimento do patriarcado surgem e decaem com o destino da palavra escrita alfabética”
A justificativa do sujeito é que homens são mais objetivos e lineares, mulheres são mais visuais e abstratas, por isso a escrita é mais bem utilizada por eles, o que cria uma vantagem injusta e os faz dominar o discurso.
Lembra até aquela retardada que postou no Twitter que antes da J.K. Rowling e Harry Potter, mulheres escritoras eram algo quase inexistente. Juntando os dois, chega a ser cômico o fato do primeiro nome de autor da História, a primeira pessoa reconhecida como escritora se chamava Enheduanna, uma princesa, poeta, sacerdotisa a escritora que viveu na Mesopotâmia entre 2285 e 2250 AC.
Conclusão
Essas idéias doidas soam como inofensivas, essa gente em geral não tem poder real pra incomodar ninguém. Dizem que devemos temer as pessoas que acordam pensando “Devo invadir a Polônia hoje?” mas na prática só precisamos temer as que tem realmente poder pra isso.
O único dano que esse tipo de doida causa, é pras próprias causas, pro próprio Movimento. É uma pena, uma maluca “morte aos homi” acaba ganhando muito mais espaço do que uma Emma Watson ou uma Malala, mas enquanto os movimentos sociais não cuidarem do próprio lixo, só posso lamentar quando as vozes racionais forem ofuscadas pelo ruído que essas mesmas vozes fingem não ouvir.
Fontes:
- The Hunt for the Sexed Equation
- Meet the People Who Want to Turn Predators Into Herbivores
- The Woman Who Thinks Reducing the Male Population by 90 Percent Will Solve Everything
- The social construction of heterosexuality as a means of women’s oppression: the feminist critique of sexuality.
- PIV* sempre é estupro, ok?
- How the Invention of the Alphabet Usurped Female Power in Society and Sparked the Rise of Patriarchy in Human Culture