Entrevistas, Egomaníacos e a Síndrome do Peixe

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Outro dia uma leitora, que obviamente não entendeu que o blog fala sobre monetização e blogs com pretensões profissionais reclamou que só falo de AdSense e monetização. Quando demonstrei que isso era o TEMA do blog, ela tentou me atacar dizendo que eu estava sendo egomaníaco, ou algo assim.

É uma calúnia. Todos que me conhecem sabem que essa “fama” de blogueiro não me afetou, eu sempre fui egomaníaco. A diferença é que tenho um pé no chão. Uma coisa é você se autoproclamar o Primeiro ProBlogger do Brasil.

A outra é achar que isso vale alguma coisa.

Quando comecei meu estágio em propaganda no segundo dia uma enchente ilhou o Rio de Janeiro, cheguei meio-dia na agência, e não havia mais ninguém na Criação além de um diretor de arte, o venerável João Galhardo. O pessoal do Atendimento entrou correndo, era preciso sair com uma campanha em alguns minutos. João apontou (foi a primeira vez que falou comigo) “Você, senta aqui.” “Ma-mas… eu sou só um estagiário”. “De redação, não é? Então escreve.”

Ele pegava os títulos que saíam da máquina elétrica (computador? Quá!) rejeitava, sugeria, alterava, e em breve tínhamos em mãos um anúncio pronto. Cheguei na faculdade no dia seguinte, o pessoal não acreditou. COMO ASSIM SEU PRIMEIRO ANÚNCIO FOI UMA PEÇA DE JORNAL DE PÁGINA INTEIRA?

Eu ri, esnobei, bebi, comemorei, mas não tirava da cabeça uma lição aprendida com o Mílvio, redator da Artplan e professor da ESPM:

O anúncio lindo, maravilhoso, genial, digno de Leão que você fez ontem, amanhã estará embrulhando peixe na Praça XV.

Da mesma forma a matéria do jornal, com foto, uau, Cardoso é o máximo, bla bla bla, vai forrar gaiola de passarinho, e não fará a menor diferença para o leitor. Se eu publicar um texto ruim vocês vão reclamar, e se eu responder “ah, mas eu saí no Dia” receberei um “foda-se” como resposta, e merecido.

Não é O Dia que visita o blog, não é o IDG que deixa comentários, não é nem o BlogBlogs que me linka no Technorati, e para os blogueiros que apontam links para cá, onde e quando eu exibi minha careta não tem a menor importância.

Você pode e deve brincar com seus 15 minutos, mas nunca leve a sério, muito menos acredite que você é melhor que alguém por ter seu nome impresso em papel. O Maddox, do Best Page in the Universe conta que foi rejeitado em várias rádios, e queria muito trabalhar com isso. Um dia, depois do site de vento em popa, percebeu que tinha mais audiência que qualquer rádio, controle total e uma senhora liberdade.

Isso não tem nada a ver com humildade, é simples pragmatismo.

Concentre-se no que você vai escrever hoje, o que você fez ontem não importa. Dormir sobre os louros além de desconfortável é coisa de boiola, e para completar, quero lembrar que nenhuma mulher, na História da Humanidade, reagiu diante de uma broxada com “Tudo bem, ontem você foi ótimo”.


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