A super-mãe safada voadora da Luftwaffe
5681523/ Das Archivbild vom 27.05.1999 zeigt die Flensburger Erotik-Unternehmerin Beate Rothermund (M) in der Frankfurter Wertpapierbörse am Tag der ersten Notierung der Beate-Uhse-Aktie. Nur ein halbes Jahr hat die Aktie der Beate Uhse AG gebraucht, um aus der dritten Börsenliga in die zweite Klasse aufzusteigen. Voraussichtlich in wenigen Wochen wird das Wertpapier im M-Dax notiert, dem zweiten großen deutschen Börsenbarometer neben dem Dax-30 für die Top-Werte an den Aktienmärkten. dpa/lno (zu lno 038 vom 10.11.1999) |

A super-mãe safada voadora da Luftwaffe

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Beate Uhse, nascida Beate Köstlin em Wargenau, Alemanha, 1919 não era uma menina convencional, o que era esperado, sendo filha de uma família pouco convencional.

Seu pai, Otto Köstlin era um fazendeiro com idéias progressistas, que casou com Magarete Köstlin, uma das primeiras cinco mulheres a se formar em medicina na Alemanha.

Crescendo no período entre-guerras, Beate era tratada da mesma forma que os irmãos, sem ser forçada a fazer coisas “de menina”. A família promovia educação baseada em ciência, e mesmo assuntos como sexo eram discutidos abertamente, o que para Beate era um alívio, pois crianças em fazendas costumam testemunhar os fatos da vida com bastante frequência.

Encapetada, Beate gostava de esportes, máquinas e principalmente aviões. Seu herói era Charles Lindbergh, que em 1927 realizou o primeiro vôo transatlântico, entre Nova York e Paris.

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Charles Lindbergh. Meio canalha, simpatizante dos nazistas.

Aos 16 anos Beate passou um ano na Inglaterra, aprendendo inglês. Depois que voltou ela continuou insistindo que queria ser piloto de avião. Seu pai era liberal mas não tão liberal assim, e pra evitar brigas Beate se formou em Economia Doméstica, sem parar de falar o tempo todo sobre aviação.

Um dia, durante uma feira aérea na cidade, o pai de Beate encontrou um tal de Sachsenberg, palestrante do aeroclube alemão. Otto reclamou da filha que adorava aviões, e do absurdo da idéia de mulheres pilotando aviões. Sachsenberg ficou tão impressionado que começou a trocar correspondência com Beate ensinando a ela o caminho das pedras para estudar pilotagem, e seus pais acabaram concordando.

Em 1937 Beate Uhse se formou, a única mulher em uma turma de 60 estudantes. Ela em seguida fez um curso de piloto de acrobacias e começou a competir em corridas, junto com um trabalho como piloto de provas na Bücker, uma fabricante de aviões. Ela também fazia uns bicos como piloto de entregas, o pessoal que levava os aviões dos fabricantes até os clientes.

Durante seus cursos Beate conheceu Hans-Jürgen Uhse, seu piloto-instrutor, e se apaixonou por ele. Hans queria casar mas Beate se recusava a abandonar a carreira por causa de um homem. Quando Hans disse que nunca havia mencionado essa exigência, Beate ficou sem argumentos e teve que dizer sim.

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Hans e Beate

O casal viveu feliz para sempre, até perceberem que era 1939 e um certo evento de menor importância estava acontecendo em volta deles: A Segunda Guerra Mundial.

Hans foi convocado para a Luftwaffe, mas Beate estava longe dos ideais nazistas de feminilidade. Mulheres eram parideiras que produziriam a nova geração do Homo Superior, deviam ser matronas cuidando de casa, longe dos trabalhos masculinos.

Infelizmente para Hitler a Realidade falou mais alto, e mesmo fora das atividades de combate, mulheres foram convocadas para trabalhar em fábricas e exercer funções militares, quando o moedor de carne começou a ficar sem homens.

