A Ascensão do Nazismo – Como o Mundo criou Hitler

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A maioria dos filmes -e sejamos realistas- aulas de História passando correndo pelas origens da 2ª Guerra Mundial, Hitler aparece como um supervilão, sem muita explicação, e isso sempre me incomodou. Alguns textos dão a impressão de que ele tinha um superpoder como um Charles Xavier do Mal, capaz de controlar milhões de pessoas, e não foi assim.

Neste longo artigo, vou explicar as origens do nazismo, como um improvável grupo de esquisitos se tornou o Poder dominante na Alemanha, e como carisma era importante, mas no final Hitler era muito menos inteligente do que se imagina. Arrisco prever que ele irá cair em seu conceito.

Hitler hoje é conhecido por inúmeras atrocidades, seu legado inclui tirar permanentemente de moda o bigode de escovinha, só permitido em cosplay de Charlie Chaplin e em ppks, banir o termo “Führer”, que quer dizer apenas “Líder”, e complicar a vida de quem pega a carta “Moinho de Vento” no Imagem & Ação, mas Hitler começou bem mais humilde.

Klara Hitler e o bebê que o Deadpool não teve coragem de matar.

Filho de um funcionário público de baixo escalão, Hitler teve três irmãos que morreram cedo, ele foi o que vingou. Alois Hitler, o pai, era um verdadeiro nazista com o pequeno Adolf, exigindo desempenho exemplar na escola, e desmerecendo quaisquer devaneios da criança, o futuro de Hitler estava determinado, ele iria ser funcionário público como o pai.

Hitler apanhava constantemente, ele só foi ter alívio aos 13 anos, em 1903, quando Alois morreu. Aí começou o perrengue, Klara Hitler tinha que cuidar de Adolf e mais dois irmãos, sem uma fonte de renda, se o INSS daqui é assim, imagine o da Áustria de 1903.

Quando Klara desenvolveu um câncer, ela foi tratada por um médico judeu, Eduard Boch, e mesmo ela tendo morrido (o que era normal pra câncer naquela época) Hitler ficou tão grato que durante seu governo, mesmo perseguindo judeus de todas as formas, ele emitiu uma ordem tornando Boch intocável, ele era seguido por agentes da Gestapo, mas com ordens de protegê-lo a qualquer custo.

A morte de Klara em 21 de dezembro de 1907 foi devastadora para Hitler, ela foi a única pessoa que ele nutria qualquer tipo de sentimento. Decidido a deixar essa parte de sua vida para trás, Hitler juntou uns trocados e se mudou para Viena, em fevereiro de 1908.

A culpa da 2a Guerra Mundial é dos professores e críticos de arte. Aonde que essa pintura é medíocre? Eu jamais seria capaz de pintar algo assim. Com certeza de que serei tirado de contexto, Hitler está de parabéns!

Ele tentou entrar na Academia de Artes, mas foi rejeitado. Sua arte era mundana, feijão com arroz, sem nada que chamasse atenção, mas era boa o suficiente para ser vendida para turistas. Nessa época ele morava numa pensão, e vendia quadros para comerciantes judeus. Dizem que ele tinha ótima relação com as famílias, era chamado para jantar na casa delas, e havia zero anti-semitismo em suas cartas da época.

A situação ainda assim era complicada, Hitler comia no sopão de caridade, e para piorar ainda tinha o serviço militar. Em 1913 ele se mudou para Munique, na Alemanha, para não ter que passar um ano pintando meio-fio com cal no exército austríaco, ele só não esperava a 1ª Guerra Mundial.

Em 1914 ele se voluntariou para o exército alemão, e passou a guerra trabalhando como cabo mensageiro, era uma experiência desagradável, mas ao menos tinha um teto, comida na mesa e salário no bolso.

Até aqui a vida de Hitler era igual a de milhões de outros jovens desiludidos; ele não queria conquistar o mundo, só queria sobreviver em um país tomado por dívidas de guerra e sofrendo sérias restrições impostas pelo Tratado de Versalhes.

Politicamente o país estava um caos. Com a abdicação do Kaiser Guilherme II, foi declarada a República de Weimar, primeiro governo civil democrático da Alemanha, o que significa militância extremista de todos os lados.

Por outro lado a República de Weimar foi extremamente liberal nos costumes, com sacanagem, cabarés por todo lado, cervejarias… teve seu lado bom.

O Exército estava de olho nesses radicais, e colocou muitos soldados para trabalhar como Verbindungsmann, agentes de inteligência, mas não se anime no crossover, Hitler não era nenhum James Bond.

Ele foi designado para se infiltrar e investigar um partido nanico fundado em janeiro de 1919, o Deutsche Arbeiterpartei, DAP, ou Partido dos Trabalhadores da Alemanha.

