Marcos Gutterman, para quem não sabe, é editor do estadao.com.br e curiosamente, tinha um blog. Não um blog “de raiz”, já que estava intimamente associado ao estadão, mas tinha um blog.
O problema é que por ser figura pública (como todo blogueiro) seus detratores não mediam palavras ao atacá-lo. E dado o sobrenome, o antisemitismo corria solto. Judiaram tanto (eu sei) do sujeito que ele acabou sendo forçado a acabar com o blog e emitir o seguinte comunicado:
Infelizmente, por causa do meu sobrenome e da minha religião, muitas
pessoas apareceram por aqui para ofender os judeus, mentir sobre o
Holocausto e desejar o fim do Estado de Israel. Agüentei o quanto pude,
mas, em nome da memória de meus avós, decidi que já tive o bastante.
O que me revolta é que se ele se chamasse Marcos Silva, ou Marcos London, ou Marcos Berlim, nenhuma de suas atitudes ou opiniões seria associada ao semitismo sionista judaico-israelense. Essa esquerda raivosa liberal (no sentido americano) adora criar grupos-alvo. Se o cara fala algo que não gostam, eles catam o sobrenome. Se é “Binder” ou algo assim, ah, está explicado, ele é parte da conspiração sionista. Se o cara não é negro/mulato, é parte da Elite Branca. Se não trabalha em chão de fábrica, é “burguês”.
Nota: Um bom texto sobre esse comportamento da esquerda raivosa pode ser lido aqui no blog do Mr X.
Comportamento anti-semita gratuito, assim como qualquer comportamento racista gratuito me lembra nazistas, e como Indiana Jones, eu também odeio esses caras. Nos anos 80 quando o Queen estava no auge eu comentava que gostava do Freddy Mercury, que ele cantava muito bem. “ah, mas ele é gay”. Eu perguntava no que isso afetava a música, concediam que em nada, mas sempre caíam no “mas ele é gay”.
O outro lado também enche o saco. Com a recente morte de Sir Arthur Clarke, vários sites do movimento gay resolveram se apropriar do presunto, tratando-o como o Grande Escritor Gay de Ficção Científica.
Da mesma forma eu pergunto: Em que isso afeta a escrita? Em que dizer que ele era gay ou não afeta sua obra?
Eu tenho um GRANDE preconceito, e me orgulho dele: Odeio burrice, odeio ignorância. Em todas as suas formas. Atacar o Marcos Gutterman não por suas idéias mas por ser judeu é de uma ignorância atroz.
O pior, os imbecis covardes que adoram agredir figuras online, protegidos pelo anonimato o fazem de forma sistemática. Já vi gente me atacando por estar gordo, como se isso afetasse meu texto. A Fabiane, do MeioBit já
foi agredida FEIO por leitores, dizendo que ela era burra por ser mulher, que deveria ficar na cozinha, etc.
A blogosfera, infelizmente, não é lugar para gente com casco fino. Ou você tem excelentes escudos, sabe se defender ou sente-se tão superior que essas agressões idiotas não fazem nem cócegas, ou você cai fora.
O Marcos pelo visto não estava acostumado. É compreensível. Aqui na blogosfera, judaica ou não, enfrentamos uma Masada por dia. Na mídia online tradicional, assim como a mídia impressa, o feedback é limitado. Isso é ruim por vários motivos, mas é bom por limitar o acesso aos trolls.
Espero sinceramente que ele reconsidere, e efetivamente volte a blogar. Se ele foi tão atacado, está incomodando, e gente que incomoda faz sempre falta, judeu ou não.