Para Beate foi uma bênção. Presa em casa sem poder voar, sem o marido e provavelmente sem Netflix, Beate estava subindo pelas paredes. Quando a carta da Luftwaffe convocando-a para ser piloto transportando aviões entre unidades de combate chegou, ela aceitou na hora.

A situação era tão precária que nem foi exigido que Beate fosse membro do Partido Nazista, coisa que ela nunca foi.

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Beate Uhse

Entre outras vantagens, Beate tinha autorização para contratar uma babá, mais rações e ainda poderia se familiarizar e pilotar vários aviões que como civil ela nunca colocaria as mãos, Beate chegou a realizar o sonho de 10 entre 10 pilotos aliados, ela voou o caça a jato Messerschmitt 262.

Entre idas e vindas ela e Hans conseguiram tempo para fazer um filho, que nasceu eu 1943, mas não deu pra lamber a cria muito tempo. Hans morreu em 1945, deixando a então Capitão Beate Uhse viúva, aos 24 anos, com um filho e uma guerra.

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Messerschmitt Me 262 lindo até hoje.

A Luftwaffe estava basicamente aniquilada como força agressora, mas muito trabalho ainda era feito com transporte de cargas e pessoal, e embora o esquadrão de Beate fosse de translado de aviões, ela acabou fazendo trabalho de piloto de carga, mas no momento a situação era periclitante.

A base em Berlin-Staaken não era mais segura. Os russos haviam cercado a cidade, era questão de tempo, e as histórias do que os russos faziam com crianças, e principalmente mulheres jovens bonitas inimigas já haviam chegado ao esquadrão de Beate.

Ela só tinha uma chance para salvar o filho e a babá. Desobedecendo ordens, Beate roubou um carro e foi até sua casa. Ordenou que a babá fizesse uma mala com o mínimo possível, e voltaram para a base. Chegando lá, o esquadrão de Beate havia decolado. Somente alguns aviões permaneciam no local.

Usando de sua patente, ela convenceu os técnicos a abastecer um velho Siebel Fh 104, um pequeno transporte com capacidade de levar cinco passageiros. Problema: Ela nunca havia voado em um Fh 104.

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Fh 104

Consultando o manual para se familiar com os controles, Beate aprendeu o mínimo necessário, embarcou a babá, o filho e mais dois feridos e decolou, fugindo da artilharia antiaérea russa.

Voando em direção noroeste, ela foi o mais distante que o combustível permitiu, fazendo um pouso de emergência em Leck. A região estava sob controle dos ingleses, para sorte de Beate, que foi prontamente capturada, junto com o resto dos passageiros.

Apesar de oficial da Luftwaffe, por ter um filho pequeno ela foi libertada rapidamente do campo de prisioneiros, apenas para descobrir que mesmo com o fim da Guerra, aviadores da Luftwaffe estavam proibidos de voar na Alemanha.

Sem uma profissão, Beate teve que criar o filho vendendo produtos no fértil mercado negro do pós-guerra, até que sua educação liberal mudou sua vida.

Enquanto vendia seus produtos, ela ouvia reclamações das esposas alemães, que estavam engravidando sem desejar, e sem ter condições de criar filho numa Alemanha devastada. Os homens não estavam nem aí, e a Pílula Anticoncepcional ainda não havia sido inventada.

Beate lembrou de um método anticoncepcional chamado Knaus-Ogino, uma variação da popular e não muito confiável tabelinha, mas comparado à alternativa, era uma salvação.

Ela arrumou uma máquina de escrever, e compôs um panfleto ensinando o método. Agora era questão de produzir o material. Uma gráfica local aceitou 5Kg de manteiga em troca de 2000 cópias do panfleto. Ela anunciou o material para seu mailing list de clientes, vendendo a dois Marcos a unidade. Em poucos meses ela atingiu a marca de 32 mil panfletos vendidos.

