Imagine o que o Estadão pensa dos portais

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A mídia tradicional não acredita na Internet, se sente às vezes obrigada a investir nela, mas o faz com plena certeza de que Internet é algo no mínimo menor. E É. No momento O Maior Blog do Brasil segundo o Ranking Cardoso da Blogosfera não arranha a cobertura de um Jornal Nacional, uma Folha de São Paulo, ou mesmo o Programa da Hebe. Mesmo assim, se for pra investir seria melhor que não o fizessem com má-vontade. Só que o preconceito não vem só das organizações, malvadas e sem-rosto.

Digamos que na cadeia alimentar dos jornais e dos jornalistas, Internet é terceiro escalão, fica abaixo mesmo dos Jornais de Bairro. Isso faz com que em sua maioria dos profissionais mais experientes não queira trabalhar na área, e mesmo os mais novos, assim que se destacam são arrastados para o jornal “de verdade”. Arrastados com um belo sorriso no rosto, pois o próprio profissional não enxerga a Internet como um fim, no máximo é um “estágio estendido” até poder fazer jornalismo de verdade.

Para piorar os portais são os que mais sofrem com isso. Convenhamos, entre trabalhar na Folha ou no Terra, onde você prefere? Se for nas condições atuais, eu escolheria a Folha, sem piscar duas vezes. Setor de jornalismo de portal é encarado como despesa. Precisam depender de agências de notícias, estagiários e gente que comete erros primários, gente que comete barbaridades que ninguém veria na mídia convencional. Se uma besteira dessas passa em um jornal de verdade, não roda só o foca, vai um grupo embora junto.

Há gente que viva de catar barbaridades encontradas em portais. Eu mesmo já publiquei uma penca delas que achei por aí. O responsável pelas matérias não se dá ao trabalho sequer de pensar. É tudo feito na base do “de qualquer jeito tá bom”. O senso crítico, que cobro dos leitores, é ausente por parte dos portais. Vejam por exemplo a imagem abaixo.

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Segundo a legenda neste post do YahooNews, a mulher está mostrando duas balas que atingiram sua casa durante um tiroteio, no Iraque. Será que o estagiário simplesmente formatou e clicou “publicar”? “não ganho pra isso” é insuficiente pro sujeito se mexer e dizer “ei, um momento, essas balas não foram disparadas, essa notícia está errada”?

Não há um editor, responsável por verificar o conteúdo? Como os portais querem conseguir um mínimo de credibilidade assim? Apenas republicando material das agências de notícias, sem um mínimo de discernimento e senso crítico, estão dando munição para que blogs os sacaneiem, e garantindo menos uma fonte de concorrência para a Velha Mídia.

Logo os portais perceberão que os blogs estão comendo seu espaço, e mesmo com grandes nomes por trás, os leitores continuarão insatisfeitos. Não adianta você ter um “CardosoNet News – by Washington Post” se quem edita as notícias é o irmão mais burro do Forrest Gump. Esses leitores tendem a migrar para blogs, onde têm a opinião, e pra mídia tradicional em sua versão online, onde acham a notícia escolhida com discernimento.

Os portais tem, então, duas possibilidades. Em uma delas prestigiam, investem e criam um ambiente onde o profissional de comunicação se sinta satisfeito e orgulhoso de trabalhar ali, onde ele tem poder de investigar, gerar conteúdo, tem verba para investir e produzir conteúdo original de qualidade, competindo com os blogs E com a grande imprensa, tendo o melhor de dois mundos: A Agilidade da Internet e a profundidade e credibilidade de uma matéria jornalística investigada com competência.

Isso, claro, em um mundo ideal. Na prática, acho mais provável que optem pela segunda opção.

Isso mesmo. Para vocês mais uma previsão do Pai Cardoso, anotem aí:

“Em um futuro próximo os portais atacarão os blogs independentes, culpando-os por sua perda de audiência e credibilidade.”


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