Jabá com imunidade diplomática

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Esses dias um amigo me mostrou seu último empreendimento, o www.ouvindo.com, um blog voltado para resenhas de Cds e bandas. Obviamente ele termina cada resenha com links para o Submarino. É normal, o Judão faz isso direto com filmes.

Reparei que isso de forma alguma me incomodou, e não incomoda praticamente ninguém. É perfeitamente “natural”. Já blogs que fazem resenhas e não explicitam a origem do material são tratados como leprosos. O MrManson foi criticado por ter feito um trabalho aboslutamente legítimo de cobertura da Fashion Week. Blogueiros que publicam posts pagos sem explicitar a origem dos mesmos arriscam perder toda sua credibilidade. (OK, nesse último caso eu concordo plenamente)

Só que pombas, qual a diferença entre um post falando bem de um celular (como o que farei sobre o N80) e um post falando bem de um CD?

De onde veio essa percepção de que é kosher vender discos via post mas não é para softwares, hardwares e serviços? Se eu fizer um post falando das maravilhas do atendimento da Telemar (por isso não posto bêbado) um monte de gente vai aparecer dizendo que é pago, que eu virei bitch da Telemar, etc. Se fizer um post falando do excelente CD do Evanescence, com direito a link de afiliado, no máximo alguém vai dizer que a banda é ruim, que a vocalista é louca, etc. Dane-se se é doida, adoro aqueles olhos.

CDs e DVDs gozam de imunidade diplomática. MESMO o mundo da música sendo movido à jabá, às vezes descarado, como o iPod que a Warner mandou pros jornalistas, “divulgando” o CD da Maria Rita. Seja o Jabá passivo (a gravadora que manda um mimo caro ao jornalista) seja o ativo (a rádio que cobra para tocar uma música) nada sai de graça.

Já nos blogs, quando a Microsoft mandou notebooks com Vista para alguns blogueiros (o meu deve ter se perdido no correio) mesmo explicitando que o presente deveria ser público, e que sequer o blogueiro estava obrigado a fazer uma resenha, foi atacada de todos os lados, inclusive por alguns ingratos que receberam o bicho.

De onde surgiu essa distinção especial para discos e filmes? Eu não sei. Já queimei a mufa tentando entender a cabeça do público, mas não consegui chegar a uma conclusão. O mais próximo de uma teoria é que talvez a percepção do público é que material de entretenimento não seja “sério” o bastante, então não é preciso cobrar uma postura de ética e comprometimento com a Verdade, como nos outros casos.

Faz sentido? Não sei, mas é o melhor que posso fazer. Alguém tem alguma idéia melhor?

[atualização] Para vocês verem como o efeito “imunidade” funciona. Eu esqueci COMPLETAMENTE dos livros, ainda bem que fui lembrado, pelo Ronaldo Camacho. Há gente que sistematicamente publica resenhas de livros, com links de afiliados, e nunca, nunca vi um texto desses ser questionado. Nem o fato de nunca aparecerem resenhas ruins. E agora, Bial?



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