O PTA foi criado por um canalha chamado Anton Drexler, e era de uma insignificância total. Em agosto de 1919 ele só conseguiu arregimentar um total de 38 membros. Hitler também não achou o grupo grande coisa, mas continuou reportando para seus superiores.

Aos poucos Hitler foi gostando da ideologia do partido, mesmo desorganizado. Drexler tinha um discurso pedindo a volta da Grande Alemanha, fim do Tratado de Versalhes, e apontava judeus como culpados por todos os problemas.

Junto a isso um forte discurso anti-marxista E anti-capitalista. Era o clássico discurso “contra tudo isso que está aí”, que tanto mexe com a cabeça do Jovem™.

Normalmente quieto, durante uma palestra de um tal Professor Baumann, Hitler não se conteve e iniciou um debate. Todo mundo ficou admirado com a oratória daquele jovem de bigode de ppk, dizem que o professor saiu “derrotado”, e Drexler chamou Hitler para um canto e ofereceu a ela um título de membro do Partido.

Consultando seus superiores, em um daqueles momentos históricos que depois viram um facepalm, eles acharam ótima idéia, autorizaram e Hitler se tornou o membro 555 do Partido dos Trabalhadores. (Para disfarçar seus números baixos o PTA começava a numerar os membros a partir do número 500).

Hitler logo atropelou os veteranos do Partido, se tornando a figura-chave, seus discursos eram tão populares que o PTA começou a cobrar ingressos para suas apresentações. Ele chegou a colocar 2000 pessoas numa cervejaria.

Pensando grande, Hitler sugeriu que o PTA mudasse de nome; agora seria Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores da Alemanha. O “Socialista” era para atrair os trabalhadores de esquerda, mas não se engane, o Partido continuava anti-marxista até o osso.

No começo de 1920 Hitler pede as contas e sai do Exército, vivendo de um salário pago pelo Partido. Mesmo assim, quando rola uma tentativa de golpe interno e aproximação com socialistas de verdade, ele renuncia, criando uma crise interna que faz com que peçam para ele voltar. Hitler volta, consegue expulsar os desafetos e ganha status de ditador do Partido Nacional-Socialista.

Mesmo sem ocupar cargo público, Hitler capricha na autopropaganda e no anticomunismo. Uma de suas armas eram as forças paramilitares do Partido Nazista, que em 1921 foram organizadas nas SA (Sturmabteilung). Imagine um bando de jovens desempregados frustrados que ganharam status e uniformes, com a função de dar segurança aos membros nazistas, se infiltrar entre partidos inimigos, provocar brigas, vandalizar comícios etc. Essa era a SA, comandada por Ernst Röhm, um dos mais antigos e próximos amigos de Hitler, que o protegia mesmo ele sendo gay, o que ia contra as diretrizes do Partido Nazista.

Ernst Röhm e seu conselheiro pessoal (e amante) Hans Erwin von Spreti-Weilbach. Ambos foram assassinados em 1934 – paulo_silvino.mp3

Nota: Mais tarde, quando a SA começou a ficar poderosa demais, Hitler promoveu a Noite das Longas Facas, onde oficiais e membros importantes da SA, junto com outros desafetos políticos foram assassinados. Röhm foi preso, não aceitou a opção de suicídio, e acabou morto por agentes do Partido, a mando de Hitler. Nunca confie em Adolf Hitler.

Em 1923 a situação estava complicada. A Alemanha vivia uma hiperinflação, a economia estava sendo bancada por empréstimos de bancos estrangeiros, principalmente americanos. O governo fez o que todo militante de esquerda com zero conhecimento de Economia acha que é simples de fazer: Imprimiu mais dinheiro. O resultado foi o povo tendo que pagar aluguel com carrinhos de mão cheios de dinheiro.

Dinheiro sendo levando em carrinhos de mão. Notas menores eram dadas para crianças como brinquedos, simplesmente não valiam o papel em que eram impressas.

Hitler achou que a instabilidade social, que havia dizimado a classe média e criado imensa impopularidade para o governo, era suficiente para uma mudança de poder, e com a Bavária em Estado de Emergência, sendo governada com poderes absolutos pelo Staatskomissar  Gustav Ritter von Kahr, parecia uma boa oportunidade.

Von Kahr estava discursando para um grupo de 3000 pessoas na Bürgerbräukeller, uma cervejaria popular em Munique, quando Hitler entrou, deu um tiro pro alto, anunciou a Revolução e tomou Von Kahr e outros como reféns.

No dia seguinte, 9 de novembro de 1923, eles seguiram para o Ministério da Guerra, com intuito de efetivar a tomada do poder e depois marchar para Berlim.

Foram recebidos à bala, a polícia da Bavária sentou o dedo nos nazistas, no final morreram 16, versus 4 policiais. Hitler corajosamente bateu em retirada, mas foi preso logo depois.

