No Rock temos muito isso. Dos 14 aos 17 anos uma banda define uma vida, o pessoal se veste de metaleiro, vai pra shows, diz que o o Iron Maiden é a razão de sua existência, etc. Na ficção científica há o fã que altera cirurgicamente as orelhas para ficar parecido com o Spock, há gente que anda de uniforme da Federação, ou gasta US$10 mil fazendo uma fantasia de StormTrooper.
Há gente que de forma quase inconveniente enfia citações à Luciana Vendramini em tudo que escreve.
Mas… e quando o alvo do fanatismo (nos dois sentidos) não é nada “grandioso” como a Luciana Vendramini?
Na Web temos o fenômeno da Microcelebridade, é o “nossa, fulano veio no chopp”, ou o “caramba, você no meu blog!”. Com a facilidade de exposição (a criação de textos sempre foi fácil) mais gente tem acesso ao que escrevemos, mais gente se identifica, e mais gente se torna “fã”.
A diferença é que enquanto as celebridades de verdade evitam endossar celebridades menores, na Internet a diferença entre uma microcelebridade e outra é apenas o nicho. Nenhum dos leitores da Marimoon sabe que eu existo, a maioria dos meus leitores sabe que ela existe mas prefere esquecer, e nenhum de nós dois tem qualquer influência junto aos leitores do Gustavo, por exemplo, que é uma espécie de Cidadão Kane da Casper Líbero.
A liberdade que perceber isso dá, é que não há necessidade de se assumir como celebridade e agir como estrela, exceto para os babacas que esperam isso da gente, como quando escrevo “eu, o maior blogueiro brasileiro de todos os tempos” e aparece gente levando a sério.
Não estou dizendo que não existam as Celebridades de Internet. Quanto saio na Folha ninguém fala nada, mas quando participei do Nerdcast recebi pencas de emails comentando. Essa semana, no bar, até o Maestro Billy encheu de elogios o Nerdcast. Mas são excessões exceções (obrigado, Leandro). Hoje as microcelebridades contam com públicos bem menores.
É um fenômeno impossível para a grande mídia, ninguém se sustenta no ar com 200 ouvintes / leitores / espectadores. Mas na Internet, bem… 200 leitores fiéis é mais audiência do que 99% dos blogs jamais conseguirá.
No campo da música, por exemplo, só vemos gente declarando publicamente amor por bandas consagradas. Ninguém exalta as qualidades de uma banda totalmente desconhecida, com medo do “nunca ouvi falar, deve ser um lixo”.
Já nos blogs, ninguém tem vergonha de ler um blog pequeno e comentar, nunca vi um blogueiro, mesmo os mais bem-ranqueados ficar regulando comentário. “não vou tranferir prestígio comentando em blog pequeno”. Isso não existe. Blogueiros Top, como qualquer leitor, possuem uma lista de blogs pequenos, médios e grandes que freqüentam. São arquivados na categoria “blogs bons”.
Nota: Nunca diga que você não divulga os blogs pequenos que lê, para que eles não cresçam e fiquem ruims. O Cris Dias vai achar que é a sério.
O fenômeno mesmo aqui é que da mesma forma que não há valor mínimo de leitores para alguém se tornar microcelebridade, não há valor de leitores acima do qual alguém não possa agir como microfã.  A maioria dos blogueiros que conheço “paga pau” para algum blog desconhecido. Ontem mesmo o Gustavo lá de cima (2 links no mesmo texto não, olha o abuso) falou sobre uma amiga dele, que faz um blog semi-miguxo excelente, para a Capricho. Ou seja: Um modelo de blog que ele NÃO CONSOME, em uma linguagem que ele não é fluente, mas bom o bastante, dado o público a que se destina, para ser elogiado em uma mesa com alguns dos maiores blogueiros do país, eu e o Inagaki. (o pessoal que me leva a sério demais vai soltar taaaaanto veneno depois dessa…)
Ao mesmo tempo em que todos são irrelevantes, ninguém é irrelevante nessa tal de Internet. Dá para ser feliz sendo fã de um blog que ninguém lê, assim como dá para ser feliz escrevendo um blog para somente um leitor, mas entre ser microcelebridade e microfã, prefiro o segundo, pois não tem os 15 minutos de validade da microcelebridade.