Necrópsia da Cicarelli

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Duas semanas após o bafafá todo em cima do tal vídeo, podemos analisar com calma os resultados do primeiro grande escândalo sexual da Internet brasileira.

Quem investiu em posts sobre o assunto teve uma visitação muito acima do normal, caso estivesse no radar do Google. Ainda hoje tenho reflexo disso, sem contar os novos leitores.

No auge cheguei a mais de 10 vezes o tráfego normal, o que me salvou foi o WP-Cache, plugin do WordPress.

Em essência 100% desses novos visitantes procurava (e ainda procura) pelo vídeo da Cicarelli. É um choque de realidade e uma bela lição aos geeks.

Somos minoria. A Internet não é mais nossa. A grande e absoluta maioria dos usuários não conhece palavras como Kazaa, eMule, eDonkey, Bit Torrent. É gente que não consegue usar o Rapidshare, não entende o conceito de ler comentários, muito menos sabe usar o Google para nada além do básico.

YouTube, GoogleVideo, DailyMotion? Desconhecem.

Ao criarmos nossas páginas cheias de recursos, feeds, botões mágicos, Technoratis e tags, temos que ter consciência de que não estamos atingindo esse público. Nossas páginas com links de YahooNews, Google Reader, Roxio, parecem grego para o visitante normal.

O usuário normal é aquele que fala da “Internet de seu computador” e não compreende sequer as limitações da ferramenta que utiliza. A maior parte dos desesperados atrás do vídeo da Cicarelli insistem em pedir o vídeo por email, mesmo sendo dito que este tem 22MB. É gente que acessa de linha discada sem sequer saber o que são 22MB.

Uma vez, muito tempo atrás, me pediram para copiar o CD de clipart do Corel. E me deram uma caixa de disquetes. Expliquei que um CD comportava mais de 500 disquetes. O cidadão respondeu: “Vai copiando esses, vou conseguir mais”. Isso em uma época em que os HDs tinham 20 ou 30MB.

Dependendo do público que você quer atingir, mais é menos. Encher o site de penduricalhos não irá trazer benefícios, apenas confundirá seu visitante. Pense nos blogs simples, de duas colunas com texto em corpo grande. É um bom formato.

Evite ícones, a menos que sejam muito auto-explicativos. No nível de placas de trânsito. Aquela barra de ícones de sites sociais, como Flickr, Del.icio.us, Digg, não diz nada ao visitante leigo, na verdade só polúi. Mesmo tags náo trarão benefício.

Um recurso que funciona é o de Posts Relacionados, pois é auto-explicativo.

Notem, não estou dizendo que esses usuários são idiotas. Não é o caso. Eles apenas não estão familiarizados com a Internet como nós.

Como o Efeito Cicarelli mostrou, é um público muito grande, que está aí, basta apresentar o conteúdo correto, e eles virão. Quem quiser um nicho do tamanho de um bonde, é só produzir conteúdo para o visitante eventual. Mas nada no estilo tutorial, esse pessoal quer usar e não aprender Internet.

Difícil mesmo, para nós ratos da web, é produzir esse conteúdo sem abusar do jargão e dos penduricalhos que estamos acostumados a colocar nos blogs.

 

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