No início dos tempos (ou começo dos anos 90, dá no mesmo) antes da Internet, quando nos maravilhávamos com fotos educativas de 320×240 em formato GIF, surgiu uma mídia revolucionária. Ou melhor, uma mídia que prometia revolucionar a forma como consumíamos informação:
Era a Revista em CD-ROM.
No Brasil chegaram a lançar várias, sendo a primeira a Nautilus.
Vinham textos, musicas (em wave) vídeos (em um AVI safado que parece pré-histórico diante dos Divx de hoje), áudio de entrevistas, imagens, tudo em uma interface construída com o Toolkbook ou outro programa de fazer apresentações multimídia.
Essa aliás era a palavra-mágica. O futuro seria multimídia, a multimídia iria mudar a forma como consumíamos informação! O hipertexto então… uau! Algumas dessas revistas tinham links entre as matérias, veja só!
O que aconteceu, entretanto, foi que a aceitação das revistas em CD era mínima. Muito pouca gente sequer tinha CD-ROM em casa. O meu primeiro kit (na época era chamado Kit Multimídia) com uma Soundblaster Pro e um CD-ROM 2X com caddy custou US$600,00, na mão de um muambeiro de confiança!
Se hoje em dia ProBlogger que é ProBlogger já tem que se virar, pois não existem tantos internautas assim, imagine numa época em que ninguém tinha micro e menos de 1% de ninguém tinha CD.
Para piorar, quando os CD-ROMs começaram a ficar baratos e populares, a Internet surgiu, e a idéia de pagar (caro) para ter uma revista em um CD se tornou… estranha.
Havia uma possibilidade de manter a popularidade das revistas em CD: Muito conteúdo. Problema? Produzir conteúdo original custa caro. É difícil você conseguir conteúdo bom, ainda mais em quantidade. E dentro do prazo necessário para uma revista, mesmo que bimestral.
Logo, as revistas em CD no máximo poderiam oferecer conteúdo reciclado. E por mais que a banda larga não estivesse disseminada, ainda era melhor procurar no cadê ou no BOL por uma notícia interessante, ou usar o Napster para baixar uma música, do que pagar por algo velho e rodado.
As pessoas estão dispostas a pagar por conteúdo. Basta ver as filas dos cinemas, as livrarias e bancas de jornal. O que elas não estão dispostas é a pagar se tiverem uma alternativa gratuita razoável. Se os vídeos do Bit Torrent tivessem a qualidade dos vídeos do YouTube a pirataria seria zero. Da mesma forma, os livros disponibilizados na Internet afetam muito, muito pouco as vendas, pois uma das coisas mais incômodas que existe é ler um livro em um computador.
Hoje temos uma febre na Internet, estão prevendo a morte do CD, a morte do DVD, a morte da mídia física como um todo.
Não vai acontecer.
A situação é diferente. Os estúdios, que não são bobos, e a indústria de eletro-eletrônicos, que é menos boba ainda, estão oferecendo um diferencial: Qualidade.
Na civilização temos TVs de alta definição e HD-DVD. Agora que começou a ser confortável baixar um episódio de TV, com uns 400MB de tamanho, as transmissões em alta definição tornam esse arquivo muito, muito maior.
Para baixar uma temporada inteira de uma série em alta definição, você gastará semanas, sem contar o espaço em disco. Não é mais fácil ir em uma locadora e alugar a temporada?
A idéia de que a disponibilização de conteúdo online irá matar a mídia física é mera utopia. Conteúdo online e os joosts da vida existirão, mas serão algo restrito a uma minoria. Ainda vamos passar um bom tempo tendo que queimar a mufa pensando em onde guardar todos aqueles discos.
Ao menos enquanto não pudermos baixar de forma instantânea o equivalente a um HD-DVD.
E por falar em HD-DVD…
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