Beate tinha agora um rendoso negócio de vendas por correspondência, atendendo principalmente mulheres. Vendo que as mulheres também reclamavam da incompetência dos maridos em questões maritais, ela começou a vender literatura com dicas para apimentar o casamento. Também entraram no catálogo perfumes, sabonetes e lingeries.

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Erodutos do catálogo da Beate-Uhse

Como o negócio era extremamente discreto, ninguém reclamava de Beate estar vendendo material “moralmente questionável”, como vibradores e, seu campeão de vendas, preservativos. A influência de Beate Uhse foi tão grande que quando a pílula anticoncepcional surgiu, não fez tanto sucesso na Alemanha, pois as mulheres já estavam acostumadas a exigir que os homens fossem responsáveis pela contracepção.

Em 1961, com 200 funcionários Beate abre sua primeira loja física, em Flensburg, considerada a 1ª Sex Shop da História. A loja se apresentava como “loja de especialidades para higiene conjugal”, o que não impediu que a sociedade conservadora subisse nas tamancas.

A diferença é que Beate já era milionária, então se alguém batia de frente, ela respondia. Quando um clube de tênis local não a aceitou como sócia ela mandou construir uma quadra própria no quintal de casa.

Em 1949 ela havia se casado com um comerciante, Ernst-Walter Rotermund, o casamento durou 20 anos, mas Ernst quando chegou aos 40 avisou que iria se aposentar; parou de fumar, virou vegetariano, comeu a empregada de 21 anos e viajou pra meditar.

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A lojinha da Tia Beate

Pouco tempo depois, Beate arrumou um namorado que mexeu com sua vida. John Holland era americano, 25 anos mais novo, e negro. Em 1971 mesmo individualmente qualquer uma dessas coisas era fora do comum pra uma alemã de 52 anos.

Os negócios, iam bem. A Alemanha e a sociedade ocidental como um todo ia aos poucos se soltando, aceitando mais sexo e sacanagem, e com a legalidade as lojas de Beate começaram a vender mais produtos eróticos e mais pornografia.

Isso a colocou no alvo de dois grupos: Feministas e Conservadores.

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Em 1999 Beate conseguiu abrir o capital da empresa e pela primeira vez a Bolsa de Valores alemã negociou ações de uma empresa do mercado do sexo.

Os dois odeiam qualquer idéia de sexualidade saudável, e Beate era muito mais perseguida por ter uma atitude positiva em relação a sexo, do que por seu passado na Luftwaffe.

A empresa Beate Uhse foi processada mais de 2000 vezes, tendo vencido todos os processos, com exceção de um. Ela foi xingada, boicotada, lojas foram queimadas, mas quando o Muro caiu (sorry, commies) todo um novo mercado de mulheres sedentas por informação (e sexo) se abriu para Beate, que lançou dezenas de lojas na antiga Alemanha Oriental.

Com presença em 60 países, as lojas e serviços de Beate são conhecidos pelas marcas Beate Uhse, Pabo e  Adam et Eve. Até hoje têm o diferencial de ser uma sex shop voltada para o público feminino.

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Os certificados de ações originais da Beate Uhse eram politicamente incorretos.

Beate ao final da vida era uma ávida mergulhadora, e adorava pilotar seu Cessna. Ela dizia que seu sonho era morrer pilotando, mas o destino quis diferente e em 2001 ela não resistiu a uma pneumonia e morreu em St Gallen, Suíça.

Seu legado é ainda controverso. Seus defensores a enxergam como uma mulher que ajudou milhões de outras a terem uma vida sexual saudável e satisfatória. Beate diz que salvou milhões de casamentos e que o vibrador foi mais importante do que a Internet, para isso.

Outros a enxergam como uma véia safada, mas eu prefiro acreditar no Governo Federal, que em 1989 concedeu a ela a Cruz Federal de Honra ao Mérito da Alemanha.

Fontes:

NAOTAFACIL2 A super-mãe safada voadora da Luftwaffe