Bruno, eu estava fazendo SÉQUIÇO

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Os blogs apresentam uma característica única, talvez compartilhada com o rádio, que é a individualização da audiência. A televisão é naturalmente coletiva, mas o radinho (o equipamento, não a lista da Regina Duarte) é algo íntimo, o locutor fala direto na sua orelha, portanto ele está falando para você. “querida ouvinte” no ouvido da Maria é quase um convite ao amor. Por isso radialistas recebem, proporcionalmente, muito mais convites e propostas indecorosas que apresentadores de TV.

No caso dos blogs, o sujeito está em casa, de noite, nos lendo, e a interação também parece ser pessoa-a-pessoa, dada a nossa informalidade (exceto os blogs da blogosfera intelectual).

O lado ruim é que quando o leitor é meio perturbado, ele entende TUDO como direcionado exclusivamente a ele. Literalmente apaga os outros leitores, e aí não importa se são outros 5 ou outros 5 mil.

Eu mordi a língua, uma vez reclamei de uma ex que NUNCA lia meus blogs, nunca tinha tempo. Deve ser a mulher mais ocupada do mundo, nem a Benazir Bhutto é tão ocupada. Então resolvi fazer uma manutenção preventiva com uma ex que estava descobrindo a Internet (já havia chegado ao hotmail e ao orkut, mas não ao MSN).

Essa, achava que TUDO que eu escrevia era em relação a ela, para o bem ou para o mal, assim me mandava emails psicóticos uma hora se derretendo e outra hora me xingando, dependendo do post. Tive que dizer com todas as letras “acorda, Alice, você não é nem de longe importante assim”.

Quando deixava um comentário e este caía em moderação, era um auê.

Só que isso não se restringe a exes.

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É, infelizmente, comum. Visitantes de primeira viagem, comentaristas que não estão acostumados com blogs, quando se deparam com a moderação do WordPress, ou do Blogger.com, ficam irados. Vejam o exemplo do Bruno, abaixo: Ele deixou um comentário, que foi moderado AUTOMATICAMENTE pelo WordPress.

Inconformado, soltou o verbo.

Então, vejamos como funciona a coisa:

O Bruno, no alto do seu direito constitucional, democrático e pluralista de falar mal de mim no meu blog, usando meus recursos e em última análise às MINHAS custas, escreve um comentário, 11 e quarenta da noite.

Eu, ProBlogger malvado filho da puta cruel ditador e reacionário (ou Cardoso, pra encurtar) fico, em meu QG, monitorando CADA comentário postado, em tempo real. ASSIM que o comentário é enviado, eu o leio, e dentro da mesma sessão HTTP, desvio a resposta, enviando o comentário do BRUNO, especialmente esse, para a tal da MODERAÇÃO, um Inferno da Terra de onde nenhum comentário jamais voltou.

O Bruno recebe uma resposta de que “seu comentário foi moderado”, e entende que não é bem-vindo, nem suas opiniões. Irado, deixa OUTRO comentário, que também é moderado.

Esse Cardoso é cruel demais, fica em cima do lance. Já os comentários de seus cupinchas e baba-ovos (termo genérico para designar quem discorde do Bruno e/ou concorde comigo em algo. Qualquer algo) são liberados.

Bruno, sua anta, vou explicar como se explicaria algo a uma criança retardada (o que, provavelmente, não está longe da verdade):

Eu não sei que você existe. Sério. Eu SEQUER tomo conhecimento da sua existência. Quando você deixa um comentário no meu blog (ou no de qualquer outro Cardoso) o processo é automático.

picture-3 Bruno, eu estava fazendo SÉQUIÇO

Seu comentário será colocado sob moderação SE preencher alguns critérios. No meu caso, se resume a ter mais de 2 links, ou você nunca ter comentado nada antes aqui.

SIMPLES ASSIM.

Eu recebo um email avisando de que há comentários moderados. Algumas vezes por dia eu abro o painel de administração, verifico os comentários, e os libero, exceto os spams e os com xingamentos gratuitos.

Só que eu NÃO VOU ficar o dia inteiro de babá de gente que não sabe como é que a banda toca. Quando você postou seu comentário, eu estava OCUPADO, Fazendo SÉQUIÇO, que é bem mais divertido do que comentar em blogs, você deveria experimentar algum dia. Mas com uma mulher, não com minha paciência.

Alguns blogs são mais radicais, exigindo que TODOS os comentários sejam moderados. Outros, sequer aceitam comentários. Ao fazer esse tipo de pirraça, o Bruno me torna mais favorável a esses modelos, ou até a algo mais radical ainda, o blog “por convite”.

Já imaginaram que paraíso seria, um blog com um grupo de leitores qualificado, só acessível por convite, salsinhas-free?

Taí uma boa idéia. Poderíamos abolir a moderação, liberar a postagem para os membros, e trocar idéias sem precisar se preocupar com paraquedistas xiitas.

Quem topa montar uma Maçonaria de Fãs de Blogs? (assim abrange o leitor e o autor, todo mundo se mistura)

Utopia minha? Talvez, mas imagino que os 95% de leitores qualificados que freqüentam esta baiúca também não se divirtam muito com os Brunos da vida.

DISCLAIMER Nenhum Bruno Torres ou Bruno Alves foi ferido na produção deste texto.

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