Condenado por traição, Hitler pegou 5 anos de cadeia, depois de um julgamento que durou um mês e foi tudo que ele queria: Uma plataforma para expor suas idéias e expandir o Partido Nazista para além da Bavária. Agora ele estava nos jornais de Berlim.

A pena de 5 anos foi bem pequena, e era para ter sido até menor, os juízes assistentes eram abertamente pró-nazistas, o Juiz principal teve que intervir. A prisão em si foi basicamente um retiro, com todo o conforto para Hitler escrever seu livro, Mein Kampf. Depois de nove meses, ele ganhou clemência e foi solto.

Nessa altura o Partido Nazista estava banido, mas foi só o trabalho de mudar o nome do Partido e continuar tudo como antes, até 1925, quando Hitler conseguiu que o nome fosse liberado novamente.

Agora trabalhando em escala nacional, o Partido Nazista persistia com seu discurso anti-semita, acusando os judeus por tudo de errado na Alemanha, incluindo os judeus marxistas de Moscou e os judeus capitalistas dos Estados Unidos.

Eles eram um grupo extremista, e como todo grupo do tipo, faziam barulho desproporcional, mas eram politicamente inofensivos, imagine um PCO ou um PRONA, fazem barulho, possuem ideologias questionáveis, mas fora incomodar localmente, não afetam o grande esquema das coisas.

Tanto que nas eleições de 1924 os nazistas só conseguiram 3% dos votos. Em 1928 esse número caiu para 2.6%. Hitler estava condenado a ser um daqueles malucos que a gente vê na rua e muda de calçada, exceto que assim como a Inquisição Espanhola, ninguém esperava a Crise de 1929, quando em uma semana a Bolsa de Nova York evaporou o equivalente em 2024 a meio trilhão de dólares, desencadeando uma recessão global.

Os bancos americanos e europeus ficaram sem liquidez, o que significou o fim dos empréstimos baratos para a Alemanha. Mais ainda, os títulos, que a Alemanha costumava renegociar, agora estavam sendo cobrados.

Vários bancos alemães faliram nesse processo, sumindo com a poupança de milhões de alemães. Empresas, sem financiamento, fecharam as portas. A hiperinflação voltou, e um terço da população alemã estava desempregada.

No Parlamento, partidos de esquerda brigavam com os centristas e conservadores, sem conseguir aprovar, ou sequer propor nada. O governo por sua vez era mais ineficiente ainda para lidar com a crise sem-precedentes.

Manifestação em Berlim, 1930. O cartaz diz “2 milhões de desempregados, 1.2 milhões para príncipes”. Uma referência às reparações pagas aos membros da família real, com o fim da monarquia e instituição da República de Weimar.

De fora, os nazistas aproveitaram, pois com meia-dúzia de gatos-pingados no Parlamento, não tinham como ser culpados, ou mesmo associados com Governo OU Oposição.

Com uma campanha moderna, usando rádio, propaganda, eventos, o partido nazista se vendeu como a 3ª via, a nova opção, e eles traziam uma lista de culpados, que em última análise é o que as pessoas querem: cabeças. Eles apontavam os judeus, os comunistas, o governo e os empresários gananciosos como culpados pela crise.

Isso caiu muito bem no ouvido dos desempregados, da classe média, dos agricultores. Se tudo já havia sido tentado, e o governo não apresentava nenhuma idéia nova, talvez aquele baixinho de bigode esquisito seja uma opção, ele está prometendo resolver nossos problemas…

As eleições de 1930 viram as intenções de voto do partido nazista pular de 2.6% para 18.3%. Eles ganharam 107 cadeiras no Reichstag, antes das eleições tinham 12. Eram um partido nanico que virou o segundo maior no Parlamento.

Essa guinada para o radicalismo não é só mérito de Hitler, nas mesmas eleições os comunistas também ganharam 23 novos assentos no Parlamento, chegando a 77. O grande perdedor foi o Partido Social-Democrata, mostrando que o povo estava bem insatisfeito com o Governo.

Isso animou Hitler a disputar a Presidência da Alemanha nas eleições de Março de 1932, e graças a Joseph Goebbels, realizou uma campanha revolucionária em termos de marketing, com direito a discursos no rádio e -pela primeira vez- uso de aviões. Hitler viajava o país inteiro, às vezes mais de dez cidades em um dia, voando sem parar. Ele ia em buracos onde nenhum candidato havia colocado o pé antes.

Muito menos seu adversário, o atual Presidente, Paul von Hindenburg, que com 85 anos não estava exatamente alerta e saudável para participar de uma campanha eleitoral.

Paul von Hindenburg, presidente e zepelim.

Apesar de toda a estratégia e tecnologia, a eleição não foi um mar de rosas. O discurso de Hitler era radical demais para o povão, que mesmo insatisfeitos com Hindenburg, preferiram o velho conhecido ao novo raivoso.

