Há um fenômeno no mundo dos blogs que passa quase despercebido: a propaganda eleitoral. Felizmente os políticos são retrógrados demais para pensar em propaganda política gratuita online, ou já teriam processado o Google exigindo isso também.
Por enquanto o que há é a propaganda paga, e bem paga. Textos sobre política como este geram um excelente CPM no AdSense. Há candidatos anunciando direto. Faz sentido. Internet é uma mídia barata e atinge um público qualificado.
Em teoria, bom para todo mundo, mas e os blogueiros com uma fonte de renda fora do blog? Esses podem se dar ao luxo de defender ideologias. Como fica um blogueiro petista de carteirinha vendo anúncios do Alckmin em seu site?
Eu já ensinei como filtrar anúncios indesejáveis, a mesma técnica pode ser usada para anúncios políticos, mas quem tem tempo? Você só vai descobrir depois do anúncio veiculado.
Isso acontece muito. Tenho um post antigo onde mostro uma foto de um curso de inglês que não sabe escrever teenager. O serviço de anúncios contextuais do Google publica propaganda de tudo que é curso possível, que são natural e injustamente associados ao curso analfabeto. O Google também não sabe (ainda) se você está falando mal ou bem de algo. Por isso tantos anúncios da Microsoft em páginas sobre linux.
No caso dos anúncios políticos a situação piora. Se eu quiser proibir todas as propagandas da Heloisa Helena em meu blog, teria que procurar pelos milhares, digo, alguns sites que porventura queiram gastar dinheiro em sua candidatura. E nada impede que novos sites sejam criados, novos banners adquiridos e o processo se reinicie.
O consolo é que não estamos fazendo propaganda de graça. Quem tem um site grande com certeza faturará uma grana, com esse inflacionada do mercado. Um site famoso, de discussões políticas que anuncie no Google e tenha muito conteúdo deve estar se fazendo, como os sites de esporte na Copa do Mundo. Se eu fosse inteligente, teria projetado um site desses alguns meses atrás.
Para o dono do blog, a velha pergunta: você SE SENTE responsável por tudo que aparece nele? Se eu ler um anúncio falando mal da Luciana Vendramini em seu blog, posso me sentir no direito de pedir que você o bloqueie? E se for um anúncio de bebidas, ou um anúncio político de um candidato que não me agrada?
Até onde você está disposto a ir? Onde fica a linha entre ideologia, bom-gosto e censura pura e simples?
Usando como exemplo o meu caso, os sites bloqueados o foram por um motivo objetivo: pagam mal. Não é algo subjetivo como “questiono o modelo de negócios dele” ou mesmo “não gosto”. Meu desafetos são inclusive bem-vindos para anunciar aqui. Basta que paguem um valor decente por clique.
Nada impede, entretanto, que um blogueiro mais consciente forme uma lista negra de anunciantes que o desagradem ideologicamente. Como diria o Capitão Planeta, o poder é de vocês. E essa é a grande graça dos blogs. O Veríssimo, o João Ubaldo Ribeiro e sequer o Agamenon Mendes Pedreira possuem qualquer influência sobre a publicidade nos veículos que publicam suas crônicas. O mais humilde blogueiro tem mais controle sobre a sua mídia que os maiores cronistas nacionais. A Veja muito provavelmente não comunica ao Millor qual anúncio será veiculado na página ao lado da sua, muito menos o faz pedindo aprovação.
Em um blog, a banda toca de uma forma completamente diferente. Os anunciantes devem ser honestos e respeitar não só os termos do agenciador, como os termos do blog, sob pena de sumária, completa e irreversível execução.
E ainda tem gente que não entende a graça de ser blogueiro profissional…