Babel Trek

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_Certo, senhores. Não vou pedir para Spock entrar em detalhes, pois confio nele o bastante para seguir seus conselhos. Mas antes vamos nos livrar de nosso visitante indesejado. Chekov, qual a distância do míssel de Taxmar ?
_Quarenta mil quilômetros e se aproximando. Torpedos fotônicos e Phasers travados no alvo.
Vamos ver de quê é feito o aço Taxmariano -disse Kirk, rindo e olhando para McCoy, que estava ciente do gosto do capitão por objetos antigos e expressões arcaicas – Senhor Chekov, armar torpedos fotônicos. Disparar quando quiser.
Uma partícula de luz se desprendeu de seu berço da Enterprise, e seguiu firme em seu caminho em direção ao míssel inimigo. Quando o computador interno do torpedo (ele mesmo mais poderoso que qualquer máquina em Taxmar) detectou uma distância mínima entre ele e o míssel, ativou seus circuitos de disparo. Um encontro desigual ocorreu, pois em uma arma nuclear uma ínfima fração de matéria é convertida em energia, e apesar de ser impressionante aos olhos humanos, não é nada comparada a total aniquilação gerada por um torpedo fotônico, quando quantidades de matéria e antimatéria são misturadas, convertendo cem por cento de sua massa em energia.
_Alvo neutralizado, capitão.
_Muito bem. Todos passem o controle de suas subseções do computador para o senhor Spock. Fiquem apenas com o mínimo necessário para operar a nave.
_Obrigado, capitão -disse Spock
Durante horas, com o auxílio dos recursos de processamento da Enterprise, Spock catalogou todas as fontes de informação do planeta, definindo a localização de cada banco de lingüística, cada bit de informação sobre a tecnologia desenvolvida a partir da sonda da Federação. Ao mesmo tempo todo o maquinário construído a partir de tal tecnologia foi localizado. Logo os bancos de dados da Enterprise continham praticamente a descrição de um planeta. Sem contar que os sensores atualizavam em tempo real a posição dos aparatos tecnológicos que se encontravam em movimento, incluindo relógios, rádios subespaciais e armas.
_Estou pronto para executar meu plano, capitão.
_Esteja a vontade, Spock. mas diga ao menos o que vai fazer.
_A idéia básica é simples. Localizei todas as máquinas construídas a partir de nossa contaminação. Pretendo usar feixes de pulsos eletromagnéticos para inutilizar todos os componentes eletrônicos desses aparelhos. Incluindo aí os componentes das máquinas das fábricas de componentes. Eles não poderão fabricar novas peças sem suas fábricas.
_É, seu gênio vulcano -disse McCoy- E que tal as plantas armazenadas nos arquivos deles ?
_Felizmente, doutor, eles já passaram da Idade do Papel. Toda a informação em Taxmar é armazenada digitalmente. Eles somente utilizam papel para diplomas comemorativos e alguns poucos livros. Como nós, atualmente. Assim, e somente por isso, meu plano é viável. Vou apagar toda e qualquer referência a nossa tecnologia dos computadores deles.
_A sociedade vai virar um caos !
_Talvez, doutor. Mas se os Taxmarianos merecem a fama que têm, eles superarão isso, e retornarão ao estado em que se encontravam antes do acidente com nossa sonda. Lembre-se que com o nosso Tradutor Universal, ninguém no planeta se aventurou a aprender outras línguas. terão que começar do zero. Talvez eles se destruam, como quase o fizeram, mas talvez eles aprendam, e essa infância mais prolongada seja o que eles precisam.
_Muito bem, Spock. e quando você vai implementar esse corte epistemológico na sociedade Taxmariana ?
_Andou fazendo sua lição de filosofia, doutor ? Bem, na verdade eu o fiz enquanto conversávamos.
Mais tarde, nos aposentos do capitão, os oficiais da Enterprise se reuniram para comentar (não comemorar) a missão cumprida. Entre goles de cerveja romulana e uísque do Tennesse, McCoy se aproximou de Spock e presenteou-o com um livro, um livro de verdade,em papel de algodão e impresso em alguma tipografia que resistiu a 300 anos de informatização. Havia apenas um cartão com uma dedicatória e um trecho ressaltado pelo marcador de feltro:

“Sempre achei você impossível, Spock, mas dessa vez você
conseguiu se superar em sua megalomania. Mas cuidado”

Leonard McCoy

O trecho marcado ia desde o capítulo inicial da história, e terminava em:

“Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer.”
Gênesis, 11,6

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