No primeiro turno Hindenburg venceu com 49.54% dos votos. No segundo turno, ganho com 53.05%, mas havia pouca esperança que ele sobrevivesse aos 7 anos de seu novo mandato.

No Reichstag, o Parlamento alemão, os nazistas ganhavam espaço. Nas eleições de julho do mesmo ano, eles superaram os sociais-democratas conquistando o maior número de assentos, com 230, 37.27% do total.

Aqui, começa a decadência. O discurso de partido nanico não funcionava mais, o povo via os nazistas com maioria no Parlamento, e exigiam ações, que não vinham. Em novembro, o resultado: Novas eleições e os nazistas perdem posições, caindo para 196 assentos, 33.09% do Reischstag.

Internamente, o Governo estava desesperado. NADA andava, ninguém tinha maioria absoluta para aprovar nada, e havia o problema do Chanceler, cargo equivalente a Primeiro-Ministro.

Tradicionalmente o líder do partido com maioria no congresso ela nomeado Chanceler, mas Hindenburg não queria nomear Hitler. Discussões de bastidores entre vários partidos decidiram que seria possível neutralizar Hitler como Chanceler, e com os votos dos nazistas, acabariam com o impasse nas votações internas.

Hitler foi nomeado Chanceler em Janeiro de 1933, e provavelmente teria sido controlado se não fosse algo que pode ser a maior aposta ou burrice política da História: Em Fevereiro alguém colocou fogo no Reichstag. Vários militantes comunistas foram presos, acusados do crime. Muita gente diz que o incêndio foi encomendado ou instigado por agentes nazistas, que queriam uma desculpa para criar pânico anti-comunista.

Incêndio no Reishstag

De qualquer forma, funcionou, e no fim do mês Hitler convencia Hindenburg a assinar um decreto restringindo liberdades civis e dando ao Chanceler poderes para identificar e perseguir comunistas e suspeitos de terrorismo.

Seguiram-se novas leis restringindo direitos civis individuais e focando nos “inimigos do Estado”.  A SS constrói o campo de concentração de Dachau, inicialmente usado para prender comunistas e outros inimigos políticos dos nazistas.

Em março o Parlamento aprova a Ermächtigungsgesetz, uma Lei que dá ao Chanceler poderes para criar e assinar Leis sem aprovação do Reichstag. Hitler tinha poderes ilimitados, agora.

Leis abertamente anti-semitas eram proclamadas, a oposição e a imprensa eram sistematicamente oprimidas e eliminadas, mas o teatro da “democracia” foi mantido até agosto de 1934, quando Hindenburg faleceu.

Houve a dúvida se Hitler iria acumular os cargos de Chanceler e Presidente, ou se fariam novas eleições. 19 dias após a morte do Presidente, o governo promoveu um plebiscito propondo a unificação dos dois cargos.

Controlando todos os braços do governo, os nazistas não tiveram dificuldade em manipular os resultados; A aprovação dos “eleitores” foi de 89.93%, e Hitler agora era oficialmente Führer und Reichskanzler, Führer e Chanceler do Reich.

Desse ponto em diante Hitler era um ditador, colocando a Alemanha em um caminho de morte e destruição que só acabaria em 1945.

Conclusão:

Hitler era muito bom orador, tinha excelente capacidade de convencimento, e sabia o que as pessoas queriam ouvir, mas ele não era mágico. Seu discurso só seria aceito por uma minoria radical, se a economia mundial e as punições extremas do Tratado de Versalhes não tivessem destruído a classe média, falido milhares de indústrias e criado inflação e desemprego.

Se houvesse um candidato de esquerda com a mesma capacidade e estratégia, poderia muito bem ter transformado a Alemanha em um satélite de Moscou; o povo queria soluções para seus problemas, e não confiava mais nos sociais-democratas no poder.

Em democracias o povo tende a se manter longe dos extremos, a não ser quando o país não está saudável, quando a economia está indo pro valão. Se o sujeito não consegue alimentar a família, ele acaba se cansando de políticos com o mesmo papo-mole de sempre, e naturalmente acredita quando falam que problemas extremos precisam de soluções extremas.

Na Internet o povo de esquerda que se intitula Antifa, que é basicamente Fascismo do Bem, acha que se evita um regime nazista patrulhando todo mundo e acusando qualquer um que não siga a cartilha deles, de fascista.

No mundo real você evita discurso radicalizante mantendo seu país economicamente saudável, com emprego, saúde, educação e bicho de pé. Nenhum discurso radical sobrevive a progresso e fartura. Vide a ausência de radicalismo islâmico em Dubai.

Os Hitlers da vida só são perigosos se encontram miséria para adubar suas idéias. Do contrário, nunca serão mais do que o maluco do ônibus.



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