Blog, como virgindade, é coisa que dá e passa

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Adriana Lima, como a blogosfera, para todos os efeitos é virgem

Vendo a matéria na Revista Época, percebo que nos oito blogs indicados como os mais quentes, tirando o Alexandre, do Pensar Enlouquece, nenhum dos outros tem perfil de blogueiro profissional. O que isso representa para a blogosfera? Como podemos ter um ecossistema com excelentes blogs, sempre em renovação, mas nenhum blogueiro sofreu uma evolução pokemon se tornando um ProBlogger, vivendo de seus posts e artigos ? Equivale a um restaurante com excelentes pratos, sem nenhum chef.

Eu tenho uma teoria…

Primeiro vamos examinar os oito blogs quentes segundo a Época:

Três blogs são de jornalistas complementando suas áreas de atuação na mídia “de verdade”:

Um é um site de gracinhas sem qualquer feedback ativo dos leitores, o que para mim desqualifica como blog

  • Kibeloco <== ausência de link, fato significativo

(mais sobre minha posição oficial sobre o Kibe em um futuro post. Adianto que concordo 100% com Mr Manson e vou além.)

Outro é um site com zilhões de dicas, um excelente fórum e uma parte de blog que não representa 1% do Iceberg, o shopping e os fóruns é que são o quente.

Um site de humor com várias seções, que foi reduzido a um blog com contribuições eventuais E ponto de lançamento de campanhas virais da agência onde Mr Manson está empregado. As ótimas iniciativas se foram, como o programa de rádio (antes de ser moda batizar de podcast). Admiro a forma como abafaram as desavenças internas, mas a simples ausência dos colaboradores já denuncia tudo. O site morreu, vive apenas de inércia.

Com isso, dos “oito mais quentes” sobraram DOIS blogs ativos:

Desses, o Marco Aurélio só criou vergonha na cara e voltou a escrever agora. Já o Inagaki continua firme e forte.

Os leitores do Jesus, Me Chicoteia foram, inclusive, literalmente abandonados mais de uma vez, primeiro quando o Marco Aurélio arrumou uma namorada, depois quando arrumou um emprego. A impressão que passou era que um blog com 100 mil acessos diários não significava nada, ele não se sentia minimamente responsável por sua base de leitores. Clássico caso de blog-como-terapia.

Faltou ao Jesus, Me Chicoteia PROFISSIONALIZAÇÃO.

Não confundam com profissionalismo, aposto que se estivesse sendo pago para blogar ele cumpriria os prazos à risca. A questão é que o blog em si não é visto por ele e nenhum dos envolvidos como um FIM, sim como um MEIO. Nunca cogitou que seu material era bom o bastante para ser monetizado, só recentemente aderiu a um ou outro banner. MESMO na fase em que admitia passar por dificuldades financeiras.

NOTA

Não acompanhei o Pensar Enlouquece, reconheço a falha, por isso não estendam minhas generalizações a ele, por favor

Sei que a metáfora soará meio gay, mas eu vejo que os blogueiros enxergam sua condição como uma lagarta, que depois de uma certa quantidade de visitas / notoriedade, sofrem uma metamorfose e se transformam em uma linda borboleta, batendo asas em uma mídia “de verdade”.

Por isso não temos grandes blogueiros, e sim grandes profissionais de outras áreas que têm excelentes blogs, ou na melhor das hipóteses “gente que começou em blog”, como o Mr Manson.

Nós temos o Noblat mas não temos a Wonkette. Correspondentes de blogs que não tenham a cara-de-pau do Borbs ainda ficam intimidados em entrevistas coletivas, isso quando conseguem credenciais.

O sonho dourado de nove entre dez blogueiros que se dizem candidatos a ProBlogger é ganhar para escrever, mas nem passa em suas cabeças que sejam em blog. Aquilo é uma vitrine, nada mais. Um jeito de aparecer e receber o famigerado “convite”.

Uma realização para um blogueiro é alcançar a legitimidade de publicar um livro, mesmo que atinja um público algumas ordens de magnitude que seu blog.

Maddox, do Best Page In the Universe tem um bom texto onde comenta de seu sonho frustrado de ser radialista, até que percebeu ter mais audiência do que qualquer rádio.

Acho que nem a Maior Mente Empresarial da moderna administração brasileira, o Grande Líder da Silva, imagina crescer a Companhia a ponto de um FuckedCompany ou um John Dvorak. Mais ainda, não creio que ele sequer planeje o que fazer caso isso aconteça, à revelia.

Como ele disse, é “ganhar para o que se faria de graça”. Perfeito, mas e se “der certo”, o que se faz? Ninguém por aqui pensa nessa possibilidade.

Algo no inconsciente coletivo brasileiro nos torna muito, muito conservadores. Como nossos avós, que achavam que havia 4 profissões válidas: – Médico, Engenheiro, Advogado e a profissão deles – o moderno blogueiro, por mais que tire um trocado no AdSense, não imagina viver de seu blog.

Uma prova disso é a ausência de empresas especializadas em blogs profissionais, como o Weblogs, Inc. Ou o OSTG, grupo que comprou o Slashdot.

A conclusão que chego é que não há nenhum blogueiro profissional no Brasil apenas porque ninguém nunca realmente acreditou na possibilidade de existir tal figura.

Por incrível que pareça, isso é muito bom, principalmente para quem chegou tarde na Blogosfera. Afinal, não é todo dia que se encontra uma mídia com mais de dez anos de idade, completamente virgem de profissionalização.

É possível unir a experiência adquirida em várias outras mídias, produzindo um material de excelente qualidade, literalmente forçando a profissionalização dos blogs goela abaixo de nós mesmos que não acreditamos nela. Isso dará algo para os outros blogs se espelharem, legimitidade à mídia e dim-dim no nosso bolso.

Imagine, é o começo da Internet, só que dessa vez nós sabemos o que virá adiante. Uma oportunidade dessas não acontece todo dia.

Vai deixar passar? Eu não.


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