Ontem Banido, Hoje Viral

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Agora que virou modinha fazer “marketing de guerrilha” as agências mais preguiçosas estão subindo seus comerciais para o YouTube, cobrando uma baba pelo complexo serviço e os anunciantes ainda ficam felizes, pois podem soltar press releases falando de sua “iniciativa viral”.

Pombas, nem todo comercial é viral. Desculpem, mas o conceito de viral sequer é originário ou relativo à publicidade, e sim à forma de propagação do material. Propagação essa que não pode ser controlada pelo anunciante ou pela agência. No máximo você pode tentar induzir um comportamento viral, mas não há garantias.

Este site, o http://www.beachshowercam.com/ é um que está sendo vendido como “viral”. É uma propaganda do Axe, onde você escolhe a temperatura do chuveiro na praia. Se escolhe “muito quente”, coisas interessantes acontecem. Ao menos interessante para 99% e pelo menos 50% das mulheres, ou 95%, se elas estiverem bêbadas. (sim, rola velcro)

É legal? É. Tem um comportamento viral? Não. No máximo se parece com aquelas doenças chatas que dão em um grupo de índios perdidos na Patagônia Setentrional. Você escuta falar, mas não se entusiasma.

Não podiam ter lançado como “uma brincadeira legal da Axe”? Eu acho que o público está se cansando. Se tudo é viral, qual a graça?

O que vejo em um viral de sucesso: Um filme/texto curto, em geral baseado em humor ou um fato inusitado, que gera o sentimento “quero que outros vejam isso”. Não há nenhuma ação do vírus para isso. Ao contrario dos scams, spams e hoaxes, não há necessidade de “envie este vídeo super-legal para dez amigos…”. Você faz isso naturalmente.

Os bons filmes virais inclusive reservam o produto para o final, não há saturação da marca. Não fica aquele ar de “propaganda”. Isso ajuda muito a convencer os usuários mais chatos com a idéia de passar adiante o comercial alheio.

O termo “viral” aliás está substituindo outra palavra-chave para a divulgação de comerciais: “Banido”. Sério, procure no YouTube, há toneladas de comerciais perfeitamente legítimos marcados como “banned”. Pombas (de novo). Será que as pessoas só vão ver algo se for marcado como banido, proibido, censurado? Não creio.

As assessorias deveriam diminuir o fogo das “campanhas virais” pois a taxa de fracasso é muito alta. Já vi “virais” com menos de 1000 visualizações no YouTube, filmes que literalmente imploram para que você os passe adiante.

Que tal, ao invés de um viral que não vai funcionar (virais bons e eficientes exigem gente esperta por trás, e isso custa dinheiro) você não sobe seus comerciais, decentes e honestos, sem ficar alardeando campanha de marketing talibã terrorista multi-guerrilheiro que tomará de assalto a Internet blogosférica?

A www.nomer.com fez isso, com este simples e simpático comercial, usando a Luciana Vendramini. Funcionou? Acho que o bastante para chamar minha atenção, ao contrário da maioria dos virais “sensacionais imperdíveis você tem que ver isso”.

 
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