Em 1957 uma série de acusações de corrupção envolveram o então candidato a prefeito de São Paulo Adhemar de Barros. Fazendo juz ao ditado de que não há propaganda ruim, decidiram não só não combater as acusações, como inciaram uma campanha semi-oficial com o genial slogan “Rouba mas faz”, e dada a visão realista dos eleitores, isso é mais do que se poderia esperar de um político.
E sim, ele ganhou a eleição.
Foi um belo caso de lidar com uma situação potencialmente negativa e transformar em algo lucrativo.
O plágio é uma realidade para qualquer um que produza conteúdo.
A Juliana vive arrancando cabelos no Twitter denunciando copiadores, ladrões de templates, etc. Isso só gera cabelo branco. Por sorte nem todo mundo que pega conteúdo alheio para uso próprio na Internet é um plagiador safado.
Felizmente também nem todo mundo que cria conteúdo age como cachorro raivoso. Da mesma forma que a Juliana aceita quando citam parte de um artigo dela, ou quando alguém pega um texto, amplia, acrescenta, comenta e publica, outros também acham que alguém que CRIA em cima da sua obra merece respeito.
Vejam o exemplo de Dan Walsh, criador do genial Garfield Minus Garfield, aquele blog onde são publicadas tirinhas do Garfield sem o Garfield. Ele descobriu nos fóruns da vida uma brincadeira, onde o gato era removido das tirinhas e o sentido, embora alterado, ainda existia. Esquisito? Com certeza, quase sinistro, mas funciona:
O Bill Watterson nunca autorizou nenhum material de merchandising nem que ninguém além dele escrevesse tiras do Calvin. Em um caso como esse, seria no mínimo situação de mandar os ninjas.
Jim Davis, por sua vez, teve uma atitude completamente oposta. Não só nunca reclamou do blog, nunca fez ameaças veladas, como se declarou publicamente fã do trabalho de Dan Walsh.
Agora o criador de Garfield foi mais além: Publicou um livro novo… Garfield Minus Garfield:
O livro traz os trabalhos de Dan Walsh, as tiras originais de Jim Davis e até mesmo tiras “garfield sem garfield” originais, criadas pelo Jim. O trabalho de Dan não só é reconhecido como ele é autor do prefácio do livro.
Essa história só teve final feliz graças a uma rara conjunção de fatores: Jim Davis não é um babaca no estilo processa primeiro pergunta depois, e Dan Walsh não é um plagiadorzinho de bosta, que apenas copia e replica, sem acrescentar nada ou sequer creditar o autor original.
Notem que o caso aconteceu independente da licença de distribuição das tirinhas do Garfield, o que é péssimo pros militantes da tal Creative Commons, mas ótimo para quem se preocupa primeiro com o conteúdo de